#1 — A Experiência de Jogo

Jairo B. Filho
Diário de um Game Designer
3 min readFeb 7, 2018

Como pretenso autor de jogos que sou (e alguns já foram resenhados aqui e aqui), venho acabar com minha ausência neste espaço para compartilhar com os amigos leitores, daqui em diante, os enfoques neste hobby que, aos poucos, torna-se algo maior para mim.

Não se trata de teoria sobre o design de jogos, claro; ainda não tenho a capacidade de me aprofundar nesta parte técnica do campo. O que venho compartilhar com vocês aqui é a minha experiência pessoal (e, por que não dizer, passional) com a confecção de jogos narrativos — baseada na leitura e contato com jogos narrativos de todo gosto, e toda ordem.

E, para começar com o pé direito, vamos ao que penso ser a origem de todo bom projeto: a Experiência.

“Sobre o Quê é o Seu Jogo?”

O título acima corresponde a uma das Três Perguntas de Jared Sorensen (sobre as quais discorri neste artigo aqui). E penso que ela abrange, em termos, o que pretendo abordar aqui.

A experiência de jogo é, ao meu ver, a mensagem que ele pretende passar para seus jogadores (ou, até mesmo, para seus leitores). É o seu foco principal, sua premissa… seu contexto.

De uma forma bem direta, é a sua justificativa.

O que, sob meu ponto de vista, coloca os jogos como linguagem para algo maior. Mas não serei precipitado — entro neste ponto do assunto em breve…

Então, se você pensa (ou vai) escrever um jogo, o primeiro aspecto que precisa ser pensado é este: qual é a experiência que o seu projeto traz aos jogadores? E isso se traduz em diversas perspectivas:

Pode ser um cenário ricamente trabalhado, como acontece na Lenda dos Cinco Anéis…

Pode ser uma sensação transmitida aos jogadores, e diretamente construída por eles, como acontece nas mesas de Abismo Infinito…

Ou, quem sabe, oferecer uma premissa simples e bem amarrada a uma mecânica que a complemente, como em Dust Devils.

Estes são apenas alguns exemplos — alguns entre vários, é claro. E você também não precisa se basear apenas neles. Afinal, cada jogo tem a sua premissa particular, e isso o torna único.

Com isso posto, é hora de entender ao que tomo como “o grande desafio” do design:

A Estrutura de Jogo

Quando você tiver a experiência bem definida para seu jogo, chega o momento de traduzi-la em palavras para o seu público. Pode ser em uma história bem talhada, em regras trabalhadas no mesmo contexto ou em uma proposta para seus jogadores. Não é algo fácil, eu digo: na verdade, é um processo de ida e volta constante (da experiência para o papel, e vice-versa) que, em algum momento, vai resultar na forma final de seu projeto.

E isso vai se desenrolar em outros processos diretamente ligados à experiência. Processos estes que pretendo abordar em textos futuros.

No entanto é importante saber uma coisa. A experiência define o jogo, e todas as escolhas feitas para delimitá-lo.

Então, se você busca criar o seu jogo, leve o máximo de tempo possível para definir o que você busca como experiência para o seu projeto. Uma boa dica é ler (e também jogar) o máximo possível de jogos, dos mais variados. É experimentando que você vai, efetivamente, definir sua experiência.

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Jairo B. Filho
Diário de um Game Designer

Game Designer independente, fundador do selo Jogos à Lá Carte e entusiasta de pesquisas e boas conversas.