Angus busca crescimento e novos desafios em 2019

Paulo Nunes
Dinheiro e Poder
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6 min readSep 8, 2019

Por Paulo Nunes

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, vê com bons olhos a meta de crescimento da raça Angus em 2019. “O agronegócio mantém uma boa cota da economia gaúcha. A proteína animal é destaque na nossa pecuária”, comemora Leite em entrevista exclusiva em um vagão do Trensurb rumo à mais um dia de atividades na Exposição Internacional de Animais Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer).

Governado, Eduardo Leite, em entrevista exclusiva no Trensurb indo para a Expointer. Foto: Itamar Aguiar.

Originária da Escócia, a raça bovina Angus tem em sua história 200 anos de seleção genética. As variedades, preto e vermelho do Aberdeen Angus são produzidas em quase todo o mundo. No Brasil, cerca de 25 mil animais da raça Angus são registrados por ano, segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Angus. A raça é destaque em países como Inglaterra, Alemanha, Espanha, Argentina, Escócia e Estados Unidos entre outros. No nosso país, os bovinos Angus encontram na região Sul as condições ideais para o desenvolvimento, principalmente no Rio Grande do Sul.

Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul é dono do sexto maior rebanho de bovinos do país. A bovinocultura de corte movimenta boa parte da economia do Estado. A produção da carne Angus certificada saltou, de 2014 a 2018, 300% nesse período. Esse ganho veio com o crescimento dos abates e de um maior aproveitamento das carcaças. De 2017 até o fim de 2018, o Programa Carne Angus Certificada teve uma expansão de 18% na produção de cortes certificados e uma elevação nos abates.

Os objetivos da Angus nos próximos anos

O Rio Grande do Sul é pioneiro na criação de Angus, e o objetivo de 2019 é fazer do Corte, a carne gourmet brasileira. Para atingir essa meta, a aposta é no Angus criado em solo gaúcho. “O Rio Grande do Sul é pioneiro na criação da raça. No Brasil central, o cruzamento é com o gado Nelore. A diferença é na terminação, porque aqui o Angus é criado a pasto e semi-confinado, e no Brasil central o animal é criado em confinamento, ou seja, o gado gaúcho produz uma carne melhor em relação aos demais”, ressalta Nivaldo Dzyekanski, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Angus.

Nivaldo Dzyekanski, fazendeiro e presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Angus. Foto: Divulgação.

O Animal para ser considerado Angus é preciso ter pelo menos 50% do sangue da raça, menos que isso, a Associação Brasileira dos Criadores da Raça não considera o animal. Ainda em 2019, a Angus busca um crescimento em termos de volume de produção e genética para seguir produzindo uma carne de excelência em sabor e qualidade.

Em 2019, já sob a liderança de Nivaldo Dzyekanski, outro objetivo da Angus é elevar a produção de carne no mercado brasileiro de cortes gourmet, e ampliar a produção de carne da raça. De 2017 até o fim de 2018, a produção subiu de 37 mil para 43 mil Toneladas Equivalente Carcaças, medida utilizada para padronizar o peso de diferentes tipos de carne, por ano em relação aos anos anteriores. “O momento do Angus é muito positivo, estamos sendo agraciados com isso. A meta deste ano é crescer 10% no volume da carne certificada. Tivemos problemas com oferta de animais, mas tudo isso é muito bom”, explica Dzyekanski.

A maciez da carne Angus é reconhecida nacionalmente. Isso explica a procura das redes de Fast-food pela carne de um animal Angus para produzir os hambúrgueres. “ Estamos consolidando cada vez mais o Angus como uma carne gourmet no Brasil. Carne com maciez, suculência, e boa gordura”, explica Dzyekanski.

A pura raça completa brasileira

Conhecida como a raça completa entre os criadores, o Angus apresenta boas características como fertilidade, precocidade e longevidade, mas tem na qualidade da carne, o seu maior diferencial. Nos últimos anos, outros estados têm apostado na genética Angus para o cruzamento industrial. Somente no ano passado, foram comercializadas mais de 1,8 milhão de doses de sêmen.

