O Bum do Bumbum: Asafe Malafaia

Dimas Henkes
Bumbum
Published in
5 min readAug 6, 2020

Conheça a pesquisa afiada do DJ e produtor carioca

Natural de Campo Grande (Zona Oeste do Rio de Janeiro), Asafe Malafaia iniciou na carreira de DJ há 4 anos quando foi chamado para tocar no Baile Furioso, a convite do DJ, produtor e amigo Pininga. O fascínio pelos ritmos brasileiros, em especial o funk, é presente em seus sets em conjunto com outros ritmos latinos. Sua pesquisa musical foi aumentando ao passar dos anos e outros gêneros foram tomando forma em seus sets, como o Reggaton, Guaracha, Aleteo e Zapateo. Sua pesquisa é um prisma de todos esses ritmos.

Atualmente, o DJ é residente da Festa Lâmina, uma festa que fala sobre identidades, acolhimento e criatividade de uma onda nova de artistas cariocas, que experimentam e criaram um novo espaço sonoro e visual. A festa começou com um desapontamento da cena carioca em geral, que se tornou um forte e novo movimento de mentes criativas.

No set para o programa Bumbum na rádio Veneno, a pesquisa começa em volta do funk carioca, com batidas experimentais que acompanham recados dados pelo próprio artista. Depois de muito fazer você rebolar o bumbum, o DJ envolve o ouvinte com a abertura de sua pesquisa para ritmos quentes latinos. Ficou curioso? É bom ficar. Leia a entrevista e escute o set no fim da matéria.

Além do set gravado, Asafe Malafaia bateu um papo comigo sobre criatividade, funk e diversidade. Confira:

Você faz parte de um movimento de novos artistas cariocas, em especial na festa Lâmina. Como foi o nascimento da festa?
A festa nasceu da união de 3 amigos, Eu, Tetafunk e Ramon Camposki (Alada visuals). Estávamos muito insatisfeitos com a atual cena carioca, onde não davam oportunidade para artistas menos populares e de fora da cena eletrônica, com isso percebemos que juntos poderíamos criar nossas próprias oportunidades de mostrar nosso trabalho. Com a ajuda do nosso queridinho bar Desvio realizamos nossa primeira edição. A festa só foi possível pela ajuda de todos os amigos que acreditaram no nosso trabalho, desde as artes incríveis de Larissa Jennings, das melhores fotos tiradas pelos queridos Fefo e Ivan e outros que tanto nos ajudaram. ❤

Por que o nome “lâmina”?
O nome Lâmina quem deu foi o Ramon, faz referência a nossas amigas trans e travestis que sempre estiveram presentes na festa, como público, dj e parte do coletivo. O nome lâmina possui de uma presença enorme, fala muito sobre como nos vestimos, agimos, e realizamos nosso trabalho, sabe? afiadas (risos).

Qual drink você indica para beber enquanto escuto o seu set?
Que pergunta difícil hahahah como já mostrei antes eu não curto me fechar a só uma vibe, gosto de me aventurar nessa mistura de ritmos e no final acho que todas se complementam. Então acho que cabe ai uma mistura de drinks hahahah eu começaria na boa vodka com energético e um gelo de coco pra curtir o proibidão 170bpm e terminaria com uma gin tônica quietinho ouvindo aquele reggaeton caliente.

Como você começou a discotecar?
Eu sempre fui muito chegado a música, principalmente na minha adolescência, eu adorava organizar playlists com minhas músicas baixadas no falecido LimeWire hahahahaha. Lá em 2016 eu pedi ajuda ao Ramon pra me ensinar o básico no Virtual DJ, lembro que ele estava morando em São Paulo e me ensinou tudo via skype, quando peguei o jeito resolvi gravar uma mixtape sem pretensões e soltei no meu soundcloud. Depois de umas semanas um amigo meu Pininga veio produzir uma festa (Baile Furioso) aqui no Rio junto com o duo Marginal Men, nessa surgiu o primeiro convite para eu tocar numa festa, fico muito grato a essa oportunidade, foi aí que percebi que amava animar as noitinhas cariocas.

A sua pesquisa tem uma diversidade absurda de ritmos. Como foi que você foi encontrando todos eles para criar sua identidade?
Cresci na Zona Oeste do Rio de janeiro, quem mora aqui sabe o que é estar em casa e ouvir o funk tocando na rua o dia inteiro, muito da onde moro fez quem sou hoje e sou muito grato por isso. Ainda rola muito preconceito com o funk e apesar de ter viralizado em todas as camadas sociais sabemos que ainda é marginalizado e pessoas são presas por isso. Não consigo falar do meu trabalho como DJ sem citar o funk, é algo que está comigo desde sempre. Minha pesquisa com ritmos pelo resto da américa latina uma parte foi adquirida pelo soundcloud, conhecendo artistas pelo instagram, e outra foi um casinho que tive (risos) com um colombiano que me apresentou muitos artistas e músicas foda.

Quais as principais dificuldades que você encontra sendo DJ atualmente?
De longe é a desvalorização do trabalho, isso se aplica a todos os artista na real, não só DJ’s. As pessoas sempre querem te diminuir a ponto de você achar que não pode nem cobrar e se sustentar através do seu trabalho. Por 2 anos fiz meu trabalho sem receber nada, chegou um momento que eu tive que me valorizar e não me sujeitar a qualquer proposta mesmo estando precisando. E segundo, acredito que a falta de oportunidades é algo que me chateia até hoje, na Lâmina eu sempre procuro chamar novos artistas, DJ’s com pouca visibilidade, por que sei o que é você querer mostrar o seu trabalho para as pessoas e ser impossibilitado pela falta de oportunidade.

Algo que você quer que todo mundo saiba sobre você:
To solteiro rs brincadeira hahahahahah vejo sempre uma galera com vergonha de falar comigo nas festinhas quero que todos vocês parem com isso ok é pra vir falar sim, adoro trocar idéia e gastar a onda falando de música. Outra é que to muito grato por tudo que aconteceu comigo, com relação a crescimento como artista e isso só poderia ter acontecido com tanta gente foda que frequenta a Lâmina e apoia meu som, é isso, 2021 me contratem bjssssssss.

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Dimas Henkes
Bumbum
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Curador cultural, estrategista de conteúdo e conector de projetos e pessoas. Diretor do programa Bumbum na rádio Veneno.