Por que fazer pesquisas para melhorar a experiência do usuário?

Renan Moura
Dotz Design
Published in
6 min readOct 3, 2022
#pratodosverem um quadro contendo vários adesivos tipo post-its de várias cores diferentes espalhados, contendo palavras (em inglês), como navegação, segurança, higiene, densidade. Também há várias fotos diferentes espalhadas.

“A pesquisa é a curiosidade formalizada. Empurre e alavanque com um propósito.”

— Zora Neale Hurston

Existem muitas explicações sobre o que significa a palavra "pesquisa". Livros, dicionários, artigos, jornais: todos esses meios de comunicação nos apresentam conceitos diferentes sobre o termo.

Em suma, podemos definir que pesquisa é o ato de descoberta e aprendizado a respeito de um determinado tema, seja ele qual for. Ela é realizada quando não possuímos as informações necessárias para a conclusão sobre um ou mais fatos específicos dentro desse tema.

Muitas vezes, pesquisar irá requerer a leitura de uma série de textos relacionados à temática a ser explorada, tanto em sites especializados quanto em livros físicos. Em outros casos, será necessário conversar e entender a realidade de um grupo de pessoas. Ainda há situações em que será necessário combinar a exploração textual com a exploração conversacional. E existem diversas outras metodologias de pesquisa que podem se relacionar entre si.

Seja como for, podemos afirmar que pesquisar faz parte da natureza humana, da necessidade de saciar a curiosidade e, a partir daí, definir um rumo para o processo que deu início à exploração.

#pratodosverem uma imagem do pinguim Pingu procurando algo, do alto de uma montanha de neve
Acredite: SEMPRE há algo novo a ser descoberto

E na área de experiência de usuário não poderia ser diferente: nós, como Product Designers, estamos constantemente sendo envolvidos em processos de pesquisa e análise de dados, ainda mais quando estamos tratando de produtos e serviços que percorrem o meio digital… Mas por quê?

Neste artigo, iremos explorar os principais motivos que nos levam a conduzir pesquisas para o aperfeiçoamento da experiência dos usuários de software.

Benefícios das pesquisas

Cada projeto pode, sim, exigir uma ou mais formas de pesquisa, da quantitativa à qualitativa, das entrevistas em profundidade à estruturação de personas.

Seja como for, não podemos negar o fato de que o entendimento de um determinado grupo de usuários, ou mesmo do contexto de uso de uma software num cenário específico, podem proporcionar diversos benefícios ao projeto, ao pesquisador, à equipe de trabalho e aos demais stakeholders envolvidos.

#pratodosverem uma imagem de um grande gráfico entre duas pessoas. À esquerda, uma mulher de casaco rosa. À direita, um homem de casaco marrom segurando uma lupa gigante
Imagem de pch.vector no Freepik

Aqui no squad de Varejo da Dotz, o time onde trabalhamos com a intenção de criar uma visão de serviço para potencializar a oferta dos nossos produtos e serviços para os varejistas, eu consegui espaço para a realização de alguns métodos de pesquisa (entrevistas em profundidade com as áreas de negócio e comercial, benchmarking, pesquisas exploratórias, grupos de foco) e, com isso pude evidenciar benefícios que me apoiaram na compreensão dos projetos. A meu ver, os que mais se destacaram foram:

  • Suporte para que a equipe de desenvolvimento pudesse melhorar o entendimento que todos tinham sobre o projeto;
  • Levantamento de riscos que possivelmente impactariam nas entregas da equipe;
  • Esclarecimento nas definições de objetivos a curto e médio prazo;
  • Conhecimento sobre o mercado de varejo e, a partir disso, a possibilidade de criar estratégias com base em pontos de oportunidade identificados.

Aliás, a partir de uma conversa que tive com uma de minhas colegas de trabalho aqui na Dotz, a Bruna Rodrigues, descobri que ela fez uma síntese fantástica sobre os benefícios da pesquisa no desenvolvimento de produto, e eu concordo bastante com essa lista:

  • Aprofundamento sobre o contexto e a dor do usuário;
  • Geração de ideias e novos caminhos para melhorias;
  • Testar os produtos antes de perder tempo e dinheiro com desenvolvimento;
  • Ter insumos para defender decisões com stakeholders.

Métodos de Pesquisa: Atitudinal x Comportamental, Qualitativo x Quantitativo e Contexto de uso

Na Dotz, procuramos nos basear na dica do Nielsen Norman Group para entendermos quando usar cada método de pesquisa. Tentamos visualizá-los através de uma matriz com 3 eixos: Atitudinal x Comportamental, Qualitativo x Quantitativo e Contexto de Uso.

