O PT criou Bolsonaro, parte 5

A Captura de Mentes

Ariel Paiva
A Dissidência
4 min readOct 27, 2018

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A eleição de 2018 só é a mais polarizada da história porque a esquerda perdeu o controle sobre algumas mentes. Foram anos de intragável dominação política, econômica e cultural, impondo uma agenda que o cidadão brasileiro já não aceitaria se fosse feito por alguém honesto, que dirá de alguém que encabeçou dois dos maiores escândalos de corrupção do planeta.

Evidente que, depois de quarenta anos lutando e galgando o espaço no cenário político nacional, não é uma eleição que vai derrubar um partido que, em suas bases, é fascista, mas à esquerda.

O Partido dos Trabalhadores soube se reinventar. Das guerrilhas para as ruas e às redes sociais. Assim como seu parceiro, o MDB, sempre esteve envolvido com o poder. Seja dominando a oposição, liderando movimentos de esquerda e extrema esquerda ou no cargo máximo da estrutura estatal brasileira, o PT esteve na boca do povo e tratou este como massa de manobra.

Sempre que acuado, Lula fez a famosa guerra de classes. Não por estudo, conhecimento ou um plano maligno, mas porque é assim que são costuradas as vitórias políticas: dividir para conquistar. São os heteros contra os gays, os ricos contra os pobres, os brancos contra os negros e as mulheres contra os homens. Advogou-se, e ainda se tem essa ilusão, que a esquerda é a única a se preocupar com as minorias — e mesmo quem esteve do lado petista, agora abre os olhos para essa manipulação.

O Partido dos Trabalhadores usou a população que, por ignorância, acreditou ser defendida pelas medidas do partido. Este, por sua vez, aproveita-se do apoio sempre que lhe convém, ou seja, quando está acuado. O governo dos pobres contra os ricos nunca enriqueceu tantos bancos, protegeu a indústria e deu dinheiro a empresários. O governo das minorias destinou R$39 milhões a secretaria da igualdade racial, R$182 milhões para a secretaria de políticas a favor das mulheres e R$219 milhões para a secretaria de direitos humanos — o ministério da PESCA teve R$ 254 milhões na mesma época, sem contar o orçamento que saiu do BNDES para a Odebrecht, por exemplo.

O governo das mulheres contra os homens teve gafe, machismo e desrespeito às mulheres. O governo dos negros contra os brancos girou sempre em torno de uma figura branca, cercada por homens brancos, que enriqueceu enquanto as prisões se enchiam de gente negra. O governo onde a empregada doméstica coloca seu filho na faculdade, viu sua renda sumir, sua carteira assinada virar sonho distante e a universidade do filho falir. O governo onde a desiguldade é cada vez menor viu o desemprego bater recorde, a renda voltar à década passada e o povo no SPC.

O governo das minorias e das boas intenções fez tudo certo para a oposição. Transformou um deputado federal ignorante e inexpressivo num fenômeno pop, um rockstar da política brasileira. Assistiu à própria derrota em primeiro turno para um candidato que não tem dinheiro, tempo de televisão ou profissionalismo em sua campanha. Está assistindo a esquerda virar o nariz pra ela, antigos redutos petistas agora se tornarem bolsonaristas e seu líder conduzir uma campanha da cadeia.

Não contente com tudo isso, lançam um programa de governo que em nada perde para as declarações de Jair Bolsonaro: fascista, anti-democrático e favorável à perpetuação do poder.

Agora, como sempre fizeram, pintam o candidato da oposição como a reencarnação de Hitler. Porque é evidente que, se o nazismo está para voltar, o socialismo não pode ser pior, afinal ele é formado por flores, segundo as mentes capturadas.

O PT plantou tudo isso para não dar o braço a torcer. Se perder, ficará os próximo quatro anos torcendo pra dar errado, como sempre. Se ganhar, ou cometerá estelionato eleitoral ou quebra o país. Infeliz é o Brasil que, entre o fascismo militar e o sindicalista, já perdeu.

REFERÊNCIAS DA SÉRIE

BRASÍLIA. Lei n. 13115, de 20 de abr. de 2015. Projeto de Lei Orçamentária para 2015. PLOA 2015. Romero Jucá. Brasília, p. 1–63, abr. 2015. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/orcamento/documentos/loa/2015/elaboracao/parecer-preliminar/relatorio-preliminar/at_download/file>. Acesso em: 27 out. 2018.

GALVÃO, Vinicius Queiroz. Saiba mais sobre a disputa dos radicais com o PT. 2003. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u56391.shtml>. Acesso em: 12 out. 2018.

GENOÍNO, José. Votação de fusão de emendas relativamente ao inciso I, do art. 7º, do Projeto de Constituição, correspondente ao art. 8º da emenda 2038, do Centrão (Estabilidade no Emprego). 1988. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/25-anos-da-constituicao-de-1988/Jose-Genoino-7533.pdf>. Acesso em: 13 out. 2018.

JEFFERSON, Roberto. Roda Viva. 2005. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Qpx9Bq3XrIo>. Acesso em: 12 out. 2018.

LO PRETE, Renata. Contei a Lula do “mensalão”, diz deputado: Jefferson afirma que foi “informando a todos do governo” sobre a mesada a deputados paga por Delúbio e que Lula chorou ao saber do caso. 2005. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0606200504.htm>. Acesso em: 12 out. 2018.

MIGNONE, Ricardo. PT expulsa radicais do partido. 2003. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u56445.shtml>. Acesso em: 12 out. 2018.

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Ariel Paiva
A Dissidência

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