Um lugar para chamar de seu…

Capela de Santana: o refúgio de um mundo tão esgotante

Matheus Leandro
doze34
3 min readDec 20, 2017

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Município é o último da região metropolitana de Porto Alegre

Por Dionatan Iran dos Santos

Imagine uma daquelas cidadezinhas que aparecem em alguns filmes ou no roteiro de uma novela. Um lugarejo onde as pessoas parecem agir um tanto deslocadas do tempo e principalmente da velocidade com que as coisas acontecem nos grandes centros. Por incrível que pareça, elas ainda existem e podem estar mais perto do que se pode imaginar.

Capela de Santana é o último município da região metropolitana de Porto Alegre. Quase 60 quilômetros separam a capital da humilde cidade situada entre o Vale dos Sinos e do Caí. Não é tarefa fácil morar no subúrbio do grande centro. Em se tratando de empregos, opções de lazer, estudos e afins, não se tem quase nenhuma oferta local. Todo e qualquer recurso, nesse sentido, precisa ser buscado fora do município.

O mais curioso nesta história é que a maior parte das pessoas que trabalha, estuda e passa a maior parte de seu dia longe da cidade tem a mesma resposta quando questionadas sobre o que mais pensam enquanto estão distantes: voltar para casa! Sim, voltar para a cidadezinha que tem pouco mais de 12 mil habitantes e quase nenhum tipo de entretenimento é apontado, pela maioria dos moradores, como principal ponto de satisfação do dia.

O motivo para que isso aconteça pode estar ligado a várias peculiaridades do local. Entre elas está a baixa criminalidade, principalmente em uma sociedade extremamente violenta. Ter uma noite de sono tranquila pode ser um grande desafio na maior parte das cidades que compõem a região metropolitana. Agora imagine dormir com a porta de casa aberta caso você sinta calor e resolva arejar a casa com o calmo vento noturno de verão.

Nesse ritmo de idas e voltas até o esconderijo à prova de caos, o morador constrói sua rotina. Bruno Silveira, estudante de pedagogia, acorda todos os dias as 8h, pontualmente. Sai de casa com destino a São Leopoldo, onde trabalha em uma escola como estagiário. Depois de concluir a jornada, Bruno ainda precisa ir até a Faculdade. O tão esperado toque na maçaneta de casa só acontece perto da meia noite.

“Quando estou longe daqui sinto-me como se as coisas não se encaixassem. Quando chego na cidade de volta já sinto a diferença. Tudo fica mais leve. Estar no lugar que cresci sempre me traz um conforto, uma segurança fora do comum. Tenho a sensação que até o ar aqui é diferente”

Bruno Silveira, 20 anos, pretende continuar morando em Capela

A simplicidade das coisas é o motivo da conquista. Todos se conhecem, você pode andar pela rua tranquilamente. O convívio ao lado da família e amigos é o ponto fundamental desse sentimento. Tudo é consideravelmente perto. O ambiente arborizado traz uma sensação de aconchego.

“Continuar morando em Capela é o que pretendo. Se o futuro acabar me contrariando, com certeza voltarei aqui sempre que possível. Não tenho planos para mudança, mas se acontecer por questão de trabalho, quando me aposentar obviamente voltarei para cá”

Não há melhor sensação no mundo que chegar em casa depois de um dia cansativo e poder relaxar, na certeza da paz absoluta. Morar em Capela de Santana é como ter uma grande casa. É como se a cidade inteira fosse a sua casa. Um lugar para chamar de seu.

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Matheus Leandro
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Jornalista | Gremista | Apaixonado por cinema | Amante da literatura | Crítico cético da política