A informação salva vidas: conheça o papel dos hemocentros

O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina registra, pelo menos, 490 doações de sangue diariamente; mas esse não é seu único papel

ana
doareviver
6 min readJun 4, 2020

--

O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina atualmente coordena a Hemorrede Pública do Estado de Santa Catarina / Foto: GovSC

O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), desde 1987, tem como intuito prestar atendimento de qualidade para a população catarinenses a área hematológica. Atualmente nove cidades possuem um posto de coleta, com objetivo de integrar todas as regiões do estado. Mas você sabe quais são os serviços prestados no local? E que ele não coleta apenas o sangue? Confira e descubra todos os caminhos que precisam cruzar com o Hemosc.

Doação de sangue

Ao escolher ser doador, a pessoa tem que ter em mente que o processo requer cuidado. A partir do momento que seu sangue pode entrar no organismo de alguém, você tem que ter consciência de suas atitudes e rotina. Antes de qualquer coisa, é muito importante que o possível doador entre no site do hemocentro da sua cidade/estado e confira uma série de dados que impede que a doação aconteça, como doenças, tatuagens, exames, remédios e seu bem-estar.

Depois de se encaixar em todos esses detalhes, basta que a pessoa compareça no hemocentro mais próximo bem alimentado e descansado. Ao chegar lá, inicia um pré-cadastro, que inclui perguntas simples de contato. Depois, recebe uma prancheta com uma lista de perguntas, aquelas que se encontram no site, para verificar se realmente a pessoa pode realizar a doação e não se comprometer e nem comprometer os futuros receptores.

Os procedimentos são realizados por técnicos (as) de enfermagem supervisionados (as) por enfermeiros (as). Caso haja algum problema no momento da doação de sangue (reações), o doador é atendido por enfermeiros e médicos / Foto: James Tavares/Secom

Após esse compromisso e afirmar que todas as respostas são verdadeiras, o possível doador é chamado para uma sala denominada pré-triagem. Lá, o técnico de enfermagem avalia a altura, peso, temperatura e pressão, como também realiza um pequeno teste para verificar se a pessoa tem hemoglobinas suficientes para realizar a doação.

Com o resultado positivo dessas avaliações, o doador dá seu último passo antes de entrar para a sala de coleta. É chamado para a triagem, processo parecido com uma consulta médica de rotina, na qual o profissional avalia as perguntas respondidas no início do processo e reforça outras. Se caso ele achar que uma dessas questões podem lhe prejudicar ou ao futuro receptor, ali mesmo é conversado e a pessoa deixa de realizar a ação. Mas, se tudo estiver bem, ainda é comentado sobre o voto de autoexclusão, no qual, mesmo com tudo dentro do padrão, pode haver o pedido, por parte do indivíduo que foi doar, para não realizar a ação. Neste caso, ele doa, mas essa bolsa de sangue é automaticamente descartada.

Processo de coleta

Uma única doação pode salvar até 10 bebês ou quatro adultos / Foto: Maykon Lammerhirt / BD

O último passo é a lavagem das mãos e punhos. Depois, inicia a coleta. Esse processo é simples, mas realizado com muito cuidado. Enquanto a bolsa de sangue está enchendo, a pessoa é acompanhada o tempo inteiro. No caso de qualquer intercorrência, o atendimento é feito por um médico e enfermeiros. No fim, o doador passa para a última sala, a do lanche, onde se alimenta e deve se hidratar, além de ser acompanhado de 10 a 15 minutos para observar possíveis reações. Todo esse processo, que inicia na chegada ao hemocentro e termina com a alimentação e liberação, leva em torno de apenas 50 minutos. Tempo necessário para que a bolsa de sangue doada seja capaz de salvar até quatro vidas.

O doador finaliza todos os passos, mas seu sangue tem um longo caminho pela frente. Para poder chegar ao futuro receptor da maneira correta, existem vários processos realizados com o sangue antes. De acordo com a assessoria do Hemosc, o material é congelado para se adequar a temperatura ideal das plaquetas, estipulada para 24ºC. Em seguida, o material é encaminhado para o setor de Processamento e Distribuição do Sangue. Tubarão, como é apenas uma unidade de coleta, encaminha esse sangue para a unidade de Criciúma, que possui esse setor.

Lá, depois de um processo para resfriar, as bolsas são centrifugadas e os hemocomponentes (hemoglobinas, plaquetas, plasma e criopecipado) são separados. Em seguida, passam por um processo de liberação dos resultados sorológicos e imuno-hematológicos, os exames que comprovam se não há doenças que impedem a doação, durante 24 horas e, assim, são liberados para a transfusão.

Doação de medula

A distribuição e coordenação dos serviços de hemoterapia são disciplinados pelo Sistema Estadual de Sangue e Hemoderivados / Foto: Paulo Goethe/SES

Quando falamos de hemocentros é normal ter o primeiro pensamento sobre doação de sangue, certo? Mas lá também é possível fazer o cadastro para outra doação, muito importante e pouco comentada, a de medula óssea. O processo é rápido, simples e totalmente informatizado. Ao demonstrar interesse, os hemocentros são os responsáveis por cadastrar, coletar uma pequena quantidade de sangue para saber suas informações. Se você for doador de sangue, essa coleta já é realizada junto com a doação.

Esses dados são enviados para uma plataforma do Instituto Nacional de Câncer, conhecida como Redome e lá ficarão até a pessoa que pretende doar completar 60 anos de idade. É importante ressaltar que pelo tempo em que estarão armazenados, o doador tem que manter essa plataforma atualizada, para que, se esses dados cruzarem com o do receptor, o contato aconteça de maneira fácil e ágil.

Hoje, o Redome tem em seu cadastro, em média, 850 pacientes em busca de um doador não aparentado, quando o doador não é da família / Foto: Reprodução internet

De acordo com o Redome, dados de abril de 2020, existem 5.165.057 brasileiros registrados para doação de medula óssea. Porém, aproximando esses dados para nosso estado, Santa Catarina, esse número é bem inferior, um pouco mais de 201 mil pessoas, o menor índice da região Sul do Brasil. E há muitas pessoas que nunca são chamadas, então mesmo cadastrando e se voluntariando para ajudar a salvar alguém. Isso porque, pode ser que a pessoa que tenha a mesma compatibilidade que a sua nunca precise de doação.

Esses dados, que são coletados no hemocentro, a partir do momento que forem cadastrados, estarão disponíveis tanto para o Brasil quanto para o mundo. Os registros são conectados e, por isso, é muito comum que um doador brasileiro faça a doação para um paciente de fora e que brasileiros recebam as doações vindas de outro país. De acordo com o Redome, os países em que o Brasil tem mais doadores compatíveis são: Alemanha, Estados Unidos e Polônia. Os países que mais recebem o transplante do Brasil são: Estados Unidos, Espanha e Alemanha.

O que é necessário para ser um doador de medula

• Você deve ter entre 18 e 55 anos completos e estar saudável;

• Uma pequena quantidade de sangue (5 ml) será colhida de uma de suas veias;

• Esse sangue será tipado no sistema;

• A classificação da sua medula será registrada no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea — Redome;

• No caso de um transplante, será verificada a compatibilidade entre a sua medula e a do paciente necessitado;

• Se for compatível, outros exames serão necessários. Por isso, é importante que os seus dados como endereço, telefones e outras informações estejam sempre atualizados.

• Consulte as doenças impeditivas no site: redome.inca.gov.br;

• Apresentar documento emitido por órgão oficial com foto que permita a identificação do mesmo.

--

--