A Alemanha, a Europa e o mundo estão aguardando ansiosamente as eleições para o Parlamento alemão, o Bundestag, previstas para o dia 26 de setembro. A coalizão majoritária formada no Bundestag é responsável pela indicação do nome da próxima ou do próximo Chanceler do país, que deve ser apresentada ou apresentado ao parlamento pelo Presidente e eleita ou eleito pelo Parlamento com ao menos metade mais um dos votos. O posto é ocupado, desde 2005, pela Chanceler Angela Merkel, do Partido União Democrática Cristã (CDU). Em 2018, após mais de uma década como Chefe de Governo alemã, Angela Merkel declarou que não possuía a intenção de concorrer a um quinto mandato em 2021.
O governo de Merkel foi marcado, acima de tudo, por sua alta popularidade. A Chanceler obteve altas taxas de aprovação mesmo em períodos de crise, como em 2008, em 2015 e no momento atual. Nesses 16 anos, bons índices econômicos — crescimento do PIB e baixa taxa de desemprego — foram fatores determinantes para o sucesso de seu governo. Durante a era Merkel, foram implementados projetos importantes para a Alemanha e para o mundo, por exemplo, o plano de Transição Energética e a recepção de cerca de 1,1 milhão de refugiados em 2015. Todavia, a postura destoante da Chanceler em relação a seus pares europeus no que tange à Crise dos Refugiados abalou outro pilar de seu governo, a União Europeia.
A saída de Angela Merkel carrega diversas dúvidas sobre o destino da Europa. Sua sucessora ou seu sucessor assumirá uma economia debilitada pela pandemia do Covid-19, um parlamento polarizado e a liderança de um bloco fragilizado. Mesmo assim, a lista de candidatos ao cargo de Merkel torna-se mais extensa a cada dia. O candidato do CDU, partido de Merkel, é o parlamentar conservador Armin Laschet. Contra ele, irá concorrer o social-democrata Olaf Scholz e Annalena Baerbock, do Partido Verde. Annalena Bearbock é a candidata mais nova a concorrer pelo cargo de Chanceler e procura conquistar principalmente a juventude, que, em suas palavras, como ela, “cresceu em uma Alemanha unificada e uma Europa unida.” Da mesma forma que Armin, Annalena é a candidata com maiores chances de formar uma coalizão majoritária.
Portanto, nessa eleição, o cenário que se desenha possui características tanto de renovação quanto de permanência. Após anos de continuidade de um projeto conservador, os alemães determinarão se esse projeto é o que desejam para enfrentar os atuais desafios do país. Todavia, até 26 de setembro, permanece a incerteza de um futuro sem Angela Merkel e de quais serão as consequências de uma nova liderança no Bundestag, tanto no âmbito doméstico como no internacional.