Pensar em prosperar é pensar em sair do Brasil?

Lahid Baker
E agora?
Published in
2 min readJun 6, 2017

Nasci em Belém do Pará, e não, não sou Paraíba e nem nordestina, como muitos desentendidos de geografia acham. Sou Nortista, curiosamente para alguns, o Pará fica no norte e por lá temos prédios, concretos, shopping e grandes empresas. Porém, quanto as grandes empresas, elas não são muitas e as oportunidades são limitadas. Quando comecei a faculdade de jornalismo sempre soube que sairia de Belém para uma cidade maior em busca de mais oportunidades, e assim eu fiz.

Me mudei para Curitiba e lá sonhei em ir além, sair do Brasil para voar mais alto, aquele velho sonho de que vamos sair do nosso país para fazer fortuna fácil “no país dos outros”. E mais uma vez sai do meu habitat, mas dessa vez foi maior… Sai do meu país, da minha língua, da minha culinária, do meu povo. É estranho pois quando fui para Curitiba tive a sensação de estar indo para outro país, mas só quando realmente sai do Brasil que vi que somos um só.

Tudo no outro país parece melhor, em particular no meu caso a Irlanda para onde fui fazer intercâmbio, e na maior parte, não temos o que questionar. Segurança, transporte, educação, qualidade de vida…Opa, paramos por aí! O que é qualidade de vida para você?

Os Irlandeses realmente tem qualidade de vida, mas estão no pais deles com todos os direitos garantidos. Mas e os imigrantes? Aqueles que não tem o famoso passaporte europeu? Quando cheguei e me deparei com inúmeros Brasileiros, Venezuelanos e latinos sujeitando-se a horas de trabalhos não registrados por uma quantia que os Irlandeses não querem ganhar, então as vagas sobram para os imigrantes.

E as grandes empresas? E os bons empregos que pagam super bem e em euro? Conheci muitas pessoas formadas que foram com o sonho de trabalhar em suas áreas, mas não conheciam as burocracias do país para contratar os mesmos. As empresas pagam alto para o governo para manter uma pessoa não europeia, pois eles tem que priorizar a sua população ou provar que para aquela vaga, não tem mão de obra especializada no país para fazer, justificando a contratação de imigrantes.

Ouvi inúmeras histórias de jornalistas, programadores, administradores, professores, publicitários e várias áreas que foram tentar e para manter-se e aprender o inglês, trabalhavam com limpeza, garçom, babá e etc. O mais curioso é que muitos já estavam lá anos e não falavam o tão sonhado “inglês fluente”. A realidade para quem vai tentar conseguir uma vida melhor sem a ajuda financeira de terceiros é bem diferente de quem vai para o intercâmbio com essa ajuda.

Vi muitas pessoas que se mantinham lá só pelo fato de morarem na Europa, mas para mim isso nunca fez sentido. Quando escolhi a minha profissão foi para exerce-la, o aprendizado que vivi durante os seis meses em que fiquei fora do meu país, me foi muito engrandecedor. E serviu, entre outras coisas, para eu entender de vez que quero buscar meu “lugar ao sol” aqui, no Brasil, na minha casa, meus costumes, minha gente, mesmo que para isso precise lutar e inovar.

--

--