Miro Bacin retrata a rua e seus personagens
Jornalista oferece protagonismo a figuras anônimas, revelando histórias através de imagens
Por Paola Guimarães
A fotografia está presente na humanidade desde o século XIX, e a partir do primeiro retrato, só se intensificou e evoluiu a forma de fotografar. Hoje temos uma máquina fotográfica nas mãos praticamente 24 horas por dia. Com nossos smartphones, assim, podemos retratar e eternizar toda e qualquer situação do cotidiano.
É exatamente isso que faz o professor de jornalismo Miro Bacin. Natural de Porto Alegre, estudou, se formou e começou sua trajetória jornalística na capital. Hoje vive na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, em São Borja, e continua colaborando com seus clics a grandes jornais do estado.
A paixão pela fotografia surgiu ainda garoto, mas se intensificou na adolescência ao realizar um curso na Escola Nacional de Desenho, ajudando-o a entender as regras que balizam a composição fotográfica, a enquadrar os objetos e, principalmente, a contar uma história através de imagens.
Durante a formação em jornalismo e mesmo depois de formado e atuante, sempre o que mais lhe chamou a atenção foi a fotografia. “Quando dava, pois não era fotojornalista, produzia as fotos das minhas reportagens” afirma Miro.
O aprimoramento das produções fotográficas de Miro se deu a partir de leituras, de muitas horas de prática e de críticas de colegas de redação. “Aos poucos fui descondicionando o olhar e aprimorando a técnica e a estética fotográfica”, explica.
Como professor, seu interesse pela fotografia cresceu ainda mais. “Foquei em temáticas, como as fotos de rua e seus personagens. Meu trabalho aqui tem o objetivo de aprimorar o olhar, deleite pessoal e ter material para apresentar aos alunos. Penso que quem faz, ensina”, argumenta.
Quando Miro está em um de seus estúdios, sejam eles qualquer cidade do mundo, sempre tem em mente o propósito de romper com as rotinas da produção da notícia para que o cotidiano se presentifique. O professor da Unipampa recorda ainda dos ensinamentos de Nelson Medina, ao enfatizar a necessidade de mergulhar no protagonismo anônimo. Nesse sentido, tenta superar aquilo que Medina chama de “superficialidade das situações sociais e o predomínio dos protagonistas oficiais”.
Penso como Lima (2002), ao discorrer que “as vidas de muitas pessoas iluminadas, famosas ou anônimas, estão exatamente aguardando narradores sensíveis e inteligentes o suficiente para espelharem, nas narrativas de suas vidas, aquilo que é semente potencial em cada um de nós”. Minhas capturas desses desconhecidos têm a intenção de dar-lhes voz pela visibilidade representada.
Há oito anos Bacin desenvolve, juntamente com a sua esposa, a também jornalista e professora acadêmica Adriana Duval, a pesquisa intitulada “Jornalismo Humanizador em crônicas do cotidiano”. A partir desse estudo, o seu olhar tem se transformado, apresentando os clics sobre a cidade como um texto. “Nossas narrativas textuais e imagéticas têm o objetivo de levar ao cidadão a valorização das singularidades, compartilhando lições de vida e produzindo memória”, destaca.
As figuras anônimas lhe chamam a atenção, especialmente aquelas que, aparentemente, se mostram à margem da economia formal. Em grande parte das produções, Miro e Adriana se aproximam das pessoas, procurando conhecer e revelar as suas histórias de vida. Invariavelmente, a captura de suas imagens é autorizada.
Confira mais algumas imagens capturadas pelas lentes de Miro Bacin: