A Pressão que Transforma Grafite em Diamante

Tom Paes
E-volua
Published in
4 min readJan 5, 2017
Você vai precisar de um pouco mais de pressão que isso, mas valeu a tentativa!

A transformação do Carbono em Diamante é um processo que leva milhões de anos para se concluir. Acontece entre 140 e 190 quilômetros abaixo da terra onde o carbono, possivelmente grafite puro, aguenta temperaturas de mais de 1300ºC e pressões 50 vezes maiores que a superfície.

Assim como o carbono, também sofremos pressões a todo o momento na vida: No emprego, em casa ou com os amigos. Na maioria das vezes encaramos isso como algo ruim, e claro, estar sob pressão não é uma das situações mais confortáveis que existe, mas podemos encarar de um outro jeito: como uma oportunidade de crescimento.

Todo o crescimento dói. É inútil pensar que você será uma pessoa melhor apenas lendo livros e artigos no Medium (mas ajuda), você precisa vivenciar tudo isso que aprende, vivenciar a pressão que é estar na pele que você deseja estar.

Se você não se sente pressionado a um tempo, está perdendo grandes oportunidades de crescimento.

O que a pressão faz?

Você está em um projeto que não anda nada bem por diversos fatores: não foi bem dimensionado, as tarefas não são claras, o cliente mudou de ideia diversas vezes, os Indianos não fizeram seu trabalho direito e essas coisas que acontecem com qualquer projeto.

Faltando uma semana para a entrega, o projeto não está nem na metade e a pressão cai toda sobre você, claro, parte mais fraca de toda a hierarquia. O cliente, então, não faz concessões para aumentar o prazo, assim como o superior de seu superior e assim como seu superior imediato e você vai ter que fazer hora extra.

Muitas horas extras.

É dezembro, seus amigos e sua família estão te chamando para viajar. Os últimos 10 anos choveram nessa época do ano, mas justo esse ano estava fazendo um sol de rachar mamona. Mas você vê o feriado cada vez mais longe. É nessa hora que além de toda pressão externa, você tem também a pressão interna, aquela vontade de jogar tudo pro alto e simplesmente desistir. É aí que começa o jogo.

Você tem duas opções: tratar isso como um dos piores momentos da sua vida ou simplesmente encarar como um bom aprendizado.

Não tenho muitas recordações de Dezembro passado além do escritório da empresa. Viramos noites lá, pois desistir não era uma opção. Eu simplesmente me senti como o grafite, não tinha por onde fugir. Não foi uma experiência agradável enquanto estava vivenciando ela, e não vou negar que a vontade de comprar uma passagem só de ida para a Colômbia e trocar de nome era imensa.

O dia da entrega foi o pior — Ah, as entregas. Eu penso que se cada entrega de um carteiro se assemelha as entregas de Software, eu devo muito respeito a eles. Vou explicar rapidamente para quem não tem muita intimidade com a área de TI:

Imagine que você trabalha como um Engenheiro de Software e o cliente pede uma alteração simples:

  • Mudar o rótulo de um botão de “OK” para “ACEITO”.

Normal, tarefa banal, complexidade zero, certo? Isso se não for no dia da entrega. Se for no dia da entrega, você pode ter certeza que enquanto você estiver mudando rótulo a energia vai cair, o Google vai sair do ar, uma enchente vai acontecer na sala do servidor e antes de tudo isso você vai ter esquecido de salvar tudo desde o começo do projeto. Tudo isso faltando 15 minutos pro prazo final. É mais ou menos por aí.

No dia da entrega viramos 26 horas trabalhando direto, das 10h de uma quinta-feira até 12h da sexta. Eu nunca achei que eu seria capaz de fazer isso. Conseguimos resolver todos os percalços que apareceram no projeto e entregamos o projeto as 12h de sexta, exatamente na data e hora planejadas. Ganhamos vários parabéns e fui dormir exausto, aliviado e feliz por ter cumprido com o meu dever.

Acordei 3 horas e meia depois com uma ligação do cliente, falando que uma parte do sistema estava dando erro e que precisaríamos consertar urgentemente.

Ainda não havia acabado, parecia um pesadelo sem fim. Senti náuseas corri ligar para o desenvolvedor, descobrimos que o erro não era nosso, era do próprio cliente. Alívio de novo.

Uma hora de conversa no telefone depois para convencer o cliente (que, óbvio, por ser cliente tem o dever de não entender nada dos problemas técnicos do projeto) do que estava acontecendo, eu ainda bêbado de sono agora estava aliviado novamente. Não consegui voltar a dormir e passei o resto do dia em um estado meio zumbi.

Na outra segunda, depois de colocar todos os pensamentos no lugar, eu estava me sentindo uma pessoa melhor, como se tivesse subido um degrauzinho na vida. E eu lembrava daquele período horrível, como uma coisa boa. Foi algo que eu não iria aprender em nenhum outro lugar.

A Professora Vida veio até mim ensinar algo valioso: É a pressão que separa o grafite do diamante.

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