Saiba o que esperar de “Santo Guerreiro: Roma Invicta”, meu novo romance

Eduardo Spohr
Eduardo Spohr
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6 min readApr 23, 2020
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Saudações, legionários, gladiadoras, patrícios e sacerdotisas.

Como alguns de vocês já devem saber, Santo Guerreiro: Roma Invicta”, meu novo romance, chegou nesta segunda-feira (07/12) às lojas de todo o Brasil.

Mas sobre o que é o livro, afinal, o que esperar dele e — principalmente — o que não esperar? Confira a seguir.

Sobre o que é o livro?

Santo Guerreiro: Roma Invicta” é o primeiro volume de uma trilogia destinada a contar a biografia de São Jorge, identificado aqui por seu nome grego, Georgios. O objetivo da obra é se distanciar do mito e dar um caráter profundamente histórico à trama, retratando o Império Romano tal como ele era ao final do Terceiro Século, um mundo convulsionado por invasões bárbaras, guerras contra os persas, rebeliões provincianas e conflitos religiosos entre as tradicionais seitas pagãs e um novo grupo que se multiplicava no Leste: os cristãos.

Santo Guerreiro: Roma Invicta” será sucedido por “Santo Guerreiro: Ventos do Norte”, que explorará os confrontos na fronteira germânica, e “Santo Guerreiro: O Império do Leste”, que mostrará a batalha final entre persas e romanos e a sequência de eventos que culminará com o martírio do nosso personagem principal, São Jorge, morto no ano 303, na cidade da Nicomédia (atual Izmit, na Turquia).

O enredo

Minha ideia inicial era escrever um só volume, mas falhei nessa missão logo que comecei a pesquisar sobre o tema. A história da humanidade é tão fascinante e tem tantos acontecimentos fantásticos que seria quase que um pecado negligenciá-los.

O IMPÉRIO DE PALMIRA E A RAINHA ZENÓBIA

O Último Olhar da Rainha Zenóbia em Palmira. Quadro do pintor inglês Herbert Gustave Schmalz (1888).

O primeiro capítulo de “Santo Guerreiro: Roma Invicta” descreve a batalha de Emesa, o épico confronto que marcou o fim do Império de Palmira. Dentro do contexto da Crise do Terceiro Século, o Império de Palmira era um dos territórios que se rebelaram contra o poderio romano. Um príncipe árabe chamado Odenato tomou o controle da Síria, obrigando as legiões a se mover contra ele. Odenato morreu no curso da campanha e a rainha Zenóbia, sua esposa, assumiu seu lugar, liderando as tropas e comandando o exército.

Laios, o futuro pai de Georgios, cavaleiro e tribuno militar, tem participação de destaque nesse evento. Condecorado pelo imperador, ele é enviado a Lida, uma pequena cidade na Palestina (hoje Israel). Os capítulos em Lida servem, dentre outras coisas, para mostrar como era o cotidiano de patrícios, plebeus e escravos nas províncias orientais. Como operava uma colônia romana? Quem a governava? Que sorte de intrigas rondava o fórum, as praças, os conselhos municipais?

Ruínas da cidade de Palmira, na Síria.

O MENINO GEORGIOS

Georgios nasce em Lida três anos após a queda de Palmira. Há alguma controvérsia acerca do seu local de nascimento. Muitos sustentam que ele é originário da Capadócia, mas eu preferi seguir as fontes históricas mais robustas (ainda que não haja comprovação histórica da existência do santo). No clássico “Declínio e Queda do Império Romano”, Edward Gibbon defende a tese de que São Jorge é mesmo natural de Lida e que sua figura por vezes é confundida com Jorge da Capadócia, um bispo que viveu no século IV, chamado também de Jorge de Laodiceia.

Igreja de São Jorge, na cidade de Lod, Israel, onde o próprio santo teria nascido e se criado.

Neste ponto, o livro apresenta três protagonistas: o menino Georgios, a mãe dele, Polychronia, que secretamente cultiva hábitos cristãos, e o pai, Laios, que em certo momento parte para campanha da Pérsia, onde conhece o chefe da escolta imperial, um soldado chamado Diócles, que dali a poucos anos se tornaria imperador sob o nome de Diocleciano.