#pratodosverem um gráfico contendo 20 dos principais métodos de pesquisa
A imagem acima mostra 20 dos mais populares métodos de pesquisa, separados utilizando os eixos mencionados. Os métodos que estão no meio do eixo quantitativo-qualitativo podem ser usados para obter tanto dados qualitativos quanto dados quantitativos.

Atitudinal x Comportamental — Este eixo representa a distinção entre "o que as pessoas dizem" e "o que as pessoas fazem".

  • Pesquisa atitudinal — A ideia da pesquisa atitudinal é entender as crenças das pessoas (que estão limitadas ao que elas estão cientes ou dispostas a relatar). Ex: O Card Sorting nos fornece dados sobre o modelo mental dos usuários sobre como eles enxergam a arquitetura da informação de um produto.
  • Pesquisa Comportamental — Já a pesquisa comportamental procura entender o que as pessoas fazem com o produto ou serviço em questão. Ex: A técnica de Eyetracking serve para tentarmos entender como os usuários interagem visualmente com um design ou um estímulo visual.

Qualitativo x Quantitativo — Este é o eixo que faz a diferenciação entre o "como" e o "quanto" os pontos de uma solução podem melhorar.

  • Estudos qualitativos — São coletas de informações que vão muito além de uma simples pergunta aberta numa entrevista com um usuário: eles geram dados sobre os comportamentos ou atitudes de um usuário baseadas em escutá-lo ou observá-lo diretamente. Focam no "como" e no "por que" melhorar uma solução.
  • Estudos quantitativos — Em contrapartida, os dados gerados por estudos quantitativos são coletados de forma indireta, através de uma ferramenta que possa quantificá-los (como um questionário ou algum instrumento de análise). Focam no "quanto" uma solução pode melhorar.

Contexto de uso do produto — A última forma de identificar o método de pesquisa a ser usado é entender como (e se) os participantes do estudo estão usando o produto. Podem ser consideradas as seguintes formas de uso:

  • Natural — Neste tipo de estudo, o objetivo é minimizar a interferência durante o uso, para entender o comportamento e as atitudes o mais próximo da realidade possível.
  • Roteirizada — Um estudo roteirizado é feito para focar as descobertas em áreas específicas do produto, e isso pode ser feito em diferentes níveis de aprofundamento (a depender do intuito final do estudo). Um benchmarking, por exemplo, normalmente tem um roteiro pré-definido para produzir métricas de usabilidade confiáveis.
  • Limitada — Estes estudos utilizam uma forma limitada ou abstraída do produto. Testes de conceito, por exemplo, pegam a ideia principal do produto e tentam entender se os usuários iriam querer usá-lo, ou se precisariam dele.
  • Ausente (descontextualizada) — São estudos onde o produto não é usado. Aqui, a ideia é examinar problemas que vão além do uso e da usabilidade (como um estudo de marca, por exemplo).

Conclusão

#pratodosverem uma imagem contendo alguns post-its amarelos espalhados num quadro com fundo branco. O quadro está dividido em várias categorias, mas a única categoria visível é "problemas/dores"

O fato principal a ser levantado aqui neste artigo é: investir em pesquisas pode trazer uma série de benefícios para um projeto, e inclusive para a própria empresa.

Um benefício que não comentei anteriormente, mas que nós podemos deduzir com base no que foi mencionado, é que o investimento em estudos sobre os comportamentos e atitudes de um usuário — o quanto antes, e o mais constantemente possível — pode ajudar a reduzir o custo de uma solução, uma vez que a ideia de estudar o usuário serve justamente para mitigar o quanto antes qualquer erro de conceito ou, até mesmo, estratégico.

Isso ficou bem claro para mim logo após eu ter concluído o primeiro momento de descoberta dentro do squad de varejo, quando consegui montar uma documentação dedicada a clarificar os objetivos e valores do produto (alinhando-os com os princípios da Dotz), além de destacar os problemas e dores principais a serem resolvidos por ele, trazendo um plano de oportunidades pronto com possíveis caminhos que poderíamos tomar ao longo da execução do projeto.

Sem pesquisar, a tarefa de criar uma solução assertiva e empática o suficiente para atender às necessidades reais dos usuários de um produto torna-se excessivamente mais trabalhosa.

#pratodosverem um gato cinza de óculos "lendo"um livro
Pesquise antes, pesquise durante e pesquise depois!

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