Programação Orientada a Resultado: a melhor forma de validar seu negócio

Saiba tudo que você precisa fazer antes de começar a investir na sua ideia

Digital Labs
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9 min readDec 5, 2017

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Nós já contamos como começamos a construir nossas aventuras por aqui, explicamos com mais detalhes o que é uma startup de verdade, ajudamos a pensar o que você pode fazer para ter uma ideia bilionária.

Agora, vamos falar sobre um dos tópicos mais frequentes no dia a dia de uma startup: a validação do negócio.

Como já falamos em outro artigo por aqui, mais do que criar produtos e transformar ideias inovadoras, o foco dos envolvidos em uma startup deve estar em encontrar um modelo de negócio economicamente sustentável. Na própria definição tínhamos a palavra "validação" presente, lembra-se?

Startup é uma empresa que está criando um produto ou serviço inovador, e que se encontra em processo de busca e validação de um modelo de negócio viável, repetível e escalável.

Pois bem, vamos então explorar o que é, ou deveria ser, essa famosa validação.

Começando bem do início, vamos considerar que você utilizou um dos mecanismos de idealização de ideias e teve a sua. Na cabeça do idealizador, a ideia sempre é uma ótima ideia, algo que vai revolucionar o mundo. Mas será que vai mesmo? Validar isso deve ser sua primeira preocupação.

Conhecendo mais sobre o cenário da sua ideia

Primeiro pesquise um pouco sobre ela na internet, o Google será seu grande amigo aqui. Existe um conjunto de perguntas e tópicos mínimos que você precisa conhecer antes de avançar. Aqui na Digital Labs nós seguimos um documento interno que criamos que basicamente aborda esses assuntos a seguir:

Definição

Se você tivesse que definir o produto em uma única frase, qual seria? Seja objetivo e simples. Lembre-se do que Albert Einstein disse certa vez: “Se você não consegue explicar algo a uma criança de 6 anos é porque você não entende do assunto.”

Problema/necessidade

Todo produto tende a resolver um problema ou atender uma necessidade. Neste caso, qual é a sua solução? O que ela resolve?

Ideia

Descreva sobre a ideia do produto. Não se prolongue muito, use no máximo 1 página. Uma dica: você já assistiu o TED do Simon Sinek? Busque se concentrar nas 3 perguntas "O quê? Como? Por quê?".

Público-alvo

Qual é o público que você quer atingir? Faixa etária? Sexo? Classe social? Empresa pequena ou grande? De qual segmento? Por favor, não cometa o erro de dizer que seu produto serve para todo mundo.

Mercado

Liste algumas informações relevantes sobre seu mercado, por exemplo: qual o tamanho do mercado possível de atingir? A Ace, uma das principais aceleradoras da América Latina, tem um artigo bacana sobre o assunto.

Concorrentes

Quais os principais concorrentes? Diretos e indiretos no caso. Novamente, por favor, não cometa o erro de dizer que você não tem concorrente. Pesquise mais, você apenas ainda não o encontrou. E se precisar de ajuda com isso, conheça o Relint, um dos nosso produtos em lançamento para identificar e monitorar concorrentes.

Modelo de negócio

Qual o modelo de negócio planejado? Não sabe muito bem as opções e modelos que existem? Nosso próximo artigo vai abordar isso, fique atento! (Ah, agora esse texto já saiu! Atualizamos e o deixamos aqui).

Legal, depois de tudo isso temos certeza que tudo vai ficar um pouco mais claro na sua cabeça sobre sua ideia inicial. Porém, temos uma notícia para te dar:

Você sabia que após suas pesquisas, levantamento de informações e definições detalhadas da sua ideia, você já poderá ter identificado itens que invalidam sua própria ideia?

Muitos poderiam encarar isso como uma notícia negativa, mas acredite, o quanto antes você descobrir, será melhor para você. Vai lhe poupar muita energia, tempo e dinheiro.

O problema que você está querendo resolver realmente existe?

Com a pesquisa então você identificou que parece ser uma boa oportunidade, pouca concorrência, grande mercado, e uma proposta de solução inovadora. Citando mais um aprendizado nosso:

Quando você pesquisa sobre uma ideia, normalmente você condiciona seus critérios de pesquisa, você é induzido a encontrar resultados que justificam sua teoria, e isso tende a aumentar ainda mais sua paixão sobre sua ideia. Mas muito cuidado! Nas próximas etapas as coisas ficarão mais realistas.

Todos sabemos que entre teoria e prática existe uma grande diferença. Então chegou a hora de sair do computador e ir para a rua.

