Por um Bife

Filipe Souza Leão
Discórdia
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13 min readOct 22, 2019
Foto: Klaus Pichler para a série "Um Terço"

Vai porque é aniversário do mais novo. Escuro ainda. Nem sol. Desce a escada debaixo da ponte. Do vão. A escada de casa. O chinelo sente a lama, mole, menos mole. No balde a rede, a corda, a faca, a garrafa de água. No canto ali sem a bicicleta, roubada. Sobe e passa por cima de casa, por cima de onde todo mundo passa. Quem sabe e quem não sabe que ali embaixo mora gente. A maré enchendo, a água podre que não dá um nada pra mais de mês. Nada e nada. A reciclagem salva. Vai porque tem que ir, Nilson disse ter cardume no Cabanga, mas é mentira de Nilson. Deve tá melhor do que ali? Deve, mas não deve ter cardume. Mentira de Nilson. Vai porque é aniversário do mais novo. De noite o menino chegou bem bonitinho e disse assim, painho amanhã é meu aniversário né? Queria um presente. Sabe o que eu queria? Eu queria um bife, painho. Um bife? E tu já comeu bife? Já sim, uma vez. Bem bonitinho ele. 5 anos hoje. Os filhos são a maior riqueza. Isso é ideia de um dos mais velhos, de Anderson, que é doido por bife, que lembra quando tinha todo dia. Tá certo, painho consertou a rede e amanhã painho vai jogar e traz o bife tá? Painho anda ligeiro, uns passos curtos, nem um carrinho, nem um boneco, um bife que ele quer e os passos apressados, o balde de um lado, os músculos fortes. Magro, mas forte. Puxar rede com um café e duas bolachas. Painho é forte, né painho? Passa na frente da fábrica vazia. Cedo ainda pra ter fila pra entrar, pra ter cheiro de biscoito. Na rua só os bacuraus. Cruzam. Rápidos. Ligeiros. O sol já já chega e esquenta. Por enquanto esse ventinho frio. E se o sol não aparece? Mas ele sempre aparece, já já aparece, já já esquenta. Esquenta muito, queima a pele grossa. Na vida a gente não pode ter certeza de nada, mas que o sol nasce, ele nasce, dizia Pai quando iam pelo roçado ainda escuro esfregando a remela dos olhos. Nem que não dê nas vistas em dia de chuva, mas ele tá lá. Do bolso da camisa tira o maço de cigarro. Amassado. Dois cigarros tronchos. Acende um, o outro só mais tarde. Antes daquele primeiro cigarro acabar, o céu será azul escuro. Beira o rio por onde uma baiteira volta da pesca. Se tivesse uma daquela pegava muito. Peixe grande. Encostava ali do outro lado e vendia tudo pros meninos. Comprariam tudo, peixe grande todo mundo quer. O homem rema devagar, o remo corta a réstia das luzes, bate na lâmpada do poste, desfaz e ela volta mexida, tremida, balançando. Outra lâmpada, ele bate e ela fica mais mexida, se desfaz, pequenos pedaços amarelos, depois volta um pouco mais inteira, mas ainda mexida, tremida, e se perde, vai atrás da baiteira. Pra frente as luzes do Cais de Santa Rita, lá qualquer hora tem movimento. Na ponte giratória uns meninos, moços, bêbados tiram fotos e gritam e falam alto. Atravessa a pista. Ali pelos armazéns o vento é terral. Não sente cheiro, o cheiro de maresia. É o mesmo cheiro de sempre. As pisadas rápidas pra chegar lá assim que clarear. Tá perto ou no meio do caminho, ou num meio do caminho que parece perto, porque quando subir pelo forte chegou no Cais José Estelita e ali é uma reta só. A correia do chinelo solta. Tira do pé, enfia de novo no buraco. Vai olhando pro chão, pra ver se acha um prego pra segurar mais porque se não volta descalço. Anda sem firmar direito. Sem firmar direito o pé direito.

Sobe o azul, clareia, o céu com cara de céu de dia, as nuvens acinzentadas daqui a pouco brancas. Olha a água, olha de qual lado deve tá melhor, de qual lado. Sem um cardume, sem nem sinal de cardume. Mentira de Nilson. Arrodeia, escolhe e arruma a rede, amarra no braço, joga.

sacola lata de coca

duas carapebas sirizinho

caixa de Toddynho garrafa de danone

três carapebas rede sacola

sacola

carapeba siri sacola

carapebinha de nada madeira sirizinho (sem uma das patas) cabeça de boneca carapeba.

