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EP #001 “O que fazer com o silêncio masculino?”

Theogenes Costa (THEO)
d.r. indie
Published in
3 min readFeb 11, 2021

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“Homem não gosta de contar sobre si, gosta é de contar vantagem”

Você também pode escutar por aqui! ;)

(música)

Olá você, homem com pinto original de fábrica ou com packer comprado pela internet! Eu me chamo Theo e esse é o primeiro episódio do micro-podcast do D.R. (dê-érri) INDIE para homens corajosos que decidiram criar grupos independentes de diálogo e reflexão sobre masculinidades, já que a mesa de bar geralmente não dá conta do monte de merda que tá se passando com a gente.

E sem mais delongas, vamos para a estreia do nosso primeiro quadro: Cala a boca Galvão Bueno!

(vinheta)

Então, o “Cala a boca Galvão Bueno!” é literalmente sobre o que tira a nossa atenção do jogo. Sabe quando a bola tá rolando e o Galvão Bueno tá falando merda? É sobre isso, nossos “barulhos mentais” no contexto de grupos reflexivos, sobre o que tira a nossa atenção quando o diálogo do grupo (o jogo) está acontecendo e como cuidar disso.

Lembro de uma vez que ouvi a seguinte frase:

“Homem não gosta de contar sobre si, gosta é de contar vantagem”.

Desde 2017 em grupos reflexivos, sempre me deparo com o cara que fica em silêncio, seja por timidez/insegurança, seja pelo impacto do que está ouvindo ou simplesmente por escolher observar.

No início era comum eu ficar incomodado me perguntando: será que ele está gostando? Será que tá achando tudo uma bosta? Será que ele ainda vai vir depois dessa noite? Será que eu conduzi bem? Como eu vou cuidar desse cara se ele não fala nada?

Eu cuidava de em um grupo em Copacabana lá em 2019 e, entre esses silenciosos, tinha um cara trans. Ele nunca dava uma palavra e sempre que queria colaborar com algo, guardava tudo pra falar diretamente comigo pelo whatsapp.

Um jeitinho que aprendi com a comunicação não-violenta pra usar em momentos como esse foi agradecer pelo silêncio. É literalmente olhar pra pessoa e dizer:

cara, te agradeço pelo seu silêncio porque isso possibilitou que mais pessoas pudessem contribuir e quando estiver de boas pra colaborar, sinta-se a vontade pra isso, seja aqui ou diretamente comigo.

Atitudes como essa fazem com que a pessoa se sinta fazendo parte, notada e importante, mesmo não dizendo uma única palavra.

E tu, é mais do silêncio ou de soltar o verbo?

Ah, que outras possibilidades a gente pode usar pra cuidar do silêncio alheio? Algum episódio parecido já aconteceu contigo ou no teu grupo? Traz tua bagagem, vamos botar essa ideia pra jogo.

E pra finalizar, vou chamar nosso próximo quadro: Olha o carro do ovo!

(vinheta)

Pois bem, sabe a disgraça do carro do ovo gritando na sua cabeça? Então, esse quadro é sobre perguntas que aparecem nos encontros e que ficam martelando na nossa mente. Ah, e o ideal é não ter uma resposta, a gente pode ficar só com o eco dessa pergunta na cabeça, igualzinho ao carro do ovo quando vai se afastando da nossa rua.

E a questão que pipocou em um dos nossos encontros foi a seguinte: se eu saio com uma mulher que tem pinto, eu ainda sou hétero? Agora um breve momento de silêncio pra essa tela azul (som de pane do Windows).

(sinal)

Meu convite é: resista em criar uma resposta! Ao invés disso, aproveite esse questionamento para ouvir pessoas trans.

E agora é com você: mete o dedinho no teclado, se apresente, conta pra gente de onde você é, qual o nome do seu grupo e bota pra jogo o que estiver aí no coração. Tenho certeza que eu e os demais vamos adorar interagir com suas colaborações (ah, lembrando que silêncio é bem-vindo também!).

Oa, tô indo. Bjo do magro e semana que vem tem mais. Fui!

(frase de fim do episódio)

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