O Rio Grande do Sul é pioneiro na criação destes animais no país. As condições climáticas e características das pastagens nativas do pampa gaúcho ajudam e facilitam na adaptação do animal em nosso Estado. A cabanha Tellechea, situada no município de Uruguaiana, na região da fronteira gaúcha com Argentina e Uruguai trouxe para a Expointer em 2019 os principais animais da raça.

Ao todo, o rebanho de Angus da cabanha contém 2 mil cabeças de Angus puro. O rebanho está dividido em gado de argola, ponta de arremate, matrizes, bois para pastagens e gado para venda e confinamento. Sidnei Cardozo, de 51 anos é o Capataz da cabanha. Ele participou da sua 35° Expointer, sendo 23 delas com a cabanha Tellechea. “Angus é um gado que se apronta melhor na pastagem, favorece o seu desenvolvimento, isso é a vantagem em relação as demais raças”, explica Sidnei Cardozo, Capataz da cabanha Tellechea.

Sidnei Cardozo, Capataz da cabanha Tellechea no stand da Angus na Expointer. Foto: Paulo Nunes

Sidnei trabalhou em outras cabanhas e com outras raças de gado, mas para ele o animal da raça Angus é o melhor para lidar no dia a dia. “Outras raças levam um tempo maior para se desenvolver, e o Angus não. 60 dias na pastagem é o suficiente para ter um ótimo animal na fazenda.” conta Cardozo.

Nos próximos anos, a Angus projeta manter a sequência do crescimento de produção da carne através do programa Carne Angus Certificada. O programa foi criado em 2017 e já obteve um crescimento de 18% até o momento.

Entrevista: Eduardo Leite

Em entrevista exclusiva concedida para os repórteres e estudantes de jornalismo, Thaina Mazin e Paulo Nunes, no vagão do Trensurb, no dia 19 de agosto de 2019.

Governado, Eduardo Leite, em entrevista exclusiva para a reportagem no Trensurb. Foto: Thaina Mazin.
  • Qual sua expectativa para a edição de 2019 da Expointer?

Eduardo Leite: “A expectativa é a melhor possível, tivemos 140 mil visitantes nos primeiros dois dias de feira. No ano passado, os dois primeiros dias tiveram 93 mil visitantes, ou seja, simplesmente quase 40 mil visitantes à mais do que em 2018. Pela primeira vez tivemos que fechar os portões dos estacionamentos por conta da lotação máxima atingida das 6.800 vagas disponíveis. Já nas vendas a expectativa ter é um bom crescimento em relação a 2018. Em termos de negócios temos excelentes expectativas quanto ao agronegócio, agricultura familiar e o setor de máquinas também. Essa grande feira que revela o que o estado tem de melhor ”.

  • Expectativa positiva quanto ao impulso que a Expointer possa gerar na economia gaúcha?

Eduardo Leite: “O agronegócio é um pilar da nossa economia, responsável pela maior parte das nossas exportações. Ele mantém a nossa balança comercial, e sem dúvida tem um impacto forte na economia do estado.

  • Qual a importância do papel do Arroz na economia do Rio Grande do Sul?

Eduardo Leite: “O setor do Arroz é muito importante para o estado, principalmente na Zona Sul, onde venho, porque a metade sul do estado é reconhecida pelo plantio e beneficiamento do Arroz. Somos o maior polo produtor de arroz do Brasil, isso gera muito emprego. Estamos discutindo como aumentar o consumo do arroz no país.

  • Qual a Importância da produção de carne na economia gaucha?

Eduardo Leite: “A proteína animal é destaque na pecuária gaúcha, e bastante reconhecida no Rio Grande do Sul. Nós queremos tirar a vacinação da febre Aftosa, queremos ser um estado livre de Aftosa, e estamos trabalhando nisso. Isso pode nos abrir novos mercados no mundo.

  • Você está indo de trem para o parque de exposições?

Eduardo Leite: “Estamos aqui para dar um exemplo ao pessoal que reclamou do trânsito para chegar na Expointer. Estamos indo de trem para mostrar que é fácil de chegar no parque de exposições, isso é um efeito de demonstração para mostrar que não tem desculpa para prestigiar a feira.”

Governado, Eduardo Leite, indo para a Expointer usando o Trem. Foto: Paulo Nunes.

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