A dicotomia da nova geração

Raciocínio x Criatividade

Rodrigo Moncks
3 min readJun 8, 2014

A opinião de todos que acompanham o dia a dia de uma criança nos “anos 2010" é quase unânime: eles são mais inteligentes do que nós éramos. Quiçá, mais inteligentes do que nós somos no momento. Mas será que isso é verdade? E se for, será que é totalmente bom?

Não é só o povo que afirma: um estudo realizado em 2012 pela Duke University, da Carolina do Norte/EUA, comprovou que o QI dos jovens vem em uma ascendente nas últimas décadas. Isso pode não significar diretamente inteligência — pois o teste de QI foca no raciocínio lógico, e inteligência é muito mais do que isso —, mas é sem dúvida uma sólida comprovação de que algo diferente está acontecendo com as crianças de hoje em dia. O crédito para esta diferença causa divergência entre profissionais, variando entre a mudança nos métodos de ensino e a ascensão da tecnologia. A receita me parece uma simples mistura entre estes dois, afinal, um colabora com o outro. A verdade é que qualquer um que vê uma criança de 2 anos dominando um smartphone não demora muito a pensar no que fazia quando tinha essa idade…

Hoje em dia, crianças com 2 anos de idade conseguem desbloquear um iPhone e abrir e fechar seus aplicativos favoritos, sozinhos. Quando eu tinha essa idade, eu estava comendo terra.

Porém, toda essa evolução leva a um problema. As crianças de hoje em dia estão sempre ligadas — na televisão, em um celular, no computador ou no tablet —, e consequentemente, não ficam entediadas. Só que o tédio, meu amigo, leva à criatividade. O tédio, o tempo livre (para os que não lembram, são aqueles minutos que você passa sem verificar o facebook, assistir a um filme ou passar de fase no angry birds), é a chave para que adultos e crianças reflitam e liberem sua imaginação. São nesses momentos que o ápice da criatividade acontece, e é isso que a nova geração gradativamente perde.

“A imaginação é mais importante do que o conhecimento. Pois enquanto o conhecimento define o que nós sabemos e entendemos atualmente, a imaginação aponta tudo o que ainda podemos descobrir e criar.” -Albert Einsten

E é aí que se cria a dicotomia: de um lado, o raciocínio; de outro, a criatividade. Me parece que muitos de nós temos/tivemos que escolher entre estes dois conceitos ao definir o que estudar, com o que trabalhar, de que forma viver. E enquanto muitos conseguem aliar estas duas forças antitéticas, não vejo mal em quem escolhe um lado. O problema é quando toda uma geração parece crescer em um ambiente que prevalece uma em oposto à outra, e se tem algo que deve ser evitado é o ensino de ideias pré-concebidas.

Mas, não me leve a mal. Não estou aqui para dar ordens ou dicas; não vou aconselhar um pai à dar um tablet para um filho de 5 anos, assim como não vou convencê-lo a colocar este mesmo filho sozinho em um quarto com nada mais do que uma caixa de papelão. As duas experiências são válidas, e tenho certeza que uma criança pode tirar igual proveito de ambas. Apenas sugiro a vocês a reflexão sobre este tema, quem sabe em um raro momento de tempo livre.

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