A COPA EM VINTE DIAS #11

Aos prantos, o mundo é Albiceleste

Em meio a um contexto de Ditadura Militar e suspeitas de influência política nos resultados da Copa, veio o título argentino

Drible da Vaca
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Por: Zeca Lemos
Edição:
Vitor Magalhães

O ano de 1978 foi especial para a Argentina. A Copa do Mundo, que seria realizada no país, era a chance da Albiceleste vencer todos os seus demônios e conquistar o primeiro Mundial. A empolgação da nação era imensa, desde a manifestação nas ruas até a escolha do mascote característico. Nem a sangrenta Ditadura Militar. que era vivida, foi capaz de diminuir os ânimos com o Torneio.

O caminho seria árduo e os confrontos complicados, mas a Albiceleste faria o possível e o impossível para ser campeã. Na primeira fase, venceu Hungria e França, ambas por 2-1. Na sequência, perdeu para a Seleção Italiana pelo placar de 1-0.

A segunda fase, por sua vez, foi dificílima. Depois de vencer a Polônia por 2-0, ocorreu um dos mais equilibrados Superclássico das Américas; um jogo truncado marcou um 0-0 entre as boas seleções do Brasil e da Argentina. Para avançar, a Albiceleste precisaria vencer a organizada equipe do Peru por no mínimo quatro gols de diferença. Parecia impossível, mas a Argentina conseguiu aplicar um 6-0 histórico na Seleção Peruana.

Minutos antes do início do jogo, ocorreu uma das cenas que marcariam a partida para sempre. O ditador Jorge Rafael Videla, visitou o vestiário peruano junto ao secretário de estado estadunidense, Henry Kissinger. A goleada esteve cercada por dúvidas ao longo do tempo, dúvidas essas que, provavelmente, nunca serão esclarecidas. Porque foi, talvez, a única ocasião em que a ditadura militar se infiltrou em um jogo de Copa.

Chegou o dia da grande final: 25 de junho. Até então o mais importante da história do futebol argentino. O adversário era a Holanda, conhecida como o carrossel holandês, que havia ferido o coração dos sul-americanos no 4-0 de 1974. A nação queria a revanche e o título inédito a qualquer custo. Mais de 70.000 pessoas e chuva de papel picado no Estádio Monumental de Núñez. Nunca o sonho do mundial esteve tão perto.

Jogo disputado, com grande equilíbrio entre as equipes. Aos trancos e barrancos, o implacável atacante Mário Kempes abriu o placar aos 38' do primeiro tempo para a Argentina. A partida continuou intensa, e tudo parecia caminhar para o título da anfitriã.

Argentina bateu o carrossel holandês

Mas a Holanda foi resiliente: depois de muito tentar, Dick Nanninga cabeceou para o fundo das redes e empatou a partida, 1-1. Seria a morte do sonho argentino? Parecia que sim! No último minuto de jogo, a Holanda acertou a trave de modo inacreditável. Nada estava perdido, o time Albiceleste ainda teria muita raça para demonstrar.

Prorrogação… Mais alguns minutos de coração apertado estavam por vir.

Após muitos gritos, Mário Kempes encarnou um herói e marcou o segundo gol argentino. Ainda havia mais 15' por jogar, o nervosismo não cessava. No último instante da etapa complementar, Bertoni concretizou o sonho: 3 a 1.

Argentina campeã mundial.

Raça e persistência marcaram o título argentino em casa

Era o momento do torcedor argentino soltar o grito de campeão que estava entalado na garganta por tanto tempo e se sentir de alma lavada. Não havia ditadura que diminuísse a largura do sorriso argentino. Um dia histórico para o país. Se 25 de junho fosse feriado nacional, não haveria sujeito para considerar injusto. Aos prantos, o mundo inteiro foi Albiceleste em 1978.

Até hoje faltam adjetivos para definir a alegria daquele dia. Foi incrível, mágico. Nenhuma palavra seria o bastante para falar sobre.

Final da Copa: Argentina 3-1 Holanda

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Perfil destinado à divulgação do futebol sul-americano. Autor: Vitor Magalhães. E-mail: oficialdribledavaca@gmail.com