Não sua, o corpo acostumado com o calor joga a rede remendada e segura a faca na mão pra caso de acontecer como da outra vez de um barco puxar, rasgar rede e quase lhe arrastar junto. Saem do Iate Clube os barcos brancos e as lanchas com chapéus e óculos e camisetas e bonés em homens barrigudos e mulheres magras. Trabalhar detrás de uma mesa dá barriga. Mais pra trás a Brasília, um cantinho ali seria bom. Seria. Um quarto pros meninos. Saiu de casa tudo dormindo junto, aquela fileira no colchão. O de 12, o de 10, o de 8 e o de 5. Faz 5 hoje. Tão pequenininho Rafael, chupando chupeta abraçado em Anderson. O bife foi bem ideia de Anderson. No balde, confere que o que tem não dá pra um. Sem vinhoto, hora dessas o balde já tava meado. Um homem daqueles das lanchas atrás de uma mesa pega um carrão e sai pra ver as terras, as plantações de cana. Olha tudo, vê que é muito rico, estibado e não liga e manda jogar o vinhoto no rio. As merdas vão tudo pro rio. Ninguém nem aí. Tudo que é desgraça aqui se joga no rio. Sofá velho, geladeira velha, gato morto, bandido (morto), bosta, mijo. Tudo no rio. Muda o braço da corda, arruma a rede e joga. O sol alto que olha tudo e encandeia quem olha pra ele. Deve ser onze ou meio dia. Precisa jogar mais rede, mas não demais. Pra dar tempo. Passar no cais, vender e passar em Biu, pegar o bife. 5 anos, 5 anos hoje. Fazer pelo menos 10 reais. A vista treme, a mão treme, mas já passa. Pensa que a essa hora a mulher deve estar terminando o almoço. Depois não pensa em nada ou pensa só no jogar a rede, na espera e no puxar. Pensar demais endoida.

O sol queima o outro braço. No balde já 10 ou quase. Já devia ter ido. Jogar a última e que Deus abençoe. Vem, na puxada, duas carapebas e uma sacola. Pronto. Lavar, dobrar e guardar. A hora avança. Daqui a pouco não tem mais ninguém lá pelo Cais. Suspende o balde, os passos ligeiros. Manca o pé direito. Do lado do Cabanga entra no mangue. Um clip de ferro, é fraco. Aperta os olhos pra ver no meio da lama. Um prego. Bota por baixo da correia. Não sai mais. Continua. Tsic tsic tsic. Rápido, pra dar tempo. O Cais Zé Estelita já assombreado pro lado dos armazéns, a tarde corre. Tsic tsic tsic Pega o outro cigarro, o troncho, e ajeita e acende com as mãos que tremem. O balde nas costas, segurando pela alça. Do outro lado, como quem vem, um carro preto, parado, as luzes piscando. Se tiver bom de venda no cais, os meninos pagam bem. Sente o sol, sabe a hora, sabe que Biu fecha o açougue com o sol, pelas seis. Se pudesse comprava em outro canto. Biu é o cão. Onde se viu comerciante tratar freguês daquele jeito. Onde? Onde um grito, a porta do carro preto se abre e uma mulher sai. Não quer saber, de cabeça baixa anda, ela grita ei, moço, eiiii. Não quer olhar, Não quer ouvir, não quer ver, não está ali, está nos meninos que compram peixe e já já vão embora. Ela grita moço, meu pneu. Que inferno não passar mais gente a pé por ali. Ali é perigoso pra uma mulher sozinha. Olha e ela chama com a mão. Bonita, é bonita a morena, nova, corpuda. Ali sozinha. Atravessa. O telefone dela não funciona. O macaco ruim, a roda dura, uma força que não tem mais. Aquela hora. Arruma força, bufa, geme, tira. A moça pergunta se quer ajuda, se pode ajudar. Só abana com a mão. Ia mais é atrapalhar e o sol tá baixando. Daqui a pouco tem mais ninguém no cais. Pra botar os parafusos, mesma coisa, duros. Devia deixar ali e ir embora. Mas não, é perigoso. Mulher assim ali se lasca. Ela encostada no carro, as pernas bonitas, grossas. Pergunta se ele quer um cigarro. Aceita e coloca no bolso. Pra mais tarde. Gostosa ela. Que percebe as olhadas e se afasta, vai pra frente do carro e encosta no capô. Fuma, ela fuma e deve lhe dar um trocado quando acabar. Se ainda vende o do balde, leva mais coisas. Chega em casa com bife, com café, com papel higiênico e mais coisas. Umas bolachas. Daria talvez pra uma lapada, porque as mãos sujas terminam e tremem. A mulher entra no carro, sai e diz que não tem nada ali pra dar a ele. Saiu sem dinheiro. Pede desculpas. Se ele tiver conta no banco, transfere. Ele diz que fez de coração. Ela oferece a carteira de cigarros quase cheia. Aceita e levanta o balde como se suspendesse a vida e continua pro Cais. O outro, o de Santa Rita. Mais rápido e com um cigarro aceso pra enganar a barriga. Rápido, rápido, porque se não nem tempo de comprar bife tem. Ligeiro. O diabo essa roda tão dura.

