O fim da era Merkel

Incertezas marcam o cenário político do país mais estável da Europa.

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3 min readMar 2, 2024

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Por Christiane Scheuermann (22 de abril de 2021)

Angela Merkel anunciou em uma conferência partidária que não iria assumir a posição de Chefe de seu partido (CDU), e, portanto, não iria buscar a reeleição. Foto de Sean Gallup/Getty Images

A Alemanha, a Europa e o mundo estão aguardando ansiosamente as eleições para o Parlamento alemão, o Bundestag, previstas para o dia 26 de setembro. A coalizão majoritária formada no Bundestag é responsável pela indicação do nome da próxima ou do próximo Chanceler do país, que deve ser apresentada ou apresentado ao parlamento pelo Presidente e eleita ou eleito pelo Parlamento com ao menos metade mais um dos votos. O posto é ocupado, desde 2005, pela Chanceler Angela Merkel, do Partido União Democrática Cristã (CDU). Em 2018, após mais de uma década como Chefe de Governo alemã, Angela Merkel declarou que não possuía a intenção de concorrer a um quinto mandato em 2021.

O governo de Merkel foi marcado, acima de tudo, por sua alta popularidade. A Chanceler obteve altas taxas de aprovação mesmo em períodos de crise, como em 2008, em 2015 e no momento atual. Nesses 16 anos, bons índices econômicos — crescimento do PIB e baixa taxa de desemprego — foram fatores determinantes para o sucesso de seu governo. Durante a era Merkel, foram implementados projetos importantes para a Alemanha e para o mundo, por exemplo, o plano de Transição Energética e a recepção de cerca de 1,1 milhão de refugiados em 2015. Todavia, a postura destoante da Chanceler em relação a seus pares europeus no que tange à Crise dos Refugiados abalou outro pilar de seu governo, a União Europeia.

A charge ilustra o antigo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e Angela Merkel com posturas opostas aos refugiados que, em sua maioria, fugiram da Guerra na Síria em 2015. Essa diferença se explica pelas políticas adotadas por esses países da União Europeia em resposta à crise. Em 2016, o Reino Unido votaria a favor de deixar o bloco, tornando- se o primeiro país a fazê-lo em 2020. Charge de Ingram Pinn / Financial Times

A saída de Angela Merkel carrega diversas dúvidas sobre o destino da Europa. Sua sucessora ou seu sucessor assumirá uma economia debilitada pela pandemia do Covid-19, um parlamento polarizado e a liderança de um bloco fragilizado. Mesmo assim, a lista de candidatos ao cargo de Merkel torna-se mais extensa a cada dia. O candidato do CDU, partido de Merkel, é o parlamentar conservador Armin Laschet. Contra ele, irá concorrer o social-democrata Olaf Scholz e Annalena Baerbock, do Partido Verde. Annalena Bearbock é a candidata mais nova a concorrer pelo cargo de Chanceler e procura conquistar principalmente a juventude, que, em suas palavras, como ela, “cresceu em uma Alemanha unificada e uma Europa unida.” Da mesma forma que Armin, Annalena é a candidata com maiores chances de formar uma coalizão majoritária.

Os principais nomes na disputa pelo cargo de Merkel incluem o conservador Armin Laschet (D), o social-democrata Olaf Scholz (E) e Annalena Baerbock ©, do Partido Verde.

Portanto, nessa eleição, o cenário que se desenha possui características tanto de renovação quanto de permanência. Após anos de continuidade de um projeto conservador, os alemães determinarão se esse projeto é o que desejam para enfrentar os atuais desafios do país. Todavia, até 26 de setembro, permanece a incerteza de um futuro sem Angela Merkel e de quais serão as consequências de uma nova liderança no Bundestag, tanto no âmbito doméstico como no internacional.

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