A COPA EM VINTE DIAS #09

México 1970: a polêmica do mascote e a melhor participação peruana em Copas

Em meio a turbulenta escolha do mascote, a Blanquiroja teve a sua melhor participação no Torneio, o sétimo lugar

Drible da Vaca
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Por: Leonardo Maia
Edição:
Vitor Magalhães

Pico

Em 1966, na Inglaterra, surgiu o primeiro mascote das copas. Willie, um carismático leão criado por Reg Hoye, desenhista de literatura infantil que se inspirou no seu filho Leo para criar a personagem. O mascote tinha até sua própria canção e ajudaria a popularizar e publicizar a imagem da competição.

A próxima edição da copa aconteceria em terras mexicanas e o êxito com Willie já animava os publicitários locais, apesar de não ser uma tarefa das mais simples: a idealização de uma figura que representasse o país e, ao mesmo tempo, tivesse um ar cosmopolita para seduzir os apaixonados pelo esporte.

Depois de muito sono perdido, Lance Wyman, desenhista estadunidense que já trabalhava há vários anos no México, chegou a criação de Pico. Uma águia que trazia um ar de modernidade e seguia a mesma linha visual da Olimpíada de 1968, também realizada no país. Foi produzida muita propaganda oficial com Pico, inclusive com sua personalização para representar outras seleções participantes.

Juanito

Mas o verdadeiro mascote dessa copa foi o caricato Juanito, que surgiu dos traços de Juan González Martínez, ou melhor da amizade de Guillermo Cañedo, presidente da Federação Mexicana de Futebol (FMF) e do comitê organizador da Copa do Mundo de 70, e Fernando González (Fernandón), presidente da equipe Atlante e detentor de uma agência de publicidade.

É inegável que sua apresentação era bem mais simpática que Pico, mas os elementos podem ser bem ofensivos se analisados com uma maior precisão. Juanito era um menino pequeno e gordo, vestido como um jogador de futebol. Além disso, é possível perceber que o garoto usa um sombreiro de palha, elemento folclórico do país, onde há escrito “México 70”. O desenho é tão caricato que veste o garoto com uma camisa menor do que deveria, enfatizando sua forma rechonchuda.

Enquanto o mascote criado por Lance representava um México contemporâneo, onde a cultura hippie, o rock e a rebeldia começavam a permear vários segmentos da população, Juanito remontava a um estereótipo campesino e maldoso que boa parte da população mexicana — em sua maioria urbana — já não aprovava.

Passados 48 anos dessa copa, é impossível não refletir se a opção de Cañedo era a melhor disponível.

Confira uma galeria com todos os mascotes da copa

A “surpresa” sul-americana de 1970

Naquele ano, a Copa ganhou cores. As transmissões televisivas trocaram a frieza do preto e branco pela amplitude térmica dos tons que compunham as cenas. Tornando cada drible, cada finalização, cada defesa heroica em uma verdadeira pintura. Mas o Torneio destacaria uma paleta de cores em especial: azul, verde e amarelo.

A seleção canarinho veio como uma verdadeira máquina. Após vencer todos os jogos das eliminatórias — e com um reforço da propaganda estatal em plena ditadura militar — o eminente tricampeonato já agitava a nação. Além disso, era uma tentativa de redenção para Pelé, que havia saído lesionado ainda na fase de grupos das últimas duas Copas.

A América do Sul chegou com três seleções no páreo: Brasil, Uruguai e a maior surpresa veio da parte noroeste do continente, O Peru. Depois de um hiato de 40 anos, a blanquiroja voltava a participar de uma Copa do Mundo.

Teófilo Cubillas, atleta peruano

Já na fase de grupos, o torcedor peruano teve o coração testado. No primeiro jogo, contra a Bulgária, a blanquiroja terminou a etapa inicial com uma desvantagem de 2 gols no marcador. Mas no segundo tempo, o capitão Hectór Chumpitaz, juntamente com os atacantes Alberto Gallardo e Teófilo Cubillas — este último, que foi premiado com o título de melhor jogador jovem da competição — , viraram a partida e coroaram a grande atuação da equipe, que jamais desistira da peleja.

Após classificar-se bem para a fase eliminatória, com uma vitória sobre o Marrocos (3–0) e uma derrota para a Alemanha Ocidental (3–1), o Peru enfrentou nas quartas de final, Pelé, Jairzinho e companhia. O Brasil venceu por 4–2 e pôs fim a melhor campanha peruana em Mundiais, um sétimo lugar.

Após 36 anos desde a sua última participação na competição (1982), o Peru irá à Rússia. Seria o hiato um bom sinal? Teremos a resposta a partir do dia 16 de junho, quando a seleção estreia contra a Dinamarca, em Saransk. Dessa vez, a missão tem novos heróis, que por diversas vezes viram o sonho de jogar pela sua seleção em uma Copa do Mundo como uma realidade distante.

¡¡¡ARRIBA PERU, CARAJO!!!

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Perfil destinado à divulgação do futebol sul-americano. Autor: Vitor Magalhães. E-mail: oficialdribledavaca@gmail.com