Os meus 15* romances favoritos de todos os tempos

Eduardo Spohr
Eduardo Spohr
Published in
7 min readMar 21, 2019
Cena do filme "1984", lançado no mesmo ano. Na imagem, John Hurt (Wiston Smith) e Richard Burton (O'Brien).

Outro dia alguém me perguntou pelas redes sociais quais eram os meus romances 10 favoritos de todos os tempos. Fiquei meio sem saber o que responder, porque são muitos e cada um deles me tocou de uma forma diferente, em um momento diferente da vida.

Em geral, não gosto de listas — a gente sempre acaba se esquecendo de uma coisa ou de outra, ou propositalmente deixando uma obra de lado. Mesmo assim, resolvi arriscar.

Fiquem à vontade para também compartilhar os seus títulos favoritos nos comentários :-)

Xógum, a Gloriosa Saga do Japão, de James Clavell (1975)

Richard Chamberlain na minissérie de 1980.

O mais apaixonante dos romances sobre a história do Japão conta a trajetória de um timoneiro inglês que, em 1600, naufragou nas praias do Leste e foi capturado pelos samurais, às vésperas da legendária Batalha de Sekigahara.

O que mais me fascina neste livro é o processo de transformação do protagonista e o choque de cultura entre o Oriente e o Ocidente. Um trabalho espetacular, que já é considerado um clássico.

Depois, se gostar, já parta direto para Musashi, de Eiji Yoshikawa, que começa logo ao término da referida batalha.

Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia, de José Louzeiro (1975)

Reginaldo Faria no filme de 1976.

Do meu saudoso e querido professor José Louzeiro, este livro fala sobre a vida de Lúcio Flávio, o bandido de olhos azuis que aterrorizou o Rio de Janeiro nos anos 70. Louzeiro conheceu Lúcio Flávio pessoalmente e, como jornalista, fez várias reportagens sobre ele, entrevistando o criminoso seguidas vezes.

“Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia” é o “A Sangue Frio” brasileiro, um romance-reportagem escrito por alguém que viveu a época e teve contato direto com os personagens reais.

No cinema, Reginaldo Faria encarnou o personagem em um filme de 1976, dirigido por Hector Babenco.

1984, de George Orwell (1948)

O Grande Irmão. Imagem do filme.

Esse livro dispensa apresentações e e até melhor não falar muito sobre ele. Leia e interprete por si mesmo. Basta dizer que, na minha opinião, “1984” é o romance mais importante do século XX.

Gravamos um NerdCast sobre a obra, com leituras dramatizadas do querido Guilherme Briggs. Confira aqui.

Pilares da Terra, de Ken Follet (1989)

Série de 2010. NÃO recomendo. Leia o livro. Bem melhor.

O melhor romance sobre Idade Média da Europa Ocidental que já foi publicado, na minha humilde opinião. Em “Pilares da Terra”, de Ken Follet, acompanhamos a vida de três protagonistas, uma nobre (Aliena), um clérigo (Phillip) e um membro do povo (Tom Construtor), seus papéis, direitos e deveres na sociedade medieval inglesa.

Um clássico com todos os elementos que são característicos do período. Não deixe de ler.

Conan, o Cimério, de Robert E. Howard (2006)

O raro título da editora Conrad.

As obras completas de Robert E. Howard foram lançados no Brasil nos anos 2000 pela finada editora Conrad, em dois volumes. “Conan, o Cimério” traz a melhor tradução possível dos contos originais do autor texano. Já deixou de ser publicado há muito tempo, mas dá pra encontrar em sebo. Vale a pena correr atrás.

Confira este artigo sobre Conan, Robert E. Howard e a Era Hiboriana.

O Físico, de Noah Gordon (1986)

Imagem promocional do filme "O Físico", de 2013.

Quando eu achei que nenhum romance histórico poderia superar “Xógum” e “Pilares da Terra”, eis que cai na minha mão “O Físico”. Na trama, um jovem inglês decide estudar na Pérsia com o legendário Avicenna, o maior médico de seu tempo, em uma época que a prática da medicina na Europa era exercida apenas por barbeiros.

Do mesmo modo que “Xógum”, o que me capturou neste livro foi o choque de cultura. O protagonista, cristão, aprende a ser judeu (porque só muçulmanos e judeus eram aceitos na Pérsia) e depois é apresentados aos conceitos do islamismo. Sensacional.

Escute o podcast Caixa de Histórias (com a minha participação) sobre “O Físico”:

Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice (1976)

Christian Slater e Brad Pitt no filme de 1994.

O filme me marcou muito porque era praticamente uma aventura de “Vampiro, a Máscara”, RPG que eu jogava loucamente nos anos 90. O filme me levou ao livro, que foi outra experiência muito importante e que me influenciou sobremaneira na feitura das minhas próprias obras.

De todos os aspectos dessa saga da Anne Rice, o que eu acho mais bacana é a melancolia do vampiro ante a passagem do tempo, como o mundo vai se transformando e ele vai ficando para trás. Bravo!

