Doação de sangue: 50 minutos que valem até quatro vidas

Uma bolsa de 450 mililitros de sangue é capaz salvar até quatro vidas

ana
doareviver
4 min readJun 4, 2020

--

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, apenas 1,6% dos brasileiros doam sangue / Foto: EBC

Mais do que um ato de solidariedade, é uma atitude que salva vidas diariamente. A doação de sangue é um dos processos mais recorrentes quando ouvimos sobre doação de vida. De acordo com os dados do último semestre de 2019 do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina — HEMOSC, ao menos 490 pessoas doam sangue em todo o estado todos os dias. Em Tubarão, essa ação acontece em média 21 vezes por dia, de segunda a sexta-feira.

Há diversos passos para chegar na sala de coleta. Alguns detalhes, que podem ser consultados no site do HEMOSC, são cruciais para se tornar o doador ideal de sangue. Entre eles estão a idade, ter de 16 a 59 anos, estar em boas condições de saúde, ter mais que 50 quilos com desconto de vestimentas, ter repousado bem na noite anterior e não estar de jejum. “Essas etapas são fundamentais na garantia da segurança do processo transfusional, sem que cause prejuízos ao doador e que o sangue doado seja seguro ao receptor”, ressalta a assessora técnica e bioquímica do HEMOSC em Florianópolis, Michelen Ghedin.

Vinícius em uma das ações do Terapeutas da Alegria, projeto que visa promover a alegria e contribuir no processo de melhoria do quadro de pacientes oncológicos do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, por meio da atuação de pessoas sensíveis na figura do “Doutor palhaço” / Foto: Arquivo pessoal

Enquadrado em todos eles, Vinicius Marinho Pereira realizou a primeira doação quando ainda tinha 17. “Tudo começou com um trabalho da escola”, conta. Apesar de ter exemplos na família de doadores frequentes, nunca passou pela cabeça iniciar essa etapa tão jovem. “A gente precisava fazer uma campanha de solidariedade, entre doações de brinquedos, roupas e tal. Mas nossa equipe quis inovar, e pensamos em mobilizar a cidade para doar, de uma forma diferente, um pouco de vida”.

Como estavam no segundo ano do ensino médio, a maioria dos alunos não possuía idade e nem peso para participar da doação. Então Vinícius se tornou um dos únicos a experimentar a sensação cedo, algo que orgulhou a sua mãe, doadora frequente do município. “Ele sabia que eu e minha filha mais velha tínhamos essa rotina, e quando ele me pediu para eu autorizar, fiquei extremamente feliz em saber, que direta ou indiretamente, tínhamos influenciado ele a tomar uma atitude tão bonita como essa”, conta Alessandra de Souza.

Junho Vermelho

Novos doadores passam diariamente pelos hemocentros de todo o Brasil, mas são poucos os que adaptam a ação a rotina anual. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, apenas 1,6% dos brasileiros doam sangue, se comparado ainda aos outros países, esse número fica ainda mais baixo. O que acontece, na maioria das vezes, segundo é algo recorrente, a falta de conhecimento.

Com base nisso, em 2015 foi implantada no estado a Lei nº16.694. Nela, ficou instituído o mês de “Junho Vermelho”, dedicado à realização de campanhas por toda Santa Catarina, com incentivo à doação de sangue e à integração ao calendário oficial de eventos do estado. Além disso, em todo o mundo, 14 de junho é celebrado como o dia oficial do doador de sangue, desde 2004, pela Organização Mundial de Saúde — OMS.

Uma bolsa de 450 mililitros de sangue é capaz salvar até quatro vidas, pois possui hemocomponentes. Ao ser fracionado no processo de separação nos hemocentros, o sangue resulta em quatro componentes, como: hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado. Em massa, essa ajuda se torna positiva e necessária, já que homens podem doar quatro vezes ao ano e mulheres três, resultando em média de 16 a 12 vidas, respectivamente, que podem ser salvas em apenas 50 minutos de doação.

Hoje, com 19 anos, Vinicius segue disposto à salvar vidas através do gesto da doação / Foto: Arquivo pessoal

Colecionando quatro doações durante esse período, com apenas 18 anos, Vinicius já conseguiu ajudar quase a quantidade de pessoas comparado a sua idade. Até o momento, foram aproximadamente 16 vidas que ele ajudou e não pretende parar. “É muito bom saber que eu posso salvar a vida de alguém com apenas uma atitude. Fico bem contente e toda minha família sabe que também sou doador de órgãos”.

--

--