Olha o cais e ninguém. Ninguém mais vendendo. Pela hora é como se fosse sábado. Pouca gente na rua, nos pontos de ônibus. Deve ser sábado. Deve ser. Não sabe, não tem certeza mas deve ser. Os dias são iguais, começam e terminam do mesmo jeito: azul escuro, depois azul claro, depois, vez ou outra, chuva, aí depois azul escuro, e no fim, preto. Amanhã de novo. É sábado, os pescadores não encostam barcos, é sábado e passam menos ônibus. Um pessoal atravessa a rua e começa a encher a parada de frente onde os meninos vendem os peixes. Onde os meninos não estão agora. E a hora e o sol esfriando. Biu fecha mais cedo ainda quando é sábado. Espalha as carapebas num papelão apoiado em cima do balde. Olha pro povo esperando que perguntem. O povo tem que perguntar, porque se não ele não grita. Não grita, não é vendedor. É pescador. Se alguém perguntar, bem, se não fica ali. Faz tudo por 12. O povo nem nem. Passam ali, a parada enche, é sábado e os ônibus demoram mais e as pessoas olham só pros ônibus, pra hora deles. E a hora dele? 12 conto, se chorar faz 10 que é o que faria pros meninos. Fuma um depois do outro. Tem que chegar em casa sem, se não a mulher vai dizer que gastou o que fez no dia com cigarro caro. Um velho chega perto, olha, olha, se abaixa pra sentir o cheiro, olha de banda, de frente, de costas, vira um peixe. Nada. Volta pra parada e espera o ônibus. Velho filho da puta. Uma mulher magra, bem magra como se doente, olha pra ele, come pipoca no saco amarelo, olha de novo pra ele, olha pro tabuleiro, come pipoca. E de novo, de novo. Se aproxima, devagar, olhando pra ele e olhando pra pista pra não perder o ônibus, se passar. Chega, olha o tabuleiro e pergunta se ali passa ônibus pra Água Fria. Ele levanta, toda a raiva do mundo, coloca o cigarro na boca, vira o papelão, derruba os peixes dentro do balde e sai. Não vai ter um caralho de bife. Não vai ter. Frita as carapebas e come com farinha e vai dormir. Vai chorar. Menino chora e depois passa. Chora e passa.

Nas ruas do Pilar o estômago dói. O balde do lado com as carapebas, os sirizinho, tremendo da mão tremendo. Se fosse na venda trocar pelas coisas que faltam. Não tem bife na venda, mas dava um pedaço de charque. A mulher de lá não ia trocar, ninguém quer trocar, não vai falar pra trocar. Não sabe falar. Pra casa, fritar as carapebas. Os passos apressados param quando decide fumar mais um. Risca o fósforo na caixa e toca fogo pra logo depois pegar o balde e continuar por ali pela rua comprida. Uns homens bebem na barraca e pode ser. Ali pode ser. Pode ser que o dono queira as Carapebas de tira-gosto. O homem baixo, bem pequenininho diz não quero isso não, faço peixe aqui não. Não quer trocar num pedaço de fígado de alemão. Não, isso aí serve não. Pode ir simbora. Quero não, quero não. Já disse quero não. O azul já escurecido. Não devia parar pra ser humilhado ali. Pra quê aquilo? Falar daquele jeito. Devia já ter ido pra casa. Mas era o bife, o bife do menino. Se fosse fígado de alemão ele nem ia notar. Ia achar que era bife salgadinho. Acende mais um cigarro olhando pra rua comprida e depois olha pro dono da barraca, os olhos fixos como se dissessem o que queria dizer. O homem olha de volta e depois mexe nas garrafas. Levanta o balde, acabou-se, agora só para em casa. De lado da barraca uns homens bebem e num fogareiro queimam carnes. Um galego para e pergunta o que tá vendendo. Tira a rede e mostra o fundo do balde com aqueles peixinhos e os sirizinhos. O galego pergunta quanto ele quer, ele diz que por 10 leva tudo. O galego diz que paga cinco. Não responde. Só balança a cabeça e volta a colocar a rede no balde. O galego mexe na carteira, no bolsinho de moedas e diz sete. Ele tira a rede do balde, sem falar. Bota numa sacola. Um outro, um negro gordo pergunta como é bom de comer e ele diz frito, bem fritinho. Limpa um pra gente ver como que é. Ele pega a faca e faz um talho no bucho do peixe, o galego oferece uma lapada de cana e diz pra ele pegar uma asinha. Ele limpa, bebe e come. A comida e a cachaça se embolam no oco. Para de tremer. E limpa mais um e mais um e agora o negro, o gordo, bota mais no copo. Bebe metade. E limpa mais e limpa mais esfregando o dedo no bucho do peixe. Bebe o resto do copo e diz que tem que ir e que tem que lavar e secar e botar um sal e botar pra fritar pra ficar bom. E se apressa, os passos rápidos. E passa na venda e entra pra comprar papel que tá faltando em casa. Um só. O resto pro bife. Essa hora, sábado, se Biu vender. O céu azul escuro, já quase preto. Pro fim. Se Biu tiver aberto.