FUGA PARA A NICOMÉDIA

Por razões que não podem ser reveladas, os pais de Georgios são mortos e ele, agora com 14 anos de idade, precisa empreender uma longa viagem até a Nicomédia, então capital do Império, para tentar uma audiência com o imperador Diocleciano.

Antioquia, uma das maiores cidades do Império Romano no século III d.C. Ilustração do arquiteto francês Jean Claude Golvin.

No trajeto, ele conhece a cidade de Antioquia (hoje Antáquia, na Turquia), um dos maiores centros urbanos do mundo, onde uma crescente população cristã convive lado a lado (nem sempre de forma pacífica) com a comunidade judaica e com inúmeras seitas locais, dentre elas a de Astarte (a deusa fenícia do sexo) e de Dagon, o Deus-Peixe.

O JOVEM CAVALEIRO

Após uma jornada árdua e cheia de perigos, Georgios alcança o seu destino final. Em respeito a Laios, seu velho companheiro de armas, Diocleciano o recebe e o alista da Escola de Oficiais do Leste, uma fortaleza destinada não só a treinar os filhos das famílias ricas como a mantê-los perto da corte, ao alcance do imperador, para que os seus pais (generais, políticos e senadores importantes) não se rebelem contra a autoridade do césar.

As cerimônias de iniciação dos devotos de Mitra aconteciam em templos subterrâneos chamados mitreus. Esse mitreu (acima) foi encontrado nas ruínas da cidade de Óstia, Itália.

Uma vez sagrado cavaleiro e admitido no culto de Mitra (o deus dos soldados), a vida do jovem Georgios começa a se cruzar com a de personalidades históricas, como Diocleciano (já mencionado), Flávio Constantino (futuro imperador Constantino), o rei Tirídates da Armênia e a indestrutível rainha Zenóbia que, ainda viva, preparara em segredo uma conspiração com o objetivo de desarticular e destruir o Império Romano.

Quer saber mais sobre a trama?

Nesta LIVE respondo às perguntas dos leitores e falo um pouco mais sobre o enredo. Não contém spoilers. Podem assistir tranquilamente ;-)

Processo de pesquisa

Imagem de São Jorge na Igreja da Natividade, em Belém, na Cisjordânia.

Depois de publicar obras peças de fantasia, decidi me arriscar na seara do romance histórico. Sei que é uma tarefa difícil, mas, para ser sincero, não tive opção. O amor pelo estudo de história está no meu sangue, é algo que me fascina há décadas. Desde 2010 flerto com o tema, tendo abordado períodos históricos distintos em todos os meus livros anteriores, de uma forma ou de outra.

Para não me perder ao longo da estrada, reuni uma série de recursos importantes, “mapas do caminho”, como se diz no jargão literário.

O que é um romance histórico?

Mausoléu de São Jorge, em Lod, Israel.

Por dois anos, me dediquei à pesquisa de campo, visitando alguns sítios arqueológicos ao redor do mundo, tais como a cidade de Lod, em Israel, onde Georgios teria nascido; as ruínas de Pompeia, em Nápoles; o fórum romano e os escombros de Bizâncio (hoje, Istambul). Li muitos livros sobre o assunto, vasculhei cartas e documentos, mas, como eu costumo dizer, um romance sempre deve ter como foco o enredo e (sobretudo) os personagens. Em uma obra de ficção, é isso o que importa — e é o que eu fiz (ou, procurei fazer) em "Santo Guerreiro: Roma Invicta".

Parque arqueológico de Pompeia. Nápoles, Itália, 1994.
O famoso million (ou milão). Essa coluna, erguida no centro da antiga cidade de Constantinopla, servia para medir todas as distâncias do Império Romano do Oriente. Istambul, Turquia, 2008.

Isso é tudo o que eu posso dizer por enquanto. Críticas, opiniões e comentários são sempre bem-vindos. Vou publicando as atualizações aqui no meu blog, Medium e redes sociais à medida que elas forem surgindo.

Vamos juntos. Qualquer dúvida, só perguntar. Um abraço,
Eduardo

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Escritor, jornalista, professor universitário (curso de extensão, mas tá valendo), blogueiro, podcaster, filósofo de botequim e PHD em contar piadas sem graça.