Você precisa conversar com as pessoas sobre a sua ideia. Mas família e amigos não adiantam muito, ok? Por gostarem de você, eles não serão tão sinceros. Você precisa conversar com pessoas que fazem parte do seu público-alvo, pessoas que são potenciais clientes futuros.

Foque primeiro em entender se o problema ou necessidade que você está querendo resolver existe. Pergunte para eles se possuem esse problema, pergunte como eles resolvem esse problema hoje, pergunte se estão satisfeitos com essa forma atual, pergunte se existe algo que gostariam que melhorasse, pergunte se eles pagariam a mais por essa forma, pergunte se isso é um problema recorrente, prioritário ou algo que não os incomodam tanto…

O objetivo após todas essas perguntas com várias pessoas é que você valide se o problema que você quer resolver realmente existe e é encarado como algo prioritário por elas. Validação de problema é extremamente importante. Criar uma solução para um problema que pouca gente tem certamente não te ajudará a criar uma grande empresa.

Validando a proposta de solução

Problema validado? Agora é só começar a desenvolver o aplicativo ou plataforma certo? ❌ Errado.

Antes precisamos confirmar se a proposta de solução realmente atenderá ao seu público-alvo. E com zero linhas de código você já poderá aprender um pouco mais sobre isso.

✔️ Utilize ferramentas de prototipagem, ou melhor ainda, rabisque em um papel como seriam as telas e fluxo de navegação principal da sua solução. Não se preocupe com detalhes, foque na proposta principal da solução, aquela que realmente resolverá o problema em questão.

✔️ Apresente este protótipo (mesmo que no papel) para as pessoas, explique para elas o que você vem idealizando e principalmente: escute-as! Veja suas reações, veja o que não ficou muito claro, veja se aquilo os atenderia.

✔️ Volte para casa e aplique o aprendizado extraído destas apresentações em uma proposta de solução adaptada, faça um novo “protótipo” e volte para a rua. Busque amadurecer sua solução e sua compreensão do problema o máximo possível.

Metodologias e ferramentas

Talvez você esteja compreendendo os apontamentos acima, mas não sabe muito bem como fazer e precise de mais detalhes para dar os primeiros passos. Então, vamos citar algumas metodologias e ferramentas que talvez possam lhe ajudar.

Lean Startup ou Startup Enxuta

Livro escrito pelo Eric Ries, se tornou uma das grandes referências no cenário de startups. Ele traz o contexto lean e de experimentação para este novo mundo, abordando 5 principais tópicos:

  1. Empreendedores estão por toda parte.
  2. Empreender é administrar.
  3. Contabilidade para inovação.
  4. Aprendizado validado.
  5. Construir-medir-aprender.

Recomendamos a leitura desse livro.

Design Thinking

Design Thinking é o conjunto de métodos e processos para abordar problemas relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções. Seu processo pode ser dividido em:

  1. Imersão
  2. Análise e síntese
  3. Ideação
  4. Prototipagem

O livro que trouxe esta abordagem chama-se: Design Thinking. Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim das Velhas Ideias.

Google Design Sprint

Esse processo foi desenvolvido e anunciado pela Google Ventures, um braço do Google focado em testar e acelerar ideias que ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento. Em resumo, é um processo onde um grupo de pessoas se reúne por 5 dias para responder questões críticas de negócios através de design, prototipagem e teste das ideias com os usuários.

Nós ainda não utilizamos aqui na DL, mas parece algo interessante e que queremos experimentar em breve. Tem mais informações sobre isso aqui.

Programação orientada a resultado

Até aqui validamos nosso problema e proposta de solução, agora existe uma próxima validação importante: como conseguir extrair receita disso. As pessoas podem ter lhe falado que pagariam pela sua solução, mas acredite, falar é uma coisa, realmente pagar é outra totalmente diferente. Então não vamos cometer o erro de confiar apenas nas palavras, neste caso.

Sabe qual a melhor forma de investimento que existe? Investimento próprio? Investimento da família e amigos? Investimento de banco? Investimento de anjos? Investimento de fundos? Não, nenhuma dessas opções.

O melhor investimento possível é aquele que vem dos seus clientes.

Se você é da área de programação, deve estar acostumado com termos como “programação orientada a objetos”, “programação orientada a aspectos” ou até “programação orientada a gambiarra”… Então, lhe apresentamos agora a “programação orientada a resultado”.

Em uma conversa informal outro dia aqui na empresa, o Leon Klinke, líder da nossa startup Salus, brincou “Vamos fazer tudo em POD agora (programação orientada a dinheiro)”. E não o entenda mal:

Uma empresa não pode se mover apenas por dinheiro, mas sem ele, ela não conseguirá se mover.

