“Não se preocupe com o fracasso, você só precisa estar certo uma única vez.” — Drew Houston, fundador Dropbox
Você já teve ter pego você mesmo pensando em criar um projeto paralelo (ou, hoje na moda, uma estartape, apesar de serem coisas completamente diferentes) e ficou mirabolando planos como “Cara, e se a criar uma plataforma para juntar pessoas que não usam todo o açúcar do saquinho com pessoas que estão com o café amargo?” ou então “E se agente criar um aplicativo que indique séries pra pessoas baseado nos memes compartilhado no face?”. Eu passo por isso direto e, cara, essas ideias vêm em um momento de Eureka, tão grande, e faz um sentido tão grande quando pensamos, que é automático começar a trabalhar nela. Dias trabalhando até descobrimos que na verdade as pessoas não ligam tanto pra um café um pouco amargo, ou que o Netflix tem um mecanismo de indicações de séries melhor que memes. Quando essas ideias vêm, damos uma ênfase tão grande ao “Como” fazer que esquecemos o mais importante, o “Por que”. Porque começar um projeto paralelo, seja ele um app, um jogo, um comércio ou um livro?
Como ter uma boa idea?
Todo projeto começa com uma ideia, mas que faz uma ideia ser boa? Bom, obviamente essa pergunta tem várias respostas e muitas delas podem ser verdadeiras, isso depende do viés de cada pessoa. Se você tem um viés mais financeiro você pode falar que uma boa ideia é aquela que as pessoas pagariam você por aquilo, se você tem um viés mais humanitário você pode dizer que é algo que ajude as outras pessoas e se você tem um viés mais tecnológico vai dizer que é algo que seja inovador. Neste artigo eu vou tratar uma boa ideia algo que seja um pouco dos três, algo que ajude as pessoas, que seja original e que as pessoas paguem por isso de alguma forma. Não há nada de errado em começar o projeto em uma das áreas específicas, você pode começar e ser bem-sucedido com um projeto em um mercado já consolidado, que tenha uma alta demanda, ou uma ONG ou em um projeto de pesquisa em que você ainda não tenha visibilidade como isso pode ajudar os outros ou como conseguir dinheiro, mas aqui vamos tratar das ideias que se encaixem nos 3 quesitos ao mesmo tempo.
As pessoas geralmente pagam por aqui que ajude elas, aquilo que arranque uma dor delas. Vamos usar o exemplo do Netflix: Eu e minha mulher pagamos o Netflix e não importa o quanto conversamos sobre cortar custos, o Netflix nunca entra em pauta. Não consideramos um supérfluo por que na verdade ele nos ajuda muito. Antes do Netflix, era terrivelmente improdutivo assistir um filme. Ou teríamos que nos deslocar até um cinema (e pagar o preço de uma mensalidade por um filme), ou teríamos que ficar atentos à programação (e a boa vontade) da TV ou passar pelos passos seguintes:
É bem provável que se você consiga fazer algo que ajuda as pessoas, as pessoas vão pagar você por isso, essa é a principal lei do comércio. Você pode ter sua horta na sua casa e plantar a quantidade de maçãs que vai comer, mas prefere pagar alguém que faça isso por você. A questão é inovação. Como inovar uma área ou um produto?
Inovação
Inovação não é necessariamente fazer algo do zero revolucionário onde jamais alguém pensou nisso antes. Apesar de algumas coisas pareceram que nunca foi vista antes, inovar é basicamente juntar 2 ou mais referências em uma. O Uber não inventou as caronas, o Google não inventou as buscas na web e o Snapchat não inventou a selfie e mesmo assim esses são as empresas mais inovadoras hoje em dia. Sabendo disso, concluímos que a matéria prima da inovação é a referência. Quanto mais referência você tiver, mais referências você poderá cruzar. Mas só isso não basta. Para que você realmente inove é preciso que você viva no futuro.
Viver no futuro
Este é o principal ingrediente de uma boa ideia. Poucas pessoas conseguem e poucas ideias conseguirão ir para frente se você não conseguir passar por esse ponto.
