6 dicas sobre Corporate Innovation

Lições aprendidas trabalhando com comunidade de startups e corporações.

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No Brasil, desde o boom gerado pelo Cubo (Coworking do Itaú) em 2015, a palavra corporate innovation é algo que passou a ser falado recorrentemente nas conversas e reuniões entre pessoas de grandes empresas, especialmente nos cargos C-level, equipes de novos negócios, marketing, comunicação e até entre pessoas de inovação naquelas empresas que já tinham criado essas vagas.

Novos cargos foram criados para assumir a gestão de inovação e o relacionamento com startups para produzir novas ideias para as companhias, um pouco de disrupção, novos projetos digitais e até para fechar contratos com startups que solucionem problemas da empresa. Até aí, tudo bonitinho, parece bacana e fácil, mas não é. Muitos erros foram cometidos desde então. Bora aprender com esses erros?

Apresento abaixo 6 dicas para você entender de forma objetiva como funciona na prática o relacionamento das empresas com as startups:

1- Hackathon NÃO é só para fazer marketing e recrutar talentos.

Conversando com um grande amigo, Fernando Tomé, que se especializou em criar eventos sensacionais de hackatons, ele sempre fala que a primeira coisa que as empresas respondem quando ele pergunta "qual é o objetivo de fazer um hackathon?", elas respondem: "para fazer marketing", "recrutar talentos", "resolver um problema específico da empresa". Um hackathon não resolve isso totalmente — só se for muito bem planejado. Por ex: seu hackathon é o primeiro movimento numa jornada de eventos para sensibilizar seus funcionários e trazer novas ideias para dentro da empresa. Aí é mais válido. No que diz respeito a recrutar pessoas, Fernando explica: "Recrutamento e seleção é um processo que envolve o entendimento de fatores como segmento de atuação, descrição do cargo, soft skills inerentes à função e valores da empresa. Entender bem e colocar esses fatores na mesa durante o planejamento do hackathon é fundamental para o sucesso da iniciativa".

O mais importante disto tudo é: sua empresa está pronta para contratar milênios empreendedores que não vão aguentar nem 1 semana na sua estrutura atual?

2- Patrocinar um Startup Weekend é POUCO.

Os eventos SW da TechStars são hoje a referência global em vivências para que os curiosos (qualquer pessoa de qualquer idade, cargo, cultura, etc.) entendam como é montar um negócio digital em poucas horas, criar um time e validar o mercado. Eu participei e agregou muito na minha jornada de empreendedor. Existem corporações que fomentam apoiando o evento, patrocinando, mas não deve acabar aí. Esse é o grande começo de uma empresa na jornada de relacionamento com a comunidade de startups. A vivência é espetacular e eu garanto que nenhuma empresa não se arrepende de patrocinar um evento assim. Mas é preciso MAIS! Leve os funcionários da sua empresa para participar, coloque os executivos como mentores e avaliadores no dia final (quando se apresentam os pitchs). Apoie os eventos prévios e posteriores.

Comunidade de startups é muito mais do que patrocinar um evento de final de semana.

SW ADTECH, São Paulo, 2018

3- Ser SPONSOR num espaço de inovação.

Várias empresas apoiam essa iniciativa e eu particularmente considero uma das mais bacanas. Mas, cuidado! Botar grana, colocar a marca na entrada do espaço e frequentar o lugar uma vez por mês ou ir em alguns eventos não ajuda em nada. É jogar dinheiro fora. Você deve estar presente sempre. Estar presente todos os dias é quando você enxerga as coisas acontecendo de verdade. Coloque alguém fixo no espaço para falar com as startups, fazer negócios, criar conexões valiosas, trazer empresários, marcar reuniões, comunicar abertamente as dores da sua empresa e onde você precisa de ajuda.

Comunique abertamente porque sua empresa patrocina aquele espaço, quais são suas dores… Faça com que os empreendedores conheçam sua empresa e se engajem.

4- Ser MENTOR em diversas iniciativas.

Se você é um executivo de uma grande empresa, por favor, se ofereça para ser mentor em hackathons, startups weekends, programas de aceleração, rodadas esporádicas de mentorias dentro de espaços de coworking, eventos de inovação. Disponibilizar tempo para conversas abertas com startups dando feedbacks sobre seus produtos e serviços é uma das coisas que mais vão agregar para sua carreira, além de gerar MUITO VALOR para os empreendedores. Os executivos de grandes empresas têm muito a oferecer, mas muitos ainda não sabem disso.

Mergulhe no seu histórico profissional e abra-se completamente para compartilhar vivências e insights sobre inovação com os startuperos.

5- Matchmaking NÃO transforma a corporação.

Grandes empresas têm problemas complexos e uma única startup não será a solução para isso. Gustavo Araujo, sócio do Distrito, comenta sobre o tema: "É preciso pensar processos, arquitetura de tecnologia entre diversas startups e como tudo se integra com a arquitetura de tecnologia da grande empresa. É preciso construir um business case com ROI para aprovar investimentos e, acima de tudo, após ter esses pontos alinhados, é necessário ter capacidade de executar e acompanhar a transformação".

Ir em eventos de inovação e se conectar a uma startup pode ser o começo, mas está longe de ser algo que mexe no ponteiro de grandes empresas.

6- Contrate alguém FORA DE SÉRIE para a vaga de “corporate innovator”.

Uma empresa de saúde normalmente vai querer contratar uma pessoa experiente nessa área para a vaga de corporate innovator. Numa empresa de varejo, a mesma coisa. Qualquer que seja a vertical da corporação, se essa pessoa já trabalhou com inovação, em startups, ou tem perfil adequado para a vaga — independentemente da área da sua empresa -, esse profissional pode ser super valioso para você. Tente trazer alguém novo para dar um ar de frescura para a companhia.

Essa nova pessoa deve usar as técnicas do open innovation para criar oportunidades inéditas para a corporação.

CONCLUSÃO

Siga os 6 pontos mencionados acima, mas com um plano bem definido.

Você deve criar uma estratégia e entender aonde quer levar a sua empresa no processo de transformação digital.

Abaixo, cito algumas pessoas incríveis que podem te ajudar com o tema Corporate Innovator:

Preta Emmeline, Danilo Picucci, Juliana Lima, Fernando Tomé, Bruno Diniz, Carolina Morandini, Fernando Jardim, Cinthya Menezes, Edson Mackeensy, Vinicius Machado, Tania Gomes, Rafael Ribeiro.

Não consigo colocar todo mundo (rs), mas esta lista é um ótimo começo.

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Se você quer saber mais sobre este assunto, me escreva. E ah, não deixe de comentar este artigo. ❤ Gracias!

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Emiliano Agazzoni
Drinkabout . Thinkabout . Writeabout

Founder Community Manager School | Marketing | Growth | Remote Work | Vegan | Biker | Tech & Digital