A incrível arte de ignorar

Katia Delavequia
Dioramas Modernos
Published in
3 min readSep 13, 2019

não posso deixar de perder

Ô tempinho difícil estamos vivendo hein. Um turbilhão de coisas acontecendo ao nosso redor e a gente no meio. E como sempre as tendências comportamentais seguem o fluxo e tentam nos fazer entender essa avalanche doida.

Ontem a palavra do momento era FOMO (fear of missing out “medo de perder algo”), ou seja, é basicamente o smartphone governando sua vida. É uma característica marcante da vida moderna estar sempre ligado, sempre tentar aproveitar o máximo no menor tempo possível. Mas em algum momento, essa perseguição maluca se torna contraproducente. Agora parece que o jogo está virando e temos o JOMO (joy of missing out “alegria em perder algo”). Isso vai bem de encontro ao assunto da newsletter #6: Não me conte, não quero saber onde falei sobre dar uma descansada na mente.

Conheci o termo JOMO, lendo um artigo da Vox (olha eu tentando não perder nada rs). O texto falava do novo livro do filósofo dinamarquês Svend Brinkmann, The Joy of Missing Out, que oferece alguns conselhos úteis:

“Deixe pra lá. Pare de tentar fazer tudo e, em vez disso, faça menos. Na verdade, às vezes é melhor ficar para trás, para aproveitar onde você está agora.”

Isso vale pra muita coisa. Ignorar um pouco as redes sociais, desligar notificações, sair um pouco do radar. Claro que ninguém deve se sentir obrigado a fazer. Mas quando a gente anda muito ansioso precisando de foco pra realizar outras tarefas, o JOMO é bem útil. Você não vai morrer se não ver a foto do café que seu amigo postou e vice-versa. Prometo!

Vejo como o maior desafio dos tempos modernos encontrar o equilíbrio. Nem tanto o céu, nem tanto a terra, porém de tempos em tempos dar aquela desligada geral só faz bem.

Lembre-se que nossa saúde mental se reflete na saúde como um todo. Não custa nada se desligar de vez em quando e colocar a energia somente no que importa.

By Michael Leunig

O livro A Arte de Pedir de Amanda Palmer fala sobre recorrer ao outro sem temor, sem vergonha e sem reservas. Às vezes é difícil pedir ajuda né? Isso foi algo que a artista percebeu enquanto trabalhava como estátua viva e sua troca com o público. A experiência rendeu um TED com milhões de visualizações. Ah Amanda é também cantora e compositora, ícone indie, feminista, casada com Neil Gaiman, agitadora e mobilizadora de multidões online. É minha leitura da vez. O livro é muito mais profundo do que parece. Muito bom mesmo.

Sabe Black Mirror? Então, Years and Years é pior. A nova aposta da HBO tem apenas 6 episódios e é mais assustadora do que muito filme de terror porque é terrivelmente real. Na série Emma Thompson interpreta a controversa política Vivienne Rook (é praticamente o retrato de um certo presidente aí talkei), cujas ações deixam consequências para toda uma geração. A ideia é precisamente assistirmos às transformações — políticas, tecnológicas, sociais — através de uma família comum de Manchester, no Reino Unido: os Lyons. O negócio é tão doido que os filtros do Instagram/Snapchat se tornaram “reais”. É bizarro, é terrível tal qual nossos tempos.

Gosta de design? Esse site faz um tour pela história da decoração através de um infográfico mostrando a evolução do design de interiores britânico desde a década de 1950 até 2010. Em cada uma delas, há uma breve explicação do contexto econômico ou cultural pelo qual a Grã-Bretanha passava. A navegação do site tem aquele efeito parallax. É 10/10!

La Casa de Papel é um sucesso, ninguém duvida, então aproveito pra indicar essa matéria do Terra com outros trabalhos dos atores da série. Tudinho na Netflix para nosso deleite.

E aí? Você é mais FOMO ou JOMO?

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