A última chance do Estado da Palestina

Confirmadas desde 2020, as eleições podem não ocorrer. A realização — ou não — do pleito pode representar a esperança ou o fim dela para os palestinos.

Diplonite
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3 min readMar 2, 2024

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Por Rafael Firme (30 de abril de 2021)

Maio é o mês que determinará os rumos do Estado da Palestina. Isso porque as eleições legislativas nos territórios (Cisjordânia e Gaza) estavam marcadas para o dia 22 do mês vindouro; Até o momento, está prevista para 31 de julho a eleição presidencial. Contudo, ontem (29), o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, adiou as eleições legislativas.

A informação sobre o suposto cancelamento das eleições repercutiu na mídia ainda no último dia 27, tendo como principal fonte o governo egípcio (que é pró-eleições). Ontem, em reunião com as lideranças da OLP, Abbas — que além de presidente da ANP, também é líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e do partido que governa a Cisjordânia, o Fatah — anunciou o “adiamento” do pleito, alegando a impossibilidade de voto em Jerusalém. Vale ressaltar que um adiamento temporário das eleições resulta em mais tempo para a OLP organizar-se melhor e tentar solucionar a fragmentação interna. Em 2006, ano da última eleição nos territórios, das 132 cadeiras do Conselho Legislativo Palestino, 74 foram conquistadas pelo Hamas; 50 pela OLP; e 8 por partidos de menor expressão.

Distribuição de assentos no Conselho Legislativo Palestino baseada nas eleições de 2006.

Agora, quinze anos depois, novas pressões podem fazer com que o pleito eleitoral não ocorra, diferente de 2005/2006, quando as eleições ocorreram, mas os resultados não foram aceitos pela comunidade internacional. O Haaretz, um dos principais jornais de Israel, afirmou que a ação de Abbas não configura um cancelamento e sim um adiamento, devido à recusa de Israel em permitir a votação em Jerusalém Oriental. Ainda segundo o Haaretz, o Hamas — principal rival da OLP e do Fatah — não enviou representante à reunião de ontem, que deu status oficial ao adiamento das eleições. Mahmoud al-Alul, vice-presidente do Fatah, afirmou que realizar eleições sem Jerusalém significaria desistir de qualquer reivindicação de a cidade ser a capital de um futuro Estado da Palestina.

O líder político do Hamas, Ismail Haniya (E) e o líder do Fatah, Mahmoud Abbas (D). Distintos, os dois grupos são as principais forças nos dois territórios palestinos. Foto de AP Photo / Khalil Hamra

Secular, o Fatah é o movimento que controla a Cisjordânia. Comandado por Mahmoud Abbas, o Fatah é reconhecido por Israel. Islâmico, o Hamas é o movimento que controla a Faixa de Gaza. Comandado por Ismail Haniya, o Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel. Apesar de divergentes em certos aspectos, Fatah e Hamas convergem no que tange à formação do Estado Palestino nas fronteiras de 1967.

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