Por que a governança corporativa é tão ou mais importante em tempos de crise?

ISE Business School
Direção Geral

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Fernando Bagnoli

Tenho notado que, por causa da crise econômica –e por que não dizer ética e moral– sofrida no Brasil, empresas de capital fechado de porte médio têm, por problemas de liquidez e maus resultados, reduzido seus investimentos em inovação, treinamento, desenvolvimento, marketing e também na sua estrutura de governança, diminuindo o número de conselheiros independentes ou eliminando por completo sua presença. Em alguns casos até mesmo acabando com a existência do Conselho de Administração.

A justificativa que costuma ser apresentada é que o conselho não tem entregado o que se espera dele pelos acionistas.

O problema, do meu ponto de vista, é que estamos vivendo uma crise sem precedentes em que a queda nas vendas tem acontecido a uma velocidade maior que a capacidade da empresa de se reestruturar ou criar novos instrumentos para enfrentar a situação atual.

Muitas vezes, as empresas se esquecem de considerar que a situação poderia estar muito pior caso medidas prudenciais tomadas por um conselho atuante e vigilante não tivessem sido implementadas em anos anteriores à crise.

A Governança é uma longa jornada que não deveria ser interrompida ao sabor dos fatos atuais, com o risco de comprometer a sustentabilidade de médio e longo prazo da empresa.

Um Conselho de Administração bem constituído, com relevante participação de membros independentes com experiência adequada ao momento vivido pela empresa, pode e deve atuar no sentido de criar alternativas estratégicas, mitigar riscos necessários, evitar que a empresa corra riscos desnecessários, auxiliar o CEO nas suas decisões e cobrá-lo na implementação ágil e eficiente das decisões tomadas a nível de conselho.

Apesar de seu custo, um conselho bem montado e atuante é fundamental para enfrentar as crises e dirigir a empresa a um porto seguro, aguardando o momento de voltar a crescer de forma vigorosa e sustentável e beneficiando a todos os seus stakeholders.

Fernando Bagnoli é chefe do departamento de Direção Geral do ISE Business School.

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