Histórico churros da Redenção
Milton Hernadez Burci vendeu seus churros deste os anos 60
S e você perguntar para alguém que circulou por Porto Alegre nas décadas de 60, 70 e 80 sobre o vendedor de churros no Parque Farroupilha, conhecido como Redenção, certamente irá se lembrar Milton Hernandez Burci, o uruguaio que durante a semana trabalhava como metalúrgico e, nos finais de semana, fazia um dinheiro extra vendendo a iguaria.
Burci aprendeu a fazer churros aos oito anos, em Montevidéu, e foi um dos pioneiros nesse mercado ao chegar no Rio Grande do Sul. Segundo ele, no começo dos anos 1960, ninguém conhecia o doce em Porto Alegre. Ao lado dos tios e de um primo, começou a vender churros na Praça XV e na Praça da Alfândega. Em 1963, descobriu a Redenção, onde lá permaneceu até 2005, quando decidiu se aposentar.
Em junho de 2015, após conceder entrevista ao jornal Zero Hora, o uruguaio decidiu resgatar o aparelho construído por ele há 40 anos. O equipamento usado para dar forma à massa do churros foi criado com sucatas recolhidas de um ferro velho. O carrinho foi adaptado por ele e, com esse maquinário, Burci decidiu voltar às ruas de Porto Alegre com sua iguaria. Atualmente instalado na avenida Cristóvão Colombo, o vendedor uruguaio ainda mantém clientes do tempo de Redenção. “Às vezes a fila chega na esquina com a Doutor Timóteo”, afirma orgulhoso.
Quando retomou o negócio, em 2015, a ideia de Burci era comprar uma caminhonete e ir até seu país natal, o Uruguai, que não visitava há 28 anos, junto de sua esposa, Blanca. Hoje, três anos após seu retorno, já cumpriu com seu objetivo e afirma ter acabado de comprar um Kadett 97, com 38.000 km rodados. “Todo original, coisa mais linda do mundo”, destaca.
Hoje, Burci trabalha de segunda a sábado, das 14h30 às 19h30 e conta com a ajuda da vizinha, Maria Eduarda, estudante do segundo semestre do curso de pedagogia. Em média, eles vendem 300 churros por dia. A unidade custa 3 reais. Dois churros saem por 5 reais. “Antes, eu me baseava em uma passagem de ônibus para decidir o valor, mas hoje a passagem está muito cara”, brinca o vendedor.