Organizações exponenciais e a desigualdade

ISE Business School
Direção Geral

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Fernando Bagnoli

Muito tem se comentado sobre Organizações Exponenciais, modelo descrito no livro Exponential Organizations do autor Salim Ismail, cujo principal argumento poderia ser definido da seguinte forma:

São organizações cujo impacto ou produção é desproporcionalmente grande, pelo menos 10 vezes mais, comparada aos seus concorrentes devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam a utilização de novas tecnologias.

Além disso, são empresas que oferecem produtos e serviços que trazem benefícios, ou propostas de valor, com um custo — seja monetário ou de aprendizado– por parte do consumidor muito menor que um concorrente tradicional já estabelecido, o que faz com que ganhem mercado numa velocidade estonteante.

Este é um fenômeno que mantém hoje acordados à noite os Conselhos de Administração e os executivos de empresas tradicionais que não sabem de onde surgirá este novo concorrente assustador.

Normalmente, estes novos players empregam muito menos pessoas ou ativos físicos utilizando tecnologias de informação que digitalizam o que era físico e oferecem produtos on-demand. Conseguem dentro da cadeia de valor desentermediar agentes que no passado eram necessários, mas que hoje só adicionam custos desnecessários.

Outra forma de atuação é criando companhias que facilitam o uso de ativos de forma compartilhada (sharing economy) de forma que a necessidade da propriedade individual se torna desnecessária diminuindo por consequência a venda destes ativos.

Tudo isso tem gerado muita preocupação não só entre players tradicionais, mas também nas pessoas que buscam uma ocupação formal. O resultado, sem fazer juízo de valor, tem sido em muitos casos não só a diminuição das posições formais nas empresas, mas também na precarização das oportunidades de sustento de muitas pessoas e suas famílias.

Ocorre também a dificuldade dos governos em taxar adequadamente esta riqueza produzida que se concentra na mão dos fundadores e de poucos acionistas destas empresas. De fato, hoje há um aumento da desigualdade que paradoxalmente está sendo criada pela introdução de novas tecnologias, o que não ocorria no passado.

O fenômeno da globalização e o da introdução de novos negócios disruptivos está criando em algumas regiões do mundo uma legião de perdedores, aumentando a desigualdade e favorecendo o aparecimento de figuras públicas populistas que propõem soluções simples (e erradas) para problemas complexos.

Não proponho aqui bloquear o progresso, mas esta é uma situação emergente que precisa de uma análise cuidadosa e de uma solução global.

Fernando Bagnoli é Chefe do departamento de Direção Geral do ISE Business School.

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