Máscaras N95 e PFF-2 — Entendendo seu funcionamento e suas diferenças

Apresentando o significado desses nomes, quais suas características e como elas ajudam a reduzir as chances de contaminação.

Destaques

- Máscaras reduzem as chances de contágio, protegendo não apenas o usuário mas aqueles a sua volta;

- Diferentes máscaras estão disponíveis no mercado, duas com grande poder de filtração são as PFF2 e a N95;

- A diferença entra essas duas máscaras são a regulamentação que elas seguem, uma é europeia e outra norte-americana.

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Introdução

O uso de máscaras durante a pandemia de Covid-19 foi fundamental para reduzir o número de casos e garantir uma proteção para aqueles que não podem trabalhar de casa. No entanto, a grande diversidade de máscaras disponíveis no mercado pode confundir o consumidor. No texto de hoje, vamos explicar como as máscaras reduzem o contágio, além de características de algumas máscaras.

Transmissão no Ar

Em 9 de julho de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhecia o risco de transmissão do vírus pelo ar [1], mudando os protocolos sanitários da época. A transmissão ocorre da seguinte forma: espirros e tosses de pessoas infectadas emitem partículas de diferentes tamanhos, podendo ser divididas em dois grandes grupos, aerossóis (tamanho inferior a 5 µm*) e gotículas (tamanho superior a 5 µm*) [2].

* 1 µm [micrometro] = 0,001 mm [milímetro]

As gotículas maiores caem nas superfícies, pela própria ação da gravidade, enquanto que os aerossóis ficam no ar, podendo infectar aqueles que os inspiram. Para evitar que isso aconteça, é necessário utilizar máscaras, mas aquelas que são capazes de filtrar essas partículas.

Figura 1 — Divisões das partículas. Fonte: autor.

Máscaras

PFF-2

Na Europa, as máscaras descartáveis entram em uma norma (EN 149:2001) que divide em 3 classes de PFF (Peça Facial Filtrante) [3]:

  • PFF-1: máscaras que conseguem filtrar pelo menos 80% das partículas com tamanho de 0.3 µm;
  • PFF-2: máscaras que conseguem filtrar pelo menos 94% das partículas com tamanho de 0.3 µm;
  • PFF-3: máscaras que conseguem filtrar pelo menos 99% das partículas com tamanho de 0.3 µm.

N95

Nos EUA, as máscaras são classificadas em duas características, sua resistência a óleo (N se não oferecer nenhuma resistência, R se apresentar alguma resistência e P caso seja bastante resistente) e a sua capacidade de filtração (95 se conseguir filtrar pelo menos 95% das partículas, 99 se conseguir filtrar pelo menos 99% e 100 se conseguir filtrar pelo menos 99.97%) [4]. Ou seja, a máscara N95 não é resistente a óleo, mas possui poder de filtração de 95%.

Agora que entendemos as características dessas duas máscaras, podemos ver que elas são praticamente semelhantes (94% e 95% de filtração, diferença pouco significativa). Com isso em mente, veremos agora o efeito delas no caso da Covid-19. Na imagem abaixo, estão representados aqueles dois grupos de partículas mencionados anteriormente em 3 eventos diferentes: espirros, tosses e expirações.

Figura 2 — Partículas emitidas em (a) espirros, (b) tosses e (c) expirações. A nuvem branca se refere às partículas de aerossóis, enquanto que os pontinhos em verde são as gotículas. Extraído de [5].

Nessa figura, vemos que em espirros e tosses há partículas que alcançam alguns metros de distância. Ou seja, mesmo em distanciamento de 1.5m como é recomendado, haveria a possibilidade de contaminação pelo ar. Abaixo, podemos ver bem o efeito da máscara N95 nessas partículas.

Figura 3 — Comparativo entre partículas emitidas por um infectado sem máscara (em cima) e um com máscara N95 (abaixo). Adaptado de [5].

É significativa a diferença do número de partículas, demostrando a importância do uso dessas máscaras. Veremos agora o efeito da máscara em um ambiente hospitalar, descrito bem em [5]. Os contágios em um cômodo com diversos leitos podem ser divididos em dois grupos: curto-alcance e longo-alcance. Os contágios de curto-alcance ocorrem nas regiões próxima do infectado, principalmente com os profissionais da saúde que o acompanham. Os de longo-alcance, por sua vez, ocorrem quando as partículas com vírus são levadas para outras regiões do quarto, devido ao fluxo de ar ambiente. O efeito do uso de máscaras nesse ambiente pode ser observado na figura abaixo.

Figura 4 — Representação do ambiente hospitalar. (a) fluxo de ar ambiente do quarto. Aerossóis (nuvem branca) e gotículas (pontos verdes) liberados por um paciente infectado (b) sem máscara, (c) com máscara cirúrgica e (d) com máscara N95. Extraído de [5].

Na figura 4, vemos que um paciente sem máscara emite gotículas em diversas superfícies próximas a ele, podendo infectar aqueles que tiverem contato (contágio de curto-alcance), e aerossóis que podem ser levados para outros pacientes presentes (contágio de longo-alcance); enquanto que a utilização de uma máscara N95 consegue reduzir esses dois efeitos.

Conclusão

No texto dessa semana, apresentamos como que o vírus da Covid-19 pode ser transmitido pelo ar junto às características das máscaras disponíveis no mercado, além da sua importância e seus efeitos. Então agora já sabe, não esqueça da sua máscara ao sair de casa!

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