Efeito formigueiro
A casa sofreu uma infestação
Vieram em caravana
E prometiam não ser invasivas
Era apenas uma passagem
Não foi necessário muito
A casa foi tomada pelas visitas
Se esgueiravam pela cabeceira da cama
Acordando quem sonhava profundo
Começaram a desejar os potes de doce
O que forçou dietas
A casa ia se adaptando às surpresas
Os novos integrantes pareciam se reproduzir
Já nem se apresentavam ao chegar ou davam motivos
Quem veio antes começou a achar que estava enxergando coisas
As pinicânias eram meras implicâncias? Talvez
A casa não era mais um lar
O ambiente tornou-se hostil
Vieram as primeiras mortes
Outros se negavam a cometer assassínios
E optavam por comportamentos mais estranhos
A casa tinha rachaduras nas paredes agora
Os moradores genuínos debatiam as cabeças
Acreditando que assim se livrariam das penetras
Outros gritavam para afugentar o incômodo invisível
Alergias, coceiras e tiques brotavam
A casa foi ficando vazia
Ninguém mais suportava ou via solução
Depois que o último habitante original foi embora
Sobrou apenas poeira
O inabitável
E o inacessível aos que não querem ver.