A vacinação deve ser obrigatória para a participação de eventos?
No texto dessa semana, vamos encontrar a resposta dessa pergunta utilizando simulações computacionais
Introdução
Nessa semana, o presidente da república foi barrado na entrada da Vila Belmiro, no jogo do Santos contra Grêmio [1], pois não apresentou o comprovante de vacinação. Em sua defesa, disse que possui mais anticorpos comparado a quem toma vacina, o que é uma falsa afirmação, visto que 36% das pessoas que tiveram a doença não desenvolveram anticorpos [2], enquanto que, para vacinados, essa porcentagem é inferior à 5% [3]. Ainda assim, será que essa decisão de barrar foi correta? No texto de hoje, vamos buscar essa resposta através de simulações!
Definindo os parâmetros
Serão realizadas 4 simulações distintas, representando possíveis cenários dentro de um evento/ambiente:
- Vacinados + Não-Vacinados (sem máscaras);
- Somente Vacinados (sem máscaras);
- Vacinados + Não-Vacinados (com máscaras);
- Somente Vacinados (com máscaras).
Nos ambientes com vacinados e não vacinados, a proporção será de 50%/50%, valor próximo da quantidade de pessoas vacinadas (2 doses) no Brasil atualmente. A eficácia escolhida para as vacinas foi de 50%, visto que todas disponíveis no brasil possuem valor superior a esse. A probabilidade de contágio natural entre pessoas sem máscara foi definida como 60%, de acordo com [4], e 15% para aqueles que a utilizam. Ao todo, serão 50 indivíduos saudáveis e 10 infectados. A simulação foi feita utilizando Python 3.8 [5].
Simulação 1 — Vacinados + Não-Vacinados (sem máscaras)
Nessa primeira simulação, temos 25 de cada grupo e 10 infectados, todos sem máscara. Os pontos verdes representam os não-vacinados, os violetas representam os vacinados e os vermelhos os infectados. Abaixo, a simulação:
Podemos observar que, no final da simulação, a maioria fica infectada: dos 50 saudáveis, apenas 7 não foram infectados. Isso representa apenas 14% da nossa população, demonstrando um grande risco para os indivíduos um ambiente com essas características.
Simulação 2 — Apenas Vacinados (sem máscaras)
Nessa próxima simulação, temos 50 vacinados e 10 infectados, todos sem máscara. O sistema de cores se mantém. Abaixo, a simulação:
Agora é possível ver uma quantidade de infectados menores, mas ainda predominante: apenas 22 não foram infectados, representando 44% da população. Embora houve um aumento de 3 vezes desse número, ainda é um cenário preocupante. Vamos, então, adicionar máscaras!
Simulação 3 — Vacinados + Não-Vacinados (com máscaras)
Essa simulação é semelhante à primeira, no entanto, a probabilidade de contágio é menor, visto que agora os indivíduos utilizam máscaras (se não lembra os valores de contágio, reveja a Figura 1). Simulando:
Aqui vemos uma redução drástica do número de infectados. Apenas 11 saudáveis foram contaminados, os outros 78% da população ficaram protegidos do vírus. Esse resultado, por si só, mostra a grande importância das máscaras nesses ambientes.
Simulação 4 — Apenas Vacinados (com máscaras)
A ultima simulação é semelhante à segunda, mas agora com a probabilidade de contágio corrigida com o uso de máscaras. Hora de simular:
Apenas 8 novos infectados. 88% da população não foi contaminada, o que mostra que a vacinação somada ao uso das máscaras barra intensamente o avanço da contaminação, garantindo segurança às pessoas.
Resultados finais
Após as quatro simulações, vamos ver o crescimento de casos em cada uma usando a figura abaixo:
É possível ver o grande impacto que as máscaras fazem: só de adicionar elas, o número de infectados reduz para um valor inferior que a metade. Além disso, a vacinação é outro aspecto que influencia bastante nesse resultado. Com isso, podemos concluir que:
Máscaras e vacinas salvam vidas!
Conclusão
Para evitar que aumentem os casos de Covid-19, é necessário tomar diversas medidas, como uso de álcool em gel, distanciamento social, uso de máscaras e vacinação. No texto de hoje, mostramos o impacto de duas dessas medidas, indicando que existe a necessidade de barrar, em eventos, aqueles que não foram vacinados ou que estejam sem máscara.
Gostou desse texto? Continue seguindo o nosso Medium para receber informações desse tipo e de outros temas interessantes! Acompanhe também o ARGO no Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter!
Referências
[2] https://www.nebraskamed.com/COVID/covid-19-studies-natural-immunity-versus-vaccination
[3] https://www.nature.com/articles/s41564-021-00947-3
[4] https://aip.scitation.org/doi/10.1063/5.0041596
[5] Van Rossum, G., & Drake, F. L. (2009). Python 3 Reference Manual. Scotts Valley, CA: CreateSpace.