Usando o remédio certo para “doenças” da sociedade

Como resolver os problemas do nosso país?

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3 min readJun 16, 2017

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Imagine a seguinte situação: você começa a se sentir mal, vê que está com febre, dor de garganta e calafrios. Você vai ao médico e é diagnosticado(a) com amigdalite, uma infecção na garganta que, sem ser tratada, pode se tornar muito perigosa. O seu médico te explica a situação e receita apenas um remédio contra enjoo. Você acha muito estranho, mas vai à farmácia, compra o remédio e começa a toma-lo. Não é surpresa nenhuma que depois de uma semana, apesar de você ter tomado o remédio conforme sugerido, os sintomas ainda persistam e possam estar ainda piores.

Essa história parece extremamente absurda, não é? Um médico receitar apenas um remédio contra enjoo para uma amigdalite. Até parece! Você não está nem enjoado! Essa situação é tão fora do comum que nem a consideramos possível.

Agora pense nesta outra situação.

Digamos que um país possua uma “doença”: 8% das crianças estão fora da escola. Coloque-se no papel de um médico que precisa receitar um remédio para essa doença. O que você receitaria? Um remédio cientificamente comprovado para curar a doença? Ou outro remédio que você desconhece o efeito, que pode ser ineficiente ou, ainda pior, que tenha efeito negativo sobre a doença específica?

Mas é claro que queremos um remédio que traga resultados e elimine essa doença!

Fazendo uma simples analogia, podemos considerar que intervenções sociais nada mais são que remédios para resolver as doenças — ou problemas — de uma sociedade. Porém, muitas vezes, mesmo com as melhores das intenções, promovemos intervenções cujos efeitos sobre o problema em questão, nós desconhecemos.

No campo de políticas públicas e ações sociais, vivemos em um cenário em que todos os anos, uma quantidade enorme de recursos é destinada a remédios (intervenções sociais) para combater diversas doenças (problemas sociais) sem saber o quão eficazes esses remédios são. Com isso, os problemas persistem e continuamos colocando recursos como dinheiro, tempo e pessoas em ações que não estão resolvendo nossos problemas.

“E como podemos fazer diferente, então?”, você deve estar se perguntando.

Existem diversos modos de mensurar o impacto das ações sociais, alguns mais simples e outros mais complexos, como testes controlados randomizados. Mas o mais importante aqui é saber da existência desses métodos e buscar apoiar intervenções com impacto comprovado.

Por exemplo, vamos voltar à nossa “doença” de 8% das crianças fora da escola. Em estudos sobre a melhor maneira para se aumentar a frequência escolar, diversas intervenções foram testadas, como a distribuição de material escolar, entrega de uniformes, aulas com dois professores na sala de aula e fornecimento de bolsa de estudos para meninas. Qual dessas intervenções você acredita que teve o maior impacto para o aumento de frequência escolar?

Nenhuma.

Por mais contra-intuitivo que pareça, a intervenção que teve o maior impacto positivo no aumento da frequência escolar foi a distribuição em massa de remédios contra a esquistossomose, como comentamos nesse post.

Ao se ter ciência de tais métodos e também da existência de intervenções de alto impacto, deixamos o “achômetro” de lado e conseguimos tomar decisões baseadas em estudos e que realmente podem resolver os problemas sociais com os quais nos importamos. Sem esses estudos, muitos recursos podem ser destinados para intervenções pouco efetivas, enquanto a solução comprovadamente melhor corre o risco de não receber o apoio necessário.

Por isso, é importante verificarmos se a intervenção possui uma avaliação clara de sua eficácia, para, assim, focarmos em remédios comprovados.

Nós, da doebem, acreditamos que a vontade de fazer o bem, aliada ao conhecimento de causas efetivas, proporcionará um real impacto positivo em nosso país. Por isso buscamos as melhores oportunidades de doação no Brasil com base em evidências científicas, tornando assim o processo de doação fácil, seguro e eficiente. Visite www.doebem.org.br e comece a doar. Este post foi escrito por Guilherme Samora e revisado por Elisa Mansur.

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