Bitcoin pra que?

Juliana Furlan
e-juno
Published in
4 min readAug 27, 2018

Quantas vezes já nos pegamos olhando o relógio vendo a hora passar, o quanto cada segundo é precioso? Tirando a parte filosófica desta questão, cada vez mais faz parte da nossa história “correr contra o tempo” e certamente este termo também alcançaria a nossa economia.

Desta atitude surgem outros contratempos que impedem a agilidade do mercado financeiro como a burocracia, altas taxas para transações, cobranças abusivas por parte do sistema bancário, falta de liquidez. Em resposta à crise imobiliária de 2008 nos EUA, surge o pseudônimo, Satoshi Nakamoto, com uma proposta totalmente diferente, criar o dinheiro que não dependesse dos bancos, dando poder, autonomia e responsabilidade aos usuários.

Porém ao longo dos anos foi possível perceber as diferentes visões sobre a utilidade desta tecnologia, criando assim a pergunta, “pra que eu vou usar isso?”. Utilizando como base o estudo realizado por Nic Carter e Hasufly, trazemos algumas das conclusões sobre a história do Bitcoin em que apresentamos sete narrativas sobre o assunto. Confira a baixo os motivos que farão você entender “pra que” serve ou já serviu esta criação.

Prova de conceito de e-cash: Na época em que foi criado o Bitcoin, os cypherpunks e criptógrafos ainda avaliavam se o projeto realmente seria funcional, já que as propostas anteriores de um dinheiro eletrônico (e-cash) falharam, as pessoas precisaram de tempo para ver a viabilidade técnica e econômica do Bitcoin, sendo ele a primeira moeda digital a ter papel de destaque na economia.

Ouro digital resistente à censura: o Bitcoin representa principalmente uma reserva de valor intergeracional, impossível de ser fraudado, com regra inflacionária que tende a zero e resistente à censura de bancos e governos. Os defensores desse argumento não enfatizam o uso do Bitcoin nas transações cotidianas, mas argumentam sobre a moeda ser uma forma de dinheiro saudável (sound Money).

Moeda anônima e privada: O Bitcoin possibilita que pessoas que não se conhecem mantenham o anonimato sobre o montante de seus valores, suas transações e ainda assim são rastreáveis, em um ambiente em que todos ao redor devem concordar unanimemente sobre a história das negociações de ambos os lados, mantendo a privacidade de cada um. Algumas pessoas relacionam essa característica ao potencial de lavagem de dinheiro que o Bitcoin oferece porém, a verdade é que qualquer recurso pode ser usado para este fim, as cédulas também são anônimas já que não identificam quem as carrega, podendo ser utilizadas para comprar desde uma garrafa de água até armas.

Banco de dados programável compartilhado: esse pensamento envolve o entendimento de que o Bitcoin pode ser enxergado como um protocolo programável, podendo absorver dados arbitrários e não apenas transações de valor. Projetos como Namecoin, Blockstack, DeOS, Rootstock possuem essa visão de protocolo.

Moeda de reserva para o setor de criptoativos: Para os traders, empresas e redes distribuídas que detêm reservas em Bitcoin, é natural a visão de que ele é o numerário no qual o preço das outras criptomoedas se apoiam, tornando-se um referencial.

Rede barata de pagamentos P2P: uma simples moeda para transações na internet que funcionasse de maneira peer-to-peer (P2P, ou seja, de uma pessoa para a outra). Seria uma espécie de Paypal descentralizado. Como as transações de baixos valores são um componente-chave do comércio online, a criação de uma moeda digital traria a conveniência de unir a velocidade de transação com baixas taxas.

A quem utilize a moeda como simples meio de pagamento em diferentes lugares do mundo, com base na transação relativamente rápida e segura, diferente do P2P que por se tratar de negociações com grandes quantias, o usuário não está muito preocupado com a taxa da transação.

Ativo financeiro não correlacionado com o mercado tradicional: A tendência do Bitcoin não ter correlação com outros tipos de índices, moedas ou commodities tradicionais o torna um atraente diversificador de carteira, visto unicamente como um ativo financeiro. Desta forma, não importa muito possuir o Bitcoin em si, mas sim a exposição do ativo, comprando o risco de valorização e desvalorização. Esta é a linha que ganhou mais forças tornando-o famoso por seus altos e baixos, o que não desmerece as outras utilidades muito embora algumas já não são facilmente colocadas em prática.

--

--

Juliana Furlan
e-juno
Writer for

Estudante de GPP, finanças e mitologias. Dedico parte do meu tempo a produção de artesanato e conteúdo na e-juno.