Passos largos rumo a Gilead

Katia Delavequia
Dioramas Modernos
Published in
4 min readJul 4, 2022

ânimo galera tudo vai melhorar (risos)

E aí? Que tal a última semana?

Olha Brito francamente, dias de merda hein? Péssimo pra ser cidadã, péssimo pra ser mulher, péssimo, péssimo, péssimo. Gilead em curso.

The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia) é um livro de Margareth Atwood que deu origem à série* de mesmo nome. A história, situada em um futuro próximo, se passa após um atentado terrorista tirar a vida do presidente dos Estados Unidos e de grande parte dos outros políticos eleitos. A partir daí uma facção cristã toma o poder com o intuito de restaurar a paz.

*a série tá na Paramount+, Globoplay e nas locadoras do povo

É instaurada a República de Gilead. Nessa altura, as taxas de fertilidade caem em todo o mundo por conta da poluição e de doenças sexualmente transmissíveis. A sociedade é organizada por líderes sedentos por poder ao longo de um regime novo, militarizado, hierárquico e fanático, com novas castas sociais, nas quais as mulheres são brutalmente subjugadas e, por lei, não têm permissão para trabalhar, possuir propriedades, controlar dinheiro ou até mesmo ler.

A infertilidade mundial resultou no recrutamento das poucas mulheres fecundas remanescentes em Gilead, chamadas “aias” (Handmaid), de acordo com uma interpretação extremista dos contos bíblicos. Elas são designadas para as casas da elite governante, onde devem se submeter a estupros ritualizados com seus mestres masculinos para engravidar e ter filhos para aqueles homens e suas respectivas esposas.

É brutal. O motivo de eu trazer a obra agora é que a perda de direito por parte das mulheres não se deu do dia pra noite. Foi gradual. Numa cena da série, June interpretada por Elizabeth Moss, fica sem poder acessar seu próprio dinheiro, pois o governo congelou sua conta bancária e também impediu de usar cartão de crédito.

Em uma retrospectiva do presente, Offred (June) se culpa por estar “dormindo” na época, “deixamos isso acontecer”:

“Quando eles derrubaram o Congresso, nós não acordamos, quando eles culparam terroristas e suspenderam a Constituição, nós também não acordamos. Eles disseram que seria temporário. Nada muda instantaneamente. Em uma banheira de aquecimento gradual, você ferveria antes de perceber.”

O mais louco é que tudo é justificado por passagens da Bíblia. Mais uma vez o conservadorismo cristão relegando mulheres a cidadãs de segunda classe cujo propósito é apenas ter filhos e servir aos homens. Enfim… o assunto rende, mas só queria chamar a atenção. A ficção pauta e continua sendo pautada pela realidade.

Um rato em um labirinto está livre para ir para qualquer lugar, desde que fique dentro do labirinto.

A verdade é que não temos um segundo de paz. Fica a reflexão and indignação para o dia de hoje.

Bora falar de coisa boa?

Falando em futuro, chegou na Netflix, a série documental O Futuro que analisa novas tendências tecnológicas e suas possibilidades revolucionárias. Confesso um certo ceticismo em relação a essas “premonições” já que desde os anos 80 a gente ouve sobre carros voadores e até agora nada… enfim.

Não deixa de ser interessante. Por exemplo, no episódio Vida Após a Morte, descobri que existe a profissão “doula de morte” e também existem empresas responsáveis por gerenciar perfis de pessoas que já morreram — os restos digitais. Outra coisa são os chatbots pra você conversar com quem já se foi desta para uma melhor através de algoritmos e IA.

Outros temas são: moda, esportes, relacionamentos, cães e mais. São 12 episódios de 20 minutos, rapidinho do jeito que a gente gosta. Vale demais.

Ânimo galera tudo vai melhorar depois da Copa

Uma pessoa muito abençoada disponibilizou o calendário da Copa 2022 no Google Calendar. Olha que maravilha.

Por hoje é só. Um beijo e um queijo. Curtiu? Deixe umas palminhas, comente aqui, ou me escreva no katiadelavequia@gmail.com. Também estou no Twitter como @katiadel.

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