Gosta do tema? Escute o nosso podcast sobre o Mundo das Trevas clicando aqui.

O Exorcista, de William Peter Beatty (1971)

Não tive medo do filme, mas me borrei lendo o livro. Uma história muito bem escrita, simples e assustadora. O cinema obedeceu literalmente o texto, usando os diálogos praticamente sem alteração. Não recomendado para quem tem estômago fraco ou problemas do coração.

O Rei do Inverno, de Bernard Cornwell (1995)

"O Círculo Mágico", quadro de John William Waterhouse, circa 1886.

Eu poderia citar muitos livros do Bernard Cornwell, mas escolhi o primeiro da trilogia das Crônicas de Artur, que é a melhor de suas sagas. Cornwell é relevante não só pela recriação histórica, mas porque possui um estilo muito próprio, muito característico, que se encaixou perfeitamente na temática medieval.

Já li outras obras do autor, dentre elas Crônicas Saxônicas e a trilogia do Graal, mas considero realmente o "Rei do Inverno" a melhor coisa que ele já fez.

Confira a minha entrevista com Bernard Cornwell neste link.

O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger (1951)

O recluso escritor J. D. Salinger (1919–2010).

O Apanhador no Campo de Centeio” me ensinou algumas coisas, como leitor e como escritor. Aprendi que uma boa história não precisa de um grande final ou de um objetivo importante. Às vezes, basta ela ser bem contada.

O trabalho que J. D. Salinger fez nesta obra é monumental. Mesmo sabendo que o enredo não vai levar a lugar nenhum, você simplesmente não consegue parar de ler. É uma narrativa cativante e apaixonante, embora carregada de dor e angústia. Leiam!

O Sol Também se Levanta, de Ernest Hemingway (1926)

Ernest Miller Hemingway.

Ernest Hemingway é conhecido por ser um dos gênios da literatura, alguém que revolucionou a forma da escrita em um período em que o mundo estava em transição, após a Primeira Guerra Mundial.

O Sol Também se Levanta” é um retrato fiel dessa época e dos expatriados que viveram no caldeirão borbulhante da Paris dos anos 20. Uma geração que perdeu seus antigos valores e que ainda está procurando por novas perspectivas.

Escute o podcast Caixa de Histórias (com a minha participação) sobre “O Sol Também se Levanta”.

Duna, de Frank Herbert (1965)

O ator Kyle Maclachlan como Paul Atreides no filme de 1984.

Duna” é considerado um marco da ficção científica, mas se você não é muito apegado ao gênero, sem problemas. Frank Herbert trata de questões que vão muito além das espaçonaves e robôs. “Duna” é uma obra sobre família, amor, poder, religião e economia.

Nota pessoal: o melhor personagem para mim é o Leto Atreides, o duque, pai do herói, Paul Atreides.

A Casa das Bruxas, de H.P. Lovecraft (1983)

Escolhi esse livro para representar o grande H.P. Lovecraft nessa lista. “A Casa das Bruxas” é um conto do autor americano, que empresta o nome para uma coletânea lançada pela editora Francisco Alves, nos anos 80. Ainda dá pra encontrar em sebo. Procure.

A antologia “A Casa das Bruxas” conta com a melhor tradução possível de Lovecraft. E reúne histórias consagradas e icônicas como “Nas Montanhas da Loucura”.

Em poderia escrever muitas linhas sobre H.P. Lovecraft. Se você não conhece nada dele ou se quer conhecer mais, escute o podcast a seguir.

Cassino Royale, de Ian Fleming (1953)

Sean Connery como James Bond.

O primeiro romance do autor Ian Fleming sobre James Bond é o melhor. Embora o personagem tenha tido altos e baixos no cinema, e de ter sido retratado em tons de comédia nos anos 70 e 80, “Cassino Royale” é um livro magnífico, que fala não apenas de um agente secreto mas de suas relações pessoais, seus dramas e conflitos.

“Cassino Royale” tem uma jornada própria, com curva de aprendizado, início, meio e fim. Há quem diga que deveria ter sido o único livro escrito do 007. Eu não concordo, mas entendo o raciocínio.

O Chefão, de Mario Puzo (1969)

Marlon Brando na película de 1972.

Eis um dos poucos casos em que a gente fica na dúvida sobre o que é melhor: o livro ou o filme? Francis Ford Coppola produziu uma película maravilhosa, com imagens incríveis. O livro, por outro lado, tem tempo de explorar melhor cada um dos personagens e de entrar mais profundamente nas entranhas da família. Leia.

Escute o podcast Caixa de Histórias (com a minha participação) sobre “O Chefão”:

* Não necessariamente nessa ordem

--

--

Eduardo Spohr
Eduardo Spohr

Escritor, jornalista, professor universitário (curso de extensão, mas tá valendo), blogueiro, podcaster, filósofo de botequim e PHD em contar piadas sem graça.