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Katia Delavequia
Dioramas Modernos
Published in
4 min readMay 3, 2021

é de bom tom? NÃNNN

Aqui estamos nós, mais um dia, neste ano louco and absurdo, sob o olhar sanguinário dos algoritmos e IA’s vislumbrando o caos dos tempos modernos. Muito que bem:

"Os últimos anos me ensinaram a deixar de lado meu desejo por conclusões, a aceitar que nada é estático e que a negociação será perpétua e, principalmente, a esperar que as pequenas verdades continuem surgindo com o tempo"

Baseado nas palavras de Jia Tolentino, que faço minhas, em seu livro Falso Espelho, eis a edição de hoje desta modesta newsletter. A autora lembra os primórdios da internet em que a gente ‘navegava’ através de uma conexão discada e nosso objetivo era ser nós mesmos e não parecer outra coisa.

Foi nesse início quando surgiram as primeiras redes sociais como o MySpace, Orkut e os blogs. É bem forte essa lembrança pra mim, pois eu tive uma página no MySpace e um blog no Blogspot (finado Tarja Preta que deus o tenha). Obs: me odiando pois não salvei um print sequer do Tarja, mas ok sigamos…

Imagem da home da rede social MySpace
quem teve myspace significa que tá chegando a hora da vacina

O legal era mostrar um pouco do que a gente gostava e fazer amigos com as mesmas afinidades. Isso gerava conversas, era muito legal e sabe por quê? Era mais simples. Isso sem falar como era divertido customizar a página, deixar o mais personalizado possível e de quebra ainda podia praticar inglês ou espanhol. Não havia timeline e por isso ninguém mostrava a vida just in time. Não havia a preocupação de se justificar e se provar por coisa alguma. Hoje é bem diferente.

Jogando porcos às pérolas

Dias atrás me chamou atenção uma pessoa que sigo no Instagram. Ela fez uma série de stories sobre o dilema se deveria ou não explicar para seus seguidores o porque deixou sua casa uma semana suja por estar lotada de trabalho e não ter tido tempo de limpar. Sim, ela usou essas palavras: “fiquei pensando se deveria ou não dividir isso com vocês”.

Sério. SÉRIO. sÉrIo. Eu apenas desacreditei no que estava vendo. What? Amada? Desde quando há essa necessidade doentia de ter que mostrar TUDO para um bando de gente que nem te conhece? E daí que a casa ficou suja suja? PRECISA JUSTIFICAR?

Ah mas ela tem o direito de desabafar, falar sobre a vida dela no próprio perfil. Claro que tem, assim como permite abrir a brecha para que dêem opinião sobre, simplesmente por que ela mostrou. Notou a mão dupla? Também há um outro lado e remete a mais um trecho do livro de Jia:

"Pensando na economia da atenção, o conflito sempre atrai um número maior de pessoas"

Será que ao falar que deixou a casa imunda gera mais engajamento? SIM. É isso, atenção a qualquer preço. É a corredeira de chorume e coisas absolutamente desnecessárias em que a pessoa se coloca na obrigação de fazer para sua audiência.

Resumindo:

Gif da personagem Keila Mellman, criada pela atriz  Ilana Kaplan falando seu bordão.

A balança da “vida como ela é” vs “a perfeição que esperam de mim” em seu estado bruto. Só me pergunto uma coisa: aonde tudo isso vai parar.

Giro de notícias com links

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📺 E quando a gente entra num streaming e fica um tempão tentando escolher o que assistir e acaba desistindo. Tem nome. Se chama decision fatigue. Saiba como as empresas estão tentando resolver este pequeno problema moderno.

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