Eu sei que você quer saber sobre a Björk

Alex Correa
Dormi no Aeroporto
Published in
4 min readMay 21, 2015

--

Fui atrás da casa da Björk na Islândia e você não vai acreditar no que eu encontrei (Ou: será que esses títulos sensacionalistas ainda funcionam?)

Todo mundo sabe que a Björk existe. Não importa se é um primo seu que não se importa com música ou um irmão que é fascinado pela Ivete — se você tem menos de 40 anos, as chances da cultura pop já ter te apresentado à Björk são grandes. Mas você sabe como é: em um mundo em que tudo é feito de aparências, a tendência é que as pessoas conheçam aquela louca do vestido de cisne que botou ovos no tapete vermelho do Oscar ou aquela estranha com carinha de esquimó, e não aquela-mulher-maravilhosa-que-é-uma-das-pessoas-mais-geniais-da-história-da-música-que-fez-o-Homogenic-e-o-melhor-filme-do-Lars-Von-Trier-que-já-existiu — essa, tadinha, fica em segundo plano, então rola uma surpresa genuína dos islandeses quando eles descobrem que você realmente se importa com ela.

Não leva muito tempo pra notar que a Björk é uma entidade, realmente. Enquanto o Sigur Rós divide a opinião dos locais — o Jónsi é meio rude, parece -, ela segue imaculada. [Não consigo pensar em uma celebridade que, no Brasil, seja tão unânime quanto a Björk é na Islândia. O Senna, talvez? Dos vivos, o Silvio?]. Dizem que ela aparece em Reykjavik pelo menos uma vez por ano, por um mês, pra tirar férias. Pode acontecer de você esbarrar com ela fazendo um DJ set surpresa no seu bar favorito ou relaxando numa das piscinas públicas da cidade. Sobre isso, existe um consenso local: se você encontrar a Björk, não tire fotos, não poste no Facebook e, se possível, não avise ninguém. O objetivo é não tornar a vida da mulher um inferno e não zoar o rolê da galera lotando as baladas e levando um monte de gente aleatória, basicamente.

Eles não ligam muito pra celebridades, aliás. Se um dia você ficar famoso, haha, a Islândia deve ser um destino bem legal. No verão passado viram o Tom Cruise tranquilão descendo a Laugavegur, uma das ruas principais de Reykjavik, sem ser incomodado. A Beyoncé e o Jay-Z foram passar o fim de ano lá, também, e rolou até uma campanha do governo com outdoors e anúncios de revista pedindo para não aborrecerem muito o casal-realeza.

A casa da Björk, inclusive, é um ótimo modelo de como as celebridades não são muito endeusadas no país: fica numa rua comum, de frente pra praia (dá pra chamar de praia se a temperatura da água vai te matar em trinta segundos?), e não é nada espalhafatosa. Os moradores contam que, de birra, ela pintou toda a casa de preto, preto PRETO, pra ficar diferente de todas as casas branquinhas que tinham na rua. Os vizinhos não curtiram muito. Acho que ela se sentiu sozinha e pintou a casa de branco de volta, em algum momento.

Tem uma história de que a Björk tem uma casa em uma ilha isolada, também, mas descobri que isso foi só uma piada de internet que acabou ficando real demais.

Consegui o endereço da casa — a de verdade — e confirmei, depois de uns 30 minutos de caminhada com sensação térmica de -17, neve e ventos de 50km/h com a brisa do mar na cara, que a casa da Björk é realmente branca, quadrada e igual todas as outras. A dica é: só visite-a se você tiver algum fetiche MUITO LOUCO envolvendo voyeurismo, arquitetura e casas entediantes. Em qualquer outro cenário, vá tomar um chá num café qualquer. Vai ser melhor pra você.

A visita valeu pra encontrar um monte de coisa legal pelo caminho, pelo menos:

--

--