Como Parar de Fazer Merda - um guia curto e prático

Elvis Nogueira
E-volua
Published in
5 min readNov 30, 2016

Lembra daquela última discussão de relação, o temido DR, que você teve com sua parceira ou parceiro? Com certeza você ouviu muitas reclamações sobre aquela sua mania irritante e como isso está pesando ou já pesou na convivência, te tornando uma pessoa horrível e impossível de aturar. Pode ser também que você seja uma pessoa do estilo sou-guerreiro-to-solteiro-quero-mais-o-quê, mas sabe que tem aquela teimosia em roer unha, comer doces compulsivamente, ficar entrando no facebook enquanto conversa ao vivo com uma pessoa, ou discutir raivosamente sempre que é contrariado.

Então pode ser que seus problemas terminaram. A ciência tem uma bela de uma notícia que pode te ajudar.

Essa mania que está te complicando tem um nome e uma cura. Chama-se hábito e existe uma fórmula para acabar com ele. Claro que não é tão fácil como parece, até porque, como as pessoas e os próprios hábitos são diferentes, as fórmulas tendem a variar de acordo. Mas só de você entender como funciona a base da fórmula já é possível se educar e de quebra ainda ganhar a DR deixando seu parceiro de boca aberta.

Não é sua culpa

A ciência descobriu algumas coisas nos últimos 20 anos que confirmaram que esses maus-hábitos não são exatamente culpa sua, mas sim do seu cérebro (tomara que esse argumento cole).

Imagine que seu cérebro é como uma cebola, cheio de camadas uma grudada na outra, sendo que a camada de fora é a mais nova do ponto de vista evolutivo. Essa camada externa é responsável pelos pensamentos mais complexos, como quando você ri de uma piada, ou inventa uma mentira sobre onde você estava na última quarta-feira. Mais ao fundo, perto de onde o cérebro encontra a sua coluna, estão as partes mais antigas e primitivas, uma espécie de nó de tecidos nervosos. Essa parte controla nossos comportamentos automáticos, como respirar ou engolir, ou a reação de susto que sentimos quando uma pessoa sai gritando de dentro de um armário (literalmente falando).

Quando você começa um hábito novo, como por exemplo entrar no facebook, usa a parte mais complexa do cérebro no início. Você precisa se lembrar do site, sentir vontade, acessá-lo com o celular ou notebook e então começar a fuçar a vida dos outros e se sentir bem, mas ainda não é uma vontade impulsiva, um vício.

Após um tempo fazendo isso, todas as vezes que seu cérebro entender que é a hora certa, irá se lembrar sozinho e praticamente te obrigar a entrar no facebook. Isso acontece porque ele já aprendeu quando e como fazer, se lembrou do seu estado de espírito após as últimas vezes que você fez isso e assim, um pequeno pedacinho no centro da sua cabeça, chamada gânglios basais, mandou essa ação ir para a parte mais primitiva do cérebro. Ele automatizou seu hábito, literalmente falando. E esse pedacinho do cérebro com nome estranho foi o que comandou isso.

Isso acontece porque o nosso cérebro tende a automatizar todas as suas ações. Ele faz isso porque as partes menos complexas do cérebro gastam menos energia e, caso acabe a sua energia, você morre.

Resumidamente falando, o seu cérebro está tentando fazer você não morrer e, como consequência, automatizando todas as ações possíveis.

Hey, cadê a fórmula de acabar com o meu hábito!?

Os cientistas conseguiram identificar essa mania do cérebro e mapeá-lo com a ajuda de ratinhos de laboratório, que morreram no processo.

Descobriram que sempre existem três estágios nos hábitos. Primeiro uma deixa, um estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático, e indica qual hábito ele deve usar. Depois, há a rotina, que pode ser física, mental ou emocional. E no fim há uma recompensa, que ajuda seu cérebro a saber se vale a pena memorizar essa sequência.

Ter algum hábito é inevitável, mas se você conseguir identificar cada uma dessas três etapas (deixa, rotina e recompensa), você pode alterar ou substituir qualquer um, fazendo com que eu pense que as mortes dos pobres ratinhos inocentes não foram em vão.

Passo a passo

Nosso hábito é uma fórmula que seu cérebro segue automaticamente:

Quando eu vejo DEIXA, vou fazer ROTINA para obter RECOMPENSA.

Exemplo: Quando eu vejo TÉDIO, vou ENTRAR NO FACEBOOK, para obter ENTRETENIMENTO.

A deixa é sempre o motivo pelo qual você começa seu hábito. Nesse caso, sempre que eu estou entediado eu entro no facebook. A deixa nesse caso é o tédio. A partir daí já sabemos o que motiva a iniciar a ação.

A rotina pode ser identificada se você anotar quais são os passos que você faz para acessar o hábito. No meu caso, pego o celular, desbloqueio e então abro o aplicativo.

A recompensa é fácil identificar. Para matar o tédio eu uso a descontração das páginas de humor ou as publicações de meus amigos para me entreter.

Você pode isolar qualquer um dos três eventos e tentar iniciar a mudança. É possível evitar ficar entediado mudando as ordens das tarefas que eu estou fazendo assim que elas começarem a ficar chatas. Posso deixar meu celular longe de mim ou desinstalar o aplicativo para alterar a rotina, ou posso também pensar em alguma outra ação que me dê a mesma recompensa, como conversar ao vivo com algum colega engraçado, ou ouvir uma música para me entreter no lugar das páginas de humor.

Como cada pessoa tem seu mundo e seu modo de viver, alguns hábitos podem ser mais difíceis de mudar do que outros, mas esse modelo é um ponto de partida importante. Às vezes a mudança pode levar muito tempo, às vezes exigem experimentos e fracassos.

Mas uma vez que você entende como seu hábito funciona, você pode ganhar poder sobre ele e esfregar na cara do seu parceiro ou parceira que você mudou de verdade e já é uma pessoa melhor.

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Elvis Nogueira
E-volua

Um pouco engenheiro, um pouco filósofo, mundrungo, pai da Manu, escritor e zé graça nas horas vagas.