Utopia Anárquica ou Anarquia Utópica?

Leopoldo Luiz Diniz Lopes
Disruptuose
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3 min readOct 6, 2017

A ideia de uma condição social anárquica tem sido objeto de diversos pensadores ao longo dos tempos. Do antagonismo entre as teses bakuniana e de Murray Rothbard, a completa destituição de qualquer força de um Estado regulador seria uma espécie de El Dorado política.

Resultante tanto da instauração de um cenário igualitário socialista, bem como dos individualismos da livre iniciativa privada.

Independente do prelúdio a ser seguido para se atingir a utopia, e considerando a luz de algumas inferências diretas que podemos fazer, dentre elas: o esfacelamento do conceito de nação, o problema da segurança fronteiriça, a manutenção da lei e da ordem, etc. E cujas respostas variam de acordo com duas teorias divergentes acerca do ethos humano: a bondade natural e inata do homem, apontada pelo filósofo Francês Jean Jacques Rosseau e o “Homo Homini Lupus” (Homem lobo do homem) de Thomas Hobbes.

Se no primeiro a natureza divinizada da espécie humana garantiria de maneira quase mágica o ordenamento social, em Hobbes a questão toma matizes um tanto mais complexas. O fato é que ambas não tratam as peculiaridades práticas de uma extirpação do Estado, mas ainda assim existem grupos que defendem com veemência o fim do controle do “governo”. Seja ele de direita ou de esquerda.

Acredito na liberdade máxima do indivíduo para que este possa atingir plenamente seu potencial humano de evolução enquanto espécie. Algo próximo a simbiose teorética entre o que seria o homem de Nietzsche através de um organum webberiano. Explico melhor:

O que acredito e defendo não seria uma condição social anárquica, mas sim uma organização social anarquística.

Uma organização onde as convenções e normativas garantidoras de uma ordem civil fossem tão importantes e significativas para as pessoas que não fosse necessário um Estado Maior que regulasse possíveis impasses, simplesmente porque estes não existiriam. Cadeias sequer fossem pensadas, uma vez que o senso de justiça estaria tão imbuído na mente das pessoas que um ato de contravenção fosse motivo para a auto punição. Uma sociedade onde a educação e o progresso humano fosse levado a sério, a cabo e aos extremos. Um lugar onde a liberdade fosse experimentada de forma plena e respeitosa. Onde o Estado não fosse destituído para garantir a liberalidade de ação do indivíduo, mas se tornasse desnecessário tendo em vista o estágio de desenvolvimento humano que prescinderia desta modalidade de representação governamental. Eis a magna diferença entre uma condição e uma organização, entre um Estado de Natureza sem Estado e uma Potencialização Transvalorativa Liberta e Plena.

Entendo que esta configuração seria a única forma de garantimos uma experiência real de anarquismo, por mais utópica que a ideia possa parecer. Aliás, já que sonhar não paga imposto, e diante da iminente necessidade destes tempos hodiernos de posicionar-se politicamente, fica aqui exposta minha crença e motivação para o mundo que sonho (re)construir para os meus descendentes.

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Leopoldo Luiz Diniz Lopes
Disruptuose

Indagar o mundo é uma paixão, aprender compulsivamente um hobbie e compartilhar dúvidas uma tentação que espanta e exorciza monstros que não criei.