Viver no Futuro significa conseguir ver algo que não existe ainda, mas deveria existir. É conseguir ver algo no dia-a-dia que não está certo, mas muitas pessoas passam por isso. O mundo está cheio de problemas, mas a maioria das pessoas não vê, ou parafraseando Sherlock Holmes, vê, mas não observa. Todo mundo já passou por isso. Você tem que fazer algo complexo e se pergunta: “Por que ninguém simplifica isso?” ou “Por que não existe algo que faça X”, isso é viver um pouco no futuro, você encontrou um problema que, possivelmente em um futuro próximo, não exista mais. Declarações de imposto de renda poderiam ser mais fáceis e intuitivas, Compras de supermercado e smartphones deveriam ser um serviço de assinatura. Para que você consiga viver no futuro, é preciso, também, que esse problema seja seu ou de uma área que você esteja inserido. Se você é Engenheiro Mecânico, por mais tentadora que a ideia de um novo antibiótico seja, ela talvez não seja para você. Para que seja realmente uma boa ideia, a dor deve ser sua ou você deve ter uma empatia muito grande pelo grupo de pessoas que têm essa dor. Tentar sair corrigindo os problemas do mundo onde você não está inserido, geralmente não geram boas ideias, por um motivo simples: Você não terá a certeza se isso realmente é uma dor.
“Não há nada tão inútil quanto fazer eficientemente algo que não deveria ter sido feito.” — Peter Drucker
Para uma ideia ser realmente boa, ela precisa estar dentro das suas habilidades e conhecimento. Se você acha que uma ideia é realmente boa, mas está fora do seu campo de habilidade-conhecimento, a primeira coisa que você deve fazer é conseguir as habilidades e conhecimentos necessários antes de colocar a mão na massa.
Filtros
O que pode deixar uma boa ideia escapar são os Filtros em nossas mentes. As vezes conseguimos viver no futuro e temos as habilidades ou conhecimentos para começar o projeto, mas descartamos quase que instintivamente, pois não passam em nossos filtros. Esses filtros podem ser chamados de vieses ou preconceitos. São preconceitos de um certo campo ou tipo de solução. É quando você percebe que as pessoas que trabalham com você perdem 2 ou 3 dias fazendo filtros no Excel para conseguir uma informação e sabe que um cadastro básico com uma barra de pesquisa pode resolver o problema deles, mas pensa: “Não quero fazer um cadastro com uma barra de pesquisa” ou “Isso é muito simples, não tem graça”. Fazemos isso, pois tendemos a preferir aquela ideia que nos dá um “momento Eureka”, nos enche de alegria e nos sentimos orgulhosos de nós mesmos, mas momentos Eureka são apenas isso: momentos. A demanda é que vai dizer se aquela ideia é realmente boa ou não. Não é porque a ideia não pareceu sexy em um primeiro momento, que ela não se tornará um bom projeto. Não tenha medo de cair de cabeça naquele projeto aparentemente tedioso que você ou algum amigo pensou, na pior das hipóteses você vai adquirir conhecimento e prática em começar novos projetos. E, por mais contra intuitivo que isso possa parecer, vai estimular sua criativade.
Entre uma ideia que parece boa e uma solução para um problema existe um abismo muito grande que as vezes não podemos ver, até por que, as vezes a solução para um problema não parece necessariamente uma boa ideia, como por exemplo: óculos escuros para cachorro, mas hey! Existem donos que se preocupam com a saúde ocular de seus animaizinhos. Com certeza muitas viram isso, mas não observaram da maneira que os donos deste site observaram. Muitas pessoas devem ter observado esse problema, mas esbarraram em seus filtros internos.
O que você vê, que ninguém mais vê? Em que parte do futuro você está vivendo neste momento? Que dor você vê no mundo que ainda não existe um analgésico? Se deseja realmente encontrar um projeto a seguir, essas são as perguntas que você deveria fazer a si mesmo. Mas se mesmo se você não estiver procurando um projeto para fazer e perceber que está vivendo um pouquinho no futuro, este é seu chamado, esta é a razão que você deveria começar um novo projeto.
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