Cauã Reymond é Omar e Yaqub, os gêmeos

O ator conta como foi viver os personagens retratados em ‘Dois Irmãos’: “Eu senti uma liberdade artística sem fim”.

Rede Globo
Dois Irmãos
4 min readJan 3, 2017

--

Cauã Reymond no galpão durante a preparação do elenco para a minissérie / Foto: Leandro Pagliaro

“Minha mãe me deu o livro há dez anos e quando li a história tive uma intuição de que poderia fazer os dois irmãos”

O que vivi artisticamente, a odisseia interna pela qual passei foi tão poderosa para entender quem sou eu como artista, o que eu quero como artista, que lugar é esse novo que eu conheci como artista… repeti a palavra artista várias vezes propositalmente porque foi o trabalho em que mais me senti assim até hoje. Saio dessa experiência mais completo, pensando em todas as facetas de uma interpretação e de integração com o grupo.

Pela forma como eu fui me formando como ator fiz pouco teatro. Então nunca tinha tido uma sensação de união tão grande. Principalmente no momento dos ensaios e da filmagem. É como se eu tivesse entrado numa guerra com um grande general e estivesse disposto a morrer por ele. Uma verdadeira guerra artística onde realmente me joguei como nunca. Eu sou racional e ao mesmo tempo emotivo. Mas durante esse processo o meu racional foi praticamente inexistente.

Cauã Reymond interpreta o intempestivo Omar, um dos gêmeos da obra de Milton Hatoum

Foi muito interessante viver esse processo: as aulas de dança, de linguagem corporal, de sapateado, de canto e até de árabe! Foi um mundo novo que se abriu. Me senti muito à vontade. Apesar de uma desconfiança que acabou indo para o lado oposto. Virou um olhar de ‘caramba! Aqui eu me sinto em casa’. Lembro exatamente do dia da primeira leitura, a gente lendo no meio das costureiras, as pessoas que estavam fazendo as roupas podendo ouvir os personagens e criando uma unidade artística. Achei isso tão bonito…

O elenco da minissérie passou por um longo processo de preparação

Amadureci como ator aos olhos do público e ‘Dois Irmãos’ foi um desafio muito grande. Mas a preparação me deixou muito seguro. Então, quando comecei a rodar, me senti pronto. Não fiquei nervoso, estava faminto e queria contar essa história. Também desejava a aprovação desse pai artístico, o maestro que regia nossa orquestra. Era uma aprovação estimulante que dizia: ‘vai, vai, pula a porta, não sabe o que tem, tá escuro, entra, a luz vai aparecer, vai…’ O trabalho com o Luiz (Fernando Carvalho, diretor da minissérie) não necessariamente precisa ser falado, a presença dele no set já vai te levando para um estado meio alfa. Eu senti uma liberdade artística sem fim.

‘Dois Irmãos’ é dualidade, um amor tão grande do tamanho do ódio. Uma mãe… o que aprendi é que um não tinha separação do outro. Onde quer que eles estivessem, estavam conectados. O que um tinha de forte, o outro era fraco. Eles eram seres complementares. Não sei se a explicação é do tamanho da minha compreensão interna. O trabalho do ator é tocar, entreter, sensibilizar e criar alguma conexão com o telespectador. ‘Dois Irmãos’ não só entretém, mas fala sobre a família. Não tem nada mais importante que a família.

“O que fica é um desejo de querer brincar nesse playground de novo. Hoje em dia, por exemplo, tenho consciência de quando eu tenho que me aquecer. Foi muito interessante deixar essa selvageria vir à tona. Depois de tudo, eu me sinto assim: música clássica e rock ’n’ roll. Nesses meus treze anos de carreira, ‘Dois Irmãos’ foi a jornada artística mais interessante e bonita que eu já participei e acho que vou participar”

Depoimento extraído de entrevista concedida pelo ator.

Da obra de Milton Hatoum, Dois Irmãos é uma minissérie de 10 episódios, escrita por Maria Camargo, com direção artística de Luiz Fernando Carvalho. Com estreia prevista para 09 de janeiro na TV, alguns capítulos da minissérie já estão disponíveis para assinantes do Globoplay.

Gostou do texto? Nós queremos saber sua opinião. Clique no botão “Recommend” e ajude a circular esse post para mais pessoas. ❤

Veja outros textos sobre a minissérie ‘Dois Irmãos’ aqui!

--

--