O Bum do Bumbum: SUPOLOLO

Dimas Henkes
Bumbum
Published in
5 min readJul 23, 2020

Conheça a pesquisa e a vida vermelha-Latina de SUPOLOLO

Entre skin cares e debates políticos, Sosti Reis dá vida a SUPOLOLO, uma persona que nasceu em 2012, num mochilão que o DJ fez pela Colômbia, Peru e Chile, e exalta tudo que vem da América Latina. Tudo começou com playlists criadas de músicas-documentais dos lugares que ele conheceu. As playlists ganharam vida e ele começou a discotecar na suas festas próprias e junto com os coletivos Masterplano e Mientras DURA.

Seus sets seguem uma pesquisa inteiramente latina, diversificando entre techno, house e até reggaeton e ritmos locais, uma mistura sempre vermelha e muy caliente. Seu trabalho vem alcançando voos cada vez maiores, SUPOLOLO já fez pistas de festivais como MECA e de festas por várias capitais brasileiras esquentarem com seu ritmo (e carisma) único e envolvente.

Para o set do programa Bumbum na rádio Veneno, SUPOLOLO surpreendeu: fez um set completamente de reggaeton. Existe ritmo latino que faça você rebolar mais o bumbum do que esse? Responda escutando o set, que está linkado logo após o bate-papo delicioso que tivemos. Sosti Reis é força latina!

Além do set gravado, SUPOLOLO bateu um papo comigo sobre América Latina, política e referências sonoras e visuais. Confira:

Sua curadoria musical (e até visual) caminha de mãos dadas com a América Latina. O que essa pesquisa te ensinou de mais poderoso?
Oi, irmãs da Bumbum. Tou achando muito chic ter sido convidada para essa entrevista, então vamos lá! Minha pesquisa musical começou há muitos anos, mais precisamente em 2013. Nesse ano, eu fiz uma mochilão danoninho (chamo de danoninho porque foi uma viagem com voos agendados e hosteis agendados também, pois sou caprica e odeio imprevisto) com dois amigos pela Colômbia, Peru e Chile. A viagem durou um mês e eu fui catalogando músicas, sons, salvando playlists, indo a shows festas, e quando eu voltei pro Brasil, eu pensei: “gata, porque a gente não escuta nada disso aqui?”. Me juntei ao meu amigo Alexandre de Sena, DJ, ator e pesquisador de BH e comecei a fazer uns sons. De lá pra cá, participei de uma série de projetos, conheci artistas latinos, fiz a noche SUPOLOLO (festas periódicas), e me juntei aos meus migos da Masterplano e Mientras DURA (coletivos que existem desde 2015).

Essa pesquisa me ensinou a amar meu território, o continente latinoamericano, viajar e voltar sempre com amor para Belo Horizonte, minha cidade do ❤ .

A pista de dança e as festas de Belo Horizonte viraram referência para o Brasil inteiro. Como você vê a influência de artistas queers para conquistar esse espaço?
A pista de BH é muito engajada, não é? Eu também acho isso. As pessoas se jogam muito e mais do que isso, elas querem fazer parte, participar ativamente dos rolês, debater, sentir representadas e isso rola porque tem a presença forte das lindes LGBTQIA+ na cena eletrônica. Um line não é um line se ali não tem corpos diversos. Boa parte dos coletivos que surgiram de 2015 para frente vem com esse discurso. Citando alguns para ficarmos de olho — Masterplano, 1010, Mientras Dura, Galla, Ayo, Discotec e mais. Agora em setembro, a Masterplano (coletivo que faço parte) faz o Clubbers da Esquina, festival online com oficinas, debates e festas desenvolvidos dentro desse pensamento de curadoria, que amadurecemos de 2015 até hoje.

Gosto muito quando você conta a história dos seus sets temáticos… Como você conecta imagens e narrativas com as suas discotecagens?
Eu amo isso, né? Eu sou muito rata do teatro, apesar de não ser atriz hahaha Mas eu gosto de dramaturgia, linhas narrativas, novelas e histórias em geral dentro dos meus sets. Contar uma história para a pista e torcer para que ela compre essa história, né? Porque se a história flopar, eu tento propor outro personagem, outros mundos e quem sabe achar um novo Jonas para o meu Dark. Inclusive, se eu dirigisse Dark, eu tiraria o protagonismo do Jonas e daria para a Claudia fácil fácil. Esse set que preparei para a BUMBUM eu fiquei imaginando a história de um quadril, que depois de 4 meses em isolamento social, descobre outros corpos e vai sentir os beats de um PERREO PESADO.

Qual drink você indica para beber enquanto escuto o seu set?
Vinho branco chileno geladinho. Porque é refrescante, é de uva (chupa que é de uva) e lembra o gostinho do terremoto, uma bebida chilena pesadíssima excelente para perrear.

Na hora de gravar o set do Bumbum, como você imaginou a pista?
Eu imaginei uma pista pequena, 100 pessoas no máximo, todo mundo encostando, touchscreen, fumaça sobre uma luz roxa, uns laser amarelos cortando a fumaça. Muito beijo na boca, pouca roupa, suor descendo no chão, tornando tudo escorregadio. LUBRIFICACIÓN É O NOME DA FESTA.

Quais álbuns você tem mais escutado?
Enemiga — A.M.I.G.A, projeto musical da Lila Tirando la Violeta, DJ uruguaya que eu amo muito.

s-f-x — Haruomi hosono. Artista japonês super foda das antigas e esse é meu álbum favorito dele.

Rito de Passá — MC Tha. Eu acho a MC Tha demais. Além de ser uma artista foda, acho ela toda coerente, faz tudo com dramaturgia perfeita, tanto em estúdio quanto ao vivo.

Rodeo Star — Franz Scala. Eu amo Ítalo Disco, sou uma maricona de 32 anos.

Chromática — Lady Gaga. Dramaturgia do começo ao fim. Isso é um média metragem de 40 e poucos minutos.

Fijación Oral — Shakira. Eu acho nostálgico e agora que o mundo parece acabar, não existe nada melhor que pensar nos “best moments” desse planet.

E estou aqui (eu e o Brasil teocrático inteiro) aguardando o disco novo da Ventura Profana & podeserdesligado. Eu não tenho dúvida que esse lançamento vai concorrer ao Grammy latino de melhor álbum gospel.

Algo que você quer que todo mundo saiba sobre você:
Eu amo música e tenho horror à preconceito musical! E acho que nessa pandemia surgiu um tanto de artiste foda, produzindo, mixando e brincando com a deusa da música. A gente precisa disso! De muita gente contando suas histórias através da música de pista ou de estúdio. Obrigadan pela oportunidade, BUMBUM! Beijos da SUPOLOLO.

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Dimas Henkes
Bumbum
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Curador cultural, estrategista de conteúdo e conector de projetos e pessoas. Diretor do programa Bumbum na rádio Veneno.