Lá vem o golpe
Eu vejo golpistas. Quando? O tempo todo
Este tema cairia como uma luva em 1º de abril, masss vai hoje mesmo porque o golpe tá aí só esperando a gente cair nele como a mais distraída das criaturas. Bobeou e pah fomos enganados.
A frase que dá nome à edição é da personagem dos anos 90 do programa A Praça é Nossa, interpretada pela atriz Sylvia Massari — Maria Santa, uma fantoche que gritava o bordão ‘LÁ VEM O GOLPE’
Dias atrás um assunto bombou no twitter e gerou várias notícias:
‘Viking bíblico’, falso ator de Gênesis é desmascarado por internautas
Olha, é tanto erro nessa história que nem sei.
- O cara fingir que é ator numa era que uma pequena investigada no google já destrói a historinha na hora
- Fingir que é ator numa novela da Record (nada contra a emissora, tenho até amigos que acompanham, mentira, não tenho), ainda se fosse da Globo, enfim…
- Viking bíblico, oi?
Tá, vamos nos ater aos fatos, ou melhor à farsa. Qualquer um meio desavisado que visse a postagem do tal cara no Instagram sem checar (a maioria das pessoas não faz), acreditaria. Tinha a foto dele vestido no personagem, com descrição, nome e tudo. Se a razão foi ganhar seguidor, acho que deu certo (o que me faz pensar, nossa, fez essa presepada só pra ter os números inflados na rede ao lado… meu deus que triste). Não deixa de ser, como dizem os jovens, cringe. Passou uma vergonha desnecessária.
As farsas que nos rodeiam
Pois muito que bem. Então me lembrei de casos semelhantes no mundinho pop. Um bem famoso foi a dupla Milli Vanilli nos anos 80/90. O francês Fabrice Morvan e o germânico-americano Rob Pilatus bombaram nas paradas de sucesso vendendo milhões de discos com a música Girl You Know It’s True (note a ironia do título da música, risos) e Girl I’m Gonna Miss You. Só tinha um pequeno detalhe: não era eles que cantavam.
“O álbum de estreia da dupla alcançou altas vendas internacionalmente e os premiou com um Grammy de Melhor Artista Revelação em 1990. Entretanto, o sucesso deles virou fraude, quando o prêmio foi revogado depois da revelação de que os supostos cantores não cantavam no disco”
Com a descoberta, eles foram alvos de vários processos judiciais e tiveram que devolver o dinheiro de quem comprou seus álbuns. Depois tentaram lançar um álbum com as próprias vozes, mas não deu certo. Aowww quem poderia imaginar não é mesmo?
Porém, as músicas de Milli Vanilli continuam tocando. No Spotify e YouTube têm os álbuns e clipes gravados com a carinha dos farsantes como se nada tivesse acontecido. Bom, pelo menos o compositor, os músicos e o verdadeiro cantor (Charles Shaw) fizeram o trabalho e estão recebendo por isso.
Outra história já nos anos 2000 também revelou-se uma farsa, não pela música — a dupla realmente cantava — mas pelo fato de aparecerem como namoradas.
“As meninas Lena Katina e Yulia Volkova, da dupla russa T.A.T.U. protagonizaram beijos de tirar o fôlego no clipe da música “All The Things She Said”. Mas a mentira cansou e as garotas resolveram abrir o jogo. Elas não são homossexuais, ambas têm namorado e o lesbianismo era apenas um jogo de marketing”
Não conseguiram segurar o personagem por muito tempo e então o duo se desfez. Porém deixaram ótimos álbuns.
E eu com isso?
Nestes casos, as farsas só prejudicaram a seus protagonistas. A gente pode ouvir Milli Vanilli e T.A.T.U. sem sofrer qualquer dano, ou seja, é um golpe inofensivo. Dei estes exemplos pra mostrar que o terreno que pisamos é pantanoso e qualquer um pode cair no conto do vigário. Isso sem entrar no terreno que nem é pântano, é lama com areia movediça: os golpes que tiram dinheiro das pessoas. Mas deixa pra lá pois minha sanidade do momento só permite tais enganações do mundinho pop.
Fica o alerta aí e como diz um trecho de Sereníssima, do Legião Urbana, que é um mantra pra mim:
Não acredito em nada além do que duvido
O que tem de bom pra ver
Ia recomendar o novo* filme de zumbi do Zack Snyder (que também pode ser considerado golpe por motivos de ser bem ruim), porém a obra fica melhor apreciada com este clipe trailer protagonizado por nada mais nada menos que o Bonde do Tigrão. Sério, estou batendo palmas.
*Digo novo, por que Snyder dirigiu o excelente Madrugada dos Mortos, filme de 2004 🧟♂️
Agora é sério. Recomendação de categoria. Não é golpe.
Mare of Easttown, 2021
De uns tempos cá tá difícil assistir alguma série que realmente te deixe de queixo caído, pois a tendência dos streamings (devido à concorrência) é quantidade e não qualidade — alô netflix é com você mesmo que tô falando.
Ainda mais quando se trata de obras sobre crimes no estilo ‘quem matou’. Tem que ser muito bom pra criar uma trama que seja bem amarrada e tenha aquele plot twist digno de te deixar paralisada como não pensei nisso antes se tava na minha cara vibes, sem ser uma patacoada nos moldes Quem Matou Sara (simplesmente a pior série que vi nos últimos tempos).
“Uma detetive em uma pequena cidade da Pensilvânia investiga um assassinato local enquanto tenta impedir que sua vida desmorone”
Neste simples plot, acompanhamos personagens complexos, muito drama e suspense de primeiríssima linha. O assassinato de uma garota desencadeia uma série de eventos que se desenrolam em apenas 7 episódios.
Pois é, a HBO, mais uma vez nos entregando uma maravilhosidade digna de dar um prêmio à Kate Winslet, que interpreta a personagem principal, a investigadora Mare Sheehan e aos roteiristas por criarem uma trama basicamente simples mas com tantos elementos que exploram nossa imaginação a ponto de desconfiar de todo mundo na história. Nota 10/10.
A última (juro)
Viralizou um vídeo essa semana. O enredo (nem os maiores gênios do audiovisual poderiam pensar) mostra a irmã da ex-BBB Fly recebendo o livro 1984 do Orwell de presente de aniversário. Até aí ok (mesmo o livro tendo dado nome ao programa da onde saiu Flay). Contudo o verdadeiro twist acontece quando a menina abre o livro. Sério, são camadas de significado metalinguístico. Apenas maravilhoso.
Por hoje é só. Curtiu? Deixe umas palminhas, comente aqui, ou me escreva no katiadelavequia@gmail.com. Também estou no Twitter como @katiadel. Fique bem, cuide-se e até a próxima.
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