O Bum do Bumbum: Brugnara

Dimas Henkes
Bumbum
Published in
5 min readSep 10, 2020

Conheça os processos criativos do som de baitola

Prepara a pose, o leque e a dança: vai começar a baitolagem! A identidade sonora de Brugnara 100% bixa. Com mixagens dançantes no house, disco, italo e 90’s trance, ele envolve qualquer viadinho da pista. Seus sets também transmitem sua personalidade espontânea e mega-criativa, levando seu trabalho para pistas dentro e fora do Brasil, além de várias participações em rádios e plataformas online. Na produção musical, explora outras sonoridades.

Desenvolvendo sons para instalações de arte, experimentações urbanas, trilhas e também no projeto Paisagem Climática focado em IDM e Ambient. Além de uma carreira promissora como DJ, Gabriel também produz a festa Versa — trabalho que cria experiências imersivas com difusão de trabalhos artísticos TLGBQIA+.

Para o set da Bumbum, ele foi extrapolou. E é disso que a gente gosta! Muitos vocais envolventes dos anos 80s e 90s flertam com house e, de quebra, ainda rola um voguing. Esse set é pra baixar a disco ball dentro de gente pra podermos BRILHA. E GIRAR. SEM. PARAR.

Além do set gravado, Brugnara bateu um papo comigo sobre seus principais projetos, produção criativa e referências visuais. Confira:

Créditos: Rafael Baumer

Seu set tem uma energia de bixona. Me senti girando na pista com muito brilho, cores e sorriso. Como você costuma montar um set na sua cabeça antes de gravá-lo? E como foi a construção criativa para o set da Bumbum?
Que bom que sentiu isso amigo, era a intenção haha. O nível de baitolagem nos meus sets é grande, pro Bumbum quis extrapolar estes limites kkkk Construi este mix pensando em várias facetas do mundo das buatchy gay. Comecei com um disco sem vergonha, surra de vocal. Depois levei para um lado mais universo ballroom, do vogue com vários elementos típicos destes sons. Eu já tava construindo algo nesta pegada, quando um amigo (Overthinking) me enviou uma música que ele produziu recentemente que super casava. Com ela resgatei outras de pesquisas antigas, que parafraseando a Tereza: “É a própria bateção de leque”.

Eu sempre gosto de construir mixes mais contínuos, utilizar de um elemento ou outro que crie esta continuidade. E depois alterar tudo isso, mas ainda resgatar estes elementos iniciais de alguma forma. Gosto de pensar nesta experiência de estar escutando algo novo, mas que resgate memórias. E este “vai e vem” em um set traz muito isso.

Você encabeça dois grandes e promissores projetos na música eletrônica independente de São Paulo e pro Brasil: a VERSA e a Aberta. Me conta como foi a criação desses projetos?
Desde que comecei a frequentar as raves da cena de SP em 2017, sempre tive vontade de criar um projeto neste meio, trazendo conceitos da minha outra área de atuação que é arquitetura. A Versa é uma experiência de festa que eu sempre idealizei. Um espaço híbrido que leva a arte e música eletrônica para uma atmosfera alegre, fora do que as pessoas estão acostumadas como espaço de música eletrônica.

Sempre tentei montar coletivos e criar projetos com vários amigos, só que nunca acontecia de fato. Em Junho de 2019 surgiu um convite de fazer uma festa na Peixaria Mitsugi e deu muito certo. Tanto a atmosfera da festa quanto a proposta de som e visuais. Muitas coisas mudaram desde então e hoje só acontece graças a força de pessoas muito talentosas que estão comigo.

Já a Aberta, foi um processo parecido. Era uma época que eu pesquisava muito sobre produção artística LGBTQIA+ na América Latina e queria criar uma especie de espaço expositivo que evidenciasse estas produções. De inicio seria um encontro físico, porém acabou transformando-se em plataforma digital. Colaboradores entraram nesta comigo e fizemos alguns conteúdos com os quais aprendi muito. Porém hoje, por questões de tempo e algumas divergências dentro do projeto, resolvi não continuar mais.

Vi que você não para de criar conteúdo com os seus projetos. Como você está lidando com eles durante a quarentena?
Quando começou a quarentena e ainda tínhamos caixa na Versa, conseguimos produzir muito. Mas agora estou num momento de repensar processos. Estou muito saturado de conteúdo digital, porém não tem como ficar longe deles né?

No momento estou colocando minha energia na busca de outras maneiras de produção de conteúdo, que sejam rentáveis e que criem uma base de registro sólida. Não quero conteúdos esporádicos. Produção audio-visual não se sustenta só com likes.

Também estou me ocupando com o projeto SALVARAVE que nasceu na quarentena e tem uma causa muito mais emergente e necessária.

Qual drink você indica para beber enquanto escuto o seu set?
Acho que este set combina com um Clericot geladinho, existe drink mais gay que Clericot?

Quais álbuns você tem mais escutado?
Extra Extra do John Rocca, eu tocaria todas as músicas em qualquer pista possível haha É um álbum clássico que escuto quase toda semana.

Quais são as suas influências visuais brasileiras?
O trabalho do Gabriel Junqueira que conheci na exposição Começo de um Século ano passado, é demais. Ele tem o projeto audio-visual Naves Cilíndricas, que quem não conhece precisa conhecer:

A Rita Salomé, grande amiga muito talentosa, tem trabalhos muito questionadores e maravilhosos. Além da técnica desenvolvida por ela chamada Trançatura.

Meu amigo Pablo Monaquezi [que expõe pela primeira vez na Versa esta sexta 11/09] vem desenvolvendo umas projeções incríveis, repletas de camadas complexas (podem ser visualizadas nesse link) perfeitas para deixar rolando enquanto escuta o set.

Minha amiga Fran Chang com seus quadros que até doem de tão lindos e sensíveis.

Também puxo a sardinha pro Juca e pro Gabriel Felipe que são dois designers com trabalhos belíssimos. Eles desenvolveram a nova identidade visual da Versa. 🦋

Algo que você quer que todo mundo saiba sobre você:
Finalmente vou me formar na faculdade este ano 😇

--

--

Dimas Henkes
Bumbum
Editor for

Curador cultural, estrategista de conteúdo e conector de projetos e pessoas. Diretor do programa Bumbum na rádio Veneno.