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EP #003 “O que minha reação a relatos pesados diz sobre mim?”

Theogenes Costa (THEO)
d.r. indie
Published in
4 min readMar 21, 2021

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Tem como cuidar do que nos impacta?

Dá pra ouvir por aqui! 😉☝

(música)

Digaê seu gostoso!

Eu me chamo Theo e esse é o terceiro episódio do micro-podcast do D.R. (dê-érri) INDIE para macho hétero (ou não) que escolheu deixar de ser um ladrão de paz e favorecer o diálogo sobre masculinidades encarando o desafio de cuidar de grupos reflexivos.

Chama o maior ladrão de paz do futebol brasileiro!

(vinheta)

Cala a boca Galvão Bueno!

Esse quadro é sobre tudo e qualquer coisa que impacta nossa concentração nos encontros, igual quando o Galvão Bueno fala merda quando na verdade a gente quer prestar atenção no jogo.

Pois bem, depois de muitas cartinhas da audiência (na verdade um pedido especial de Tadeu Vidal, um dos responsáveis pelo Projeto Desvio), achei ótimo trazer o questionamento do tema de hoje:

como lidar com relatos muito pesados dos participantes?

(meme)

Lembro de uma vez, ao final de mais uma noite presencial de diálogos sobre nossas masculinidades, um participante comentou que os encontros pareciam “open bar de bad vibes”. Rindo por dentro… de nervoso. Guardei isso pra mim, não esqueci nunca mais.

Mas pensa comigo: o espaço que nós criamos (os grupos reflexivos) são, muitas vezes, o único espaço seguro (além da terapia) onde esse cara pode trazer o melhor ou o pior dele porque estabelecemos um acordo de não julgamento.

Marshall Rosenberg, da comunicação não-violenta, afirma que

“a verdade aflora em ambientes não-punitivos”,

justamente o tipo de espaço que a gente se propôs a apoiar.

Outra premissa da CNV são as redes de apoio que se formam por conta da vulnerabilidade. Da mesma forma que esse cara se sentiu seguro de trazer algo pesado, meu convite é: também não represe isso!

Da mesma forma que você apoia a criação de espaços seguros não-punitivos, estenda isso para além dos grupos. Será que seu parceiro na condução do grupo pode ser esse apoio? Na CNV a gente costuma usar o termo “par empático” pra se referir a essa pessoas com que temos acordos de escuta ativa.

Mais uma coisa, será que a gente conhece nossos limites ou ainda é algo do tipo “sou homem, tenho que suportar”?

Seu lindo, tá tudo bem não ter estômago pra certas coisas, lembre de ser gentil com você.

Eu trabalhei no IML lá em Pernambuco e, na época, lidar com gente morta e toda a burocracia disso virou rotina, mas até hoje abomino ver carne exposta na feira, por exemplo. Vai entender!

Outra coisa: tá fazendo terapia? Caso a grana esteja apertada pra isso, um recurso que usei inúmeras vezes foi ligar pro 188, o CVV (Centro de Valorização da Vida) pra desabafar. Leva um tempinho de prática pra gente escolher ser empático sem adicionar mais peso no coração, mas o ideal é ter companhia nisso pq ao compartilhar o peso fica mais fácil caminhar.

Muitas vezes a gente é pego tão de surpresa que não faz ideia do que fazer. Mas será que tem algo a ser feito? Fernando Cespe é um carioca, amigo querido e pesquisador da comunicação não-violenta e já presenciei inúmeras vezes em que, diante de falas e relatos pesados, ele convida os presentes a ficarem em silêncio por um minuto pra gente digerir o que acabamos de ouvir antes de seguirmos pra fala seguinte. Algo simples e (TE GARANTO) muito potente!

(vinheta)

Olha o carro do ovo!

Então, enquanto o desafio de lidar com grupos reflexivos acontece, perguntas martelam na cabeça igual o barulho do carro do novo na sua rua, no seu bairro, ovos que a galinha chorou pra botar, freguesa!

E já que a gente prefere questionamentos ao invés de verdades absolutas, vou deixar a principal questão desse episódio viva mais uma vez: como lidar com relatos muito pesados dos participantes?

Será que vale a gente construir uma série de boas práticas para momentos como esse, mesmo que seja apenas ficar em silêncio por um minuto? O que tu costuma fazer quando isso acontece? Que tipo de acordos existem entre você e seu par empático para momentos como esse? E como tu gostaria que acontecesse?

Traz pra gente descobrir, colaborar e desenhar juntos!

Fica sozinho não!

Ah, semana que vem teremos nossa segunda-feira de recomendações (filmes, séries, livros, documentários) e eu volto na semana seguinte com mais um micro-episódio pra colar junto contigo mais uma vez. E faz igual Tadeu: manda tua sugestão de tema também!

Partiu?

Bjo grande e volto em 15 dias!

(frase de fim de episódio)

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