O Salus em questão tem um propósito fantástico, levar saúde de qualidade a um preço acessível para toda a população. E aos poucos estamos fazendo isso, é extremamente gratificante ver alguns depoimentos de pacientes que só conseguiram ser atendidos como mereciam por conta do Salus existir. Mas existem alguns parâmetros no modelo de negócio dele que precisam (e já estão) sendo melhorados.

O ponto é que estamos fazendo estas validações antes de desenvolver qualquer feature ou novo produto. Só implementamos algo se alguém realmente vê valor suficiente e já esteja disposto a pagar por aquilo.

Temos um outro caso interno, uma nova ideia para o setor varejista, envolvendo big data e fidelização, que apenas estamos avançando conforme temos interagido com empresas e negociando já a contratação da solução.

Então, venda sua solução antes mesmo dela existir! Fácil? Com certeza não, mas se esforce para conseguir, só assim você já vai começar sua operação faturando e focado em construir uma empresa que consiga “parar em pé”.

Construindo seu produto mínimo viável (MVP)

Por fim, se sua solução envolve algo de tecnologia, agora sim chegou a hora de desenvolvê-la. Mas não cometa um erro comum também de muitos empreendedores: querer desenvolver a solução completa e perfeita logo de início. Você vai construir isso ao longo do tempo, não no primeiro momento.

E aqui entra um conceito famoso no meio de startups: MVP. Segundo a definição do próprio livro Lean Startup:

O MVP é aquela versão do produto que permite uma volta completa no ciclo construir-medir-aprender, com o mínimo de esforço e o menor tempo de desenvolvimento.

Gostamos desta definição também:

MVP é construir a versão mais simples e enxuta de um produto (ou parte dele), empregando o mínimo de recurso (tempo e dinheiro) e que entrega a proposta de valor principal da ideia.

Reparem nos termos que grifamos. É nisso que você precisa focar! Construir algo com o menor tempo e recurso possível, mas que já resolva, mesmo que de maneira enxuta, o problema que você está se propondo a resolver.

Vamos exemplificar? Talvez você já tenha visto estas imagens, mas vamos lá:

Exemplificação de um MVP

Para julgarmos a imagem acima, sobre o que é certo ou não no MVP, precisamos conhecer qual é o objetivo desta ideia, qual é a proposta de valor dela.

Vamos supor que neste caso o idealizador queria: “Construir uma solução que levasse uma pessoa de um lugar ao outro de uma maneira mais rápida.”.

O desenvolvimento tradicional nos diria para seguirmos a opção 1, construindo a melhor e mais completa solução. Um projeto que levaria meses/anos para ser concluído. Demanda muito tempo e recurso envolvido. E o que poderia acontecer lá na frente? Os consumidores poderiam não querer este produto, algum concorrente poderia lançar mais rápido e ir conquistando o mercado, e várias outras possibilidades que seriam ruins para o seu negócio.

Já com a opção 2, em cada um dos ciclos, o idealizador já entrega a sua proposta de valor. Com um skate ou com uma bicicleta a pessoa já consegue se mover de uma maneira mais rápida. E em cada uma destas iterações, o idealizador aprenderá mais com seus clientes, poderá ir extraindo receita e ir construindo uma melhor solução baseada em aprendizado real.

Vejamos agora a imagem 2, que diz que a imagem 1 está errada:

Outra exemplo do que é MVP

Reforçando, para julgarmos, precisamos conhecer qual é o objetivo desta ideia, qual é a proposta de valor dela.

Vamos supor que neste caso o idealizador queria: “Construir uma solução que levasse uma pessoa de um lugar ao outro, de uma maneira mais rápida, mais segura, coberta e automatizada”.

Neste caso, um skate ou bicicleta não entregaria a proposta, então não adiantaria lançar desta forma. Precisaria desenvolver um carro mais simples, como foi realizado no exemplo, e depois ir evoluindo.

Entenderam o conceito? Vale a pena conhecer alguns exemplos de MVPs famosos como da Zappos, AirBnb, Easy Taxi… e se inspirar neles.

Concluindo então:

Valide seu problema, valide sua solução e, principalmente, valide seu negócio, teste rápido, experimente muito, e oriente toda a sua programação a resultados.

E aí, gostou dessas dicas? Conseguiu aproveitar alguma coisa para o seu negócio?

Se quiser falar com a gente, dar sugestões ou tirar dúvidas, pode mandar um e-mail para contato@digitalabs.com.br, beleza?

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Texto publicado originalmente no blog da Digital Labs.

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