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{chá com Bia no lugar chamado Morada da vida}

Bruna Coelho
{do meu caderno de campo}
2 min readAug 3, 2020

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A experiência de leitura pode ser como uma conversa para tomar chá ou outra bebida, ou um papo na mesa de um bar, diria uma professora amiga. Isso acontece quando pegamos um texto e o lemos como quem troca ideias com a pessoa que o escreveu. É algo fantástico. Melhor ainda quando começamos a nos sentir amigas de quem escreve.

Pois então, o cotidiano familiar me convida a tomar um chá com Bia outra vez. Não a Bia daqui de casa, mas a Heredia. Aquela que conheci na graduação e voltei a encontrar no mestrado. A encontrei apenas em textos, nunca ao vivo.

Conheci a Beatriz Heredia em trechos de um livro chamado A morada da vida — o trabalho familiar de pequenos produtores no nordeste do Brasil, onde ela relata o cotidiano rural em pesquisa realizada em 1972.

Hoje eu me encontro em um dia a dia permeado pelas dinâmicas familiares de um outro contexto rural, não tão diferente daquele estudado por ela. Então me vem aquela vontade de ler novamente os textos de Bia e dialogar com ela sobre o que mudou e o que permanece.

Sinto-me convidada a olhar o modo como as questões estruturais se apresentam aqui e como atravessam a minha vida. Sinto-me convidada a refletir sobre o modo como os desafios se diferem daqueles aos quais já estou familiarizada.

Talvez até refletir sobre como isso tudo me faz sentir sobre o modo como o patriarcado rural salta diante de mim e às vezes parece que me vai trucidar viva. E de como, ainda assim, essa terra é a morada da vida, a herança que fica.

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Bruna Coelho
{do meu caderno de campo}

Sou carne, osso, pele e gordura | Sou sonhos, desejos, medo e ternura.