Num ano marcado por uma pandemia, agravaram-se as violações dos direitos humanos por todo o mundo.

Segundo o Primeiro Relatório das Nações Unidas sobre o Pacto Global das Migrações, a pandemia afetou negativamente milhões de migrantes em todo o mundo, particularmente mulheres e crianças.

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3 min readDec 12, 2020

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Federico Rios para o The New York Times.

— Dezenas de milhões de migrantes vivem em alojamentos apertados e pouco higiénicos, onde o vírus se espalha facilmente.

— O medo da Covid-19 aumentou os níveis já altos de xenofobia, racismo e discriminação, e provocou um aumento de ataques contra refugiados e migrantes.

— Intensificaram-se os regressos forçados de migrantes, sem quaisquer cuidados de saúde ou segurança. Milhares de migrantes enfrentaram deportações devido à expiração de vistos ou autorizações de residência, bem como situações de sem-abrigo ou detenção em centros sobrelotados sem cuidados médicos apropriados.

— Segundo a OIM, desde julho de 2020, pelo menos 2,75 milhões de pessoas viram-se impedidos de se deslocarem (quer de volta ao país de origem, quer na procura de asilo noutro país) devido às restrições da pandemia.

— O encerramento de fronteiras e as interrupções de viagens internacionais afetaram desproporcionalmente os migrantes e refugiados, que se encontram, por vezes, em situações “muito perigosas” e sem proteção. A 28 de Setembro de 2020, 218 países, territórios ou áreas tinham em vigor restrições de entrada, com países a não abrirem exceções para os requerentes de asilo.

— Os que estão presos neste limbo são mais vulneráveis à exploração, incluindo o tráfico humano e — por desespero — sujeitam-se a empregos em condições com maior exposição à COVID-19.

— Entre os mais afetados, estão milhares de venezuelanos. Antes da pandemia, estes formavam uma das maiores ondas migratórias do mundo — com a fome instalada num país em colapso, mais de 5 milhões de pessoas haviam fugido da Venezuela. Encontraram refúgio principalmente na Colômbia. Com a Pandemia, foram os primeiros a perder empregos e a ser despejados de apartamentos nas cidades de Lima, Quito e Bogotá. Nos primeiros meses da pandemia, mais de 100.000 venezuelanos deixaram a Colombia. Tentam desesperadamente voltar para casa, onde, pelo menos, podem contar com a família.

— As fotografias deste post são da viagem de tentativa de regresso a casa do Sebastián Ventura, com 6 anos, e da sua mãe, grávida, Jessica Loaiza. Ao longo de 6 meses, quase sempre a pé, percorream cerca de 2500 km. Depois de perder o emprego, da Colombia até à Venezuela. Não encontrando em casa um porto seguro, de volta da Venezuela para a Colombia.

Federico Rios para o The New York Times.

Hoje celebra-se o Dia dos Direitos Humanos. Que este sirva para colocarmos os nossos olhos sobre as urgências do Mundo. E reforçarmos que é sempre tempo de começar, porque ainda há tanto por fazer.

Podem conhecer melhor a história da viagem do Sebastián e da Jessica aqui: https://tinyurl.com/y3k7c98t

Federico Rios para o The New York Times.

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