Eu bebo, doutor, não vou mentir que quando eu tenho um dinheirinho sobrando eu bebo mas eu não bebi muito não, doutor. Bebi não. Os cabras me deram pra inteirar o pescado que eu vendi pra eles tomei duas lapadinhas de virote, doutor, só, rapidinho. Antes de chegar em Biu eu fui na venda, doutor, ainda tava aberta. Eu comprei esse rolo aí ó de papel. Fiquei com o resto pro bife, doutor. Aí eu cheguei lá, doutor, tinha 6,50. Não fui atrás de nada de graça não, doutor, de pegar o que é dos outros não senhor. Biu já tava de porta baixa lavando, a água saindo por baixo da porta. Não era pra ter sido assim não, doutor, não era não. Aí eu bati na porta e disse assim, Biu, sou eu rapaz, me arruma 5 contos de bife aí. Ele me conhece, doutor, ele sabe quem eu sou. Todo mundo aí sabe quem eu sou. Pode perguntar que todo mundo vai dizer que eu sou trabalhador, doutor. Eu pesco aí, pesco aí nas pontes, pego reciclagem, doutor. Eu sou trabalhador. Olhe aqui atrás, doutor, ó minhas mãos, ó os calos de tanto puxar rede. Tá, doutor. Aí eu gritei pra ele Biu me vende 5 contos de bife aí. Aí ele gritou lá de dentro já fechei. Eu disse que era pro aniversário do meu menino, o de 5 anos. Ele sabe quem é também. Eu ando com ele por aqui, doutor. Com Rafael. Aí ele disse vou vender porra nenhuma. Aí eu disse mas rapaz é rapidinho me passe aí por baixo da porta só 5 de bife. Ele é assim, doutor, é assim não faz um favor pra seu ninguém. Trata é mal todo mundo, doutor. Nunca vi um negócio desses, doutor. Tem um comércio e trata os freguês tudo com grosseria. Pode perguntar, doutor. Tá, doutor, eu conto eu conto. Aí depois ele veio e levantou a porta manifestado, doutor. Eu não sou homem de confusão não, doutor. Não sou não, doutor. Aí ele disse bora féladaputa vai embora já disse que não vou vender carai de bife nenhum. Já fechou. Bora miserávi eu já não disse que tá fechado? Amanhã, amanhã você compra. Aí, doutor, ele jogou a água com a vassoura com toda força pro meu lado, doutor, pra me molhar. Eu olhei, doutor, e as carnes tudo lá ainda no balcão, doutor. As carnes ainda tudo lá. Custava? Aí eu disse assim rapaz as carnes tão ainda ali ó. Aí ele disse eu já disse que eu não vendo? E agora, pra tu, eu não vendo nem hoje nem amanhã. Bora. Eu disse eu não tô lhe pedindo fiado não, eu tenho dinheiro. E ele disse e eu quero dinheiro teu? Aí eu me virei, já pra ir embora, doutor, porque eu não sou de confusão, já tava indo embora, doutor, já tava indo porque ninguém merece humilhação não, doutor. Aí ele pegou a mangueira, doutor, e jogou a água mermo em mim. Pelas costas. Aí eu não aguentei não, doutor, parti pra cima dele. E não foi a bebida não doutor. Foi não, que eu tô bonzinho ó. Foi aqueles negócios que dá, doutor, que a vista escurece e a gente não sabe o que faz, doutor. Eu peguei ele e me embolei com ele no chão, doutor. Dei umas nele, doutor, eu dei, doutor. Ele ficou zonzo no chão, doutor. Aí eu fui no balcão e disse que ia pegar o bife, doutor, hoje é o aniversário do mais novo, doutor. Faça um negócio desse comigo não. Peguei esse bife aí, doutor, botei no saco e ele levantou-se do chão. As coisas tava tudo assim lavada na pia e ele pegou uma peixeira pra mim e disse pra eu deixar lá. Disse que ia me furar, doutor. Aí eu disse que não ia não e botei o dinheiro no balcão porque eu não sou de pegar o que é dos outros não, doutor. Ele disse enfie esse dinheiro no cu e veio pra cima, doutor, com a peixeira na mão. O martelo de bater bife tava assim de lado eu peguei e não lembro mais não, doutor. Não lembro não. Mas se o senhor tá dizendo que eu matei ele com esse tanto de pancada, eu vou dizer o quê?

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Filipe Souza Leão
Discórdia

Nasci em Maceió, cresci no Recife, vivo em São Paulo e escrevo.