O Bum do Bumbum: Fritzzo

Dimas Henkes
Bumbum
Published in
4 min readSep 6, 2020

Conheça a história da DJ que questiona e tensiona a cultura de Porto Alegre

Pessoalmente, acompanho o trabalho da Fernanda Rizzo e sou obcecado pela evolução artística que ela construiu nesses últimos anos. Não é a toa: a artista gaúcha não para quieta e está sempre criando algo novo. Além de DJ, é designer, fundadora do Coletivo Plano, apresentadora e curadora do programa FATIA na rádio function.fm, residente da festa Pane e, recentemente, lançou sua primeira música pela Goma Rec, intitulada "Abril". Esse currículo é longo e promissor!

Sua inquietação a levou longe: tem passagem por importantes festas de todo o panorama nacional, como Base, Arruaça, Vorlat, NEUE, BATEU, Tangerina Soundsystem, Festival Meca, SILVER/tape, Versa, Bicuda, CALDO entre outros. A pesquisa musical que conquistou essas pistas consiste em breaks, electro, EBM, IDM, house, techno e acid. E agora é a vez de recebe-la aqui na Bumbum.

No set gravado, Fritzzo experimenta uma pesquisa séria e, ao mesmo tempo, divertida. Segundo ela mesma, quis fazer todo mundo rebolar o bumbum em casa. Ela conquista o feito com uma mistura de breaks e uma brilhante energia up— que diz muito a respeito sobre sua personalidade delicada e agressiva.

Além do set gravado, Fritzzo bateu um papo comigo sobre futuro, referências e processo criativo. Confira:

Senti um clima agressivo, com músicas quebradas e com muitas referências costuradas perfeitamente no seu set. Como você costuma montar um set na sua cabeça antes de gravá-lo? E como foi a construção criativa para o set da Bumbum?
Ai obrigada! Tem sido ainda mais difícil e trabalhoso montar sets na pandemia. Eu já tenho uma certa dificuldade em gravar sets em casa pois sou perfeccionista e o fato de não sentir a resposta da pista durante um set me deixa mais travada kkkk. Tenho estado em momentos sem muitas inspirações e principalmente pelo fato de estar limitada de equipamentos torna o processo mais demorado. Construo tudo no virtual dj e refaço as mixagens muitas vezes, tendo que editar no ableton depois. Uma forma que encontrei e me agradou foi experimentar mixagens mais curtas deixando toda a música tocar. O virtual dj torna tudo mais mecânico e muitas vezes as músicas não se encaixam, ainda mais os estilos que eu curto tocar com baterias quebradas. Estou buscando descolonizar cada vez mais minhas referências e sempre trago produtorxs latinxs em meus sets. Para este em especial selecionei grandes referências pessoais como Nara, Badsista e Nog4yra. Costuma montar um set pensando em contar alguma história, nesse o tema foi pensando no programa, é pra mexer o bumbum!

Escutei uma playlist sua “É música eletrônica e eu não sabia” lançada no Spotify do Coletivo Plano e adorei, faz o ouvinte refletir sobre muitos clássicos que passaram em nossas vidas. O que você tem mais escutado em casa? Como foi o processo de criação dessa playlist?
Sim! Foi muito prazeroso montar essa playlist. A ideia surgiu da fala da minha namorada Pyetra Salles no meu programa Fatia que posteriormente eu incluí na minha track “Abril” lançada pelo VA da Goma.rec, “era música eletrônica e eu não sabia”. Tenho resgatado muitas referências que eu ouvia na infância, trilhas de videogames e filmes e também da minha trajetória, antes de me envolver com o cenário de música eletrônica. Na época eu não imaginava que essas tracks são eletrônicas e através dessa seleção eu quis nos colocar a repensar que a música eletrônica está presente em várias produções e muitas vezes não é evidenciada. Sou muito influenciada pelo gosto musical da minha namorada e acabo escutando muita coisa que ela gosta, inclusive foi uma das minhas inspirações para o tema da playlist, como soundtracks, Depeche Mode e Nine Inch Nails… Ultimamente tenho escutado os últimos lançamentos de VAs e EPs aqui do Brasil e tem muita gente boa produzindo! Estou bem viciada em Linn da Quebrada, Jup do Bairro e Ventura Profana y podeserdesligado.

Me fala 5 b2b dos sonhos que você gostaria de ouvir.
Amaria tocar com a Deborah Blank e o Marcelulose, djs aqui de PoA que me inspiram muito! Seria um sonho assistir estas referências tocando juntxs, RHR b2b Danny Daze, Barsotti b2b Carol Mattos e Helena Hauff b2b DJ Stingray.

Qual drink você indica para beber enquanto escuto o seu set?
Com certeza Piña Colada! É meu drink favorito! É doce e não se percebe o gosto do álcool até que tu sente os efeitos no segundo copo (eu sou fraca) e acaba bêbada dançando.

Quais DJs e produtoras lésbicas você indica?
A Py Salles, é minha namorada e começou a tocar a pouco tempo. Chroma, dj de Florianópolis que eu conheci quando morei por 1 ano em Itapema — SC. Badsista, Kakubo, Marta Supernova, Nega Nervous, Xoxottini, Guilherrrmo, Ella de Vuono, Brookyn e nomes que conheci recentemente, Skrinkle e Illuaninha de Manaus.

Sobre o futuro. Quais são os seus planos para 2021?
Nossa! Eu espero que a gente já tenha uma vacina para esse “micróbrio” maldito! Eu estou buscando estágios pois gostaria de estar atuando na área de design gráfico, curso que eu comecei esse ano e estou amando! Quero estar focada em produzir mais músicas e festas, além de tentar trazer todes artistas que conheci esse ano através da internet pra tocar e performar em Porto Alegre.

Algo que você quer que todo mundo saiba sobre você:
Cresci em Canela — RS e pratiquei 11 anos de Capoeira. Por conta disso estive muito envolvida com música, dança, ritmo e eventos. Produzi muitos eventos, assim como realizei diversas artes gráficas para o meu grupo. Acredito que isso tenha me moldado a ser a pessoa e profissional que sou hoje.

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Dimas Henkes
Bumbum
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Curador cultural, estrategista de conteúdo e conector de projetos e pessoas. Diretor do programa Bumbum na rádio Veneno.