Ações para a Retomada do Turismo

Aliada a segunda onda do Coronavírus nos países da Europa e nos Estados Unidos, que manterão fechada suas fronteiras, os destinos nacionais serão os mais demandados nos feriados de fim de ano.

Andreia Freitas
Economistas no Debate
4 min readNov 20, 2020

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Todos nós de alguma maneira fomos impactados pela atual crise sanitária do Covid-19. Do ponto de vista econômico, o setor do turismo está entre os que contabilizam os maiores prejuízos. Segundo um levantamento da Federação do Comércio de São Paulo, o setor soma R$ 42 bilhões desde o início da crise sanitária, com queda nos serviços de hospedagem, alimentação e transporte aéreo. Além disso, as restrições do isolamento fazem com que os estabelecimentos e transportes operem com redução de capacidade, indicando uma recuperação lenta.

A importância do setor de turismo é indiscutível, uma vez que representa cerca de 8% do PIB, empregando direta e indiretamente aproximadamente 7 milhões de pessoas. As restrições impostas pela pandemia de Covid-19 fizeram com que milhares de brasileiros cancelassem suas viagens, arriscando a sobrevivência do setor e o emprego de quem dependia da sua atividade para o seu sustento. Comparando o primeiro semestre de 2020 com o mesmo período do ano anterior, a Receita Cambial Turística acumulou queda de 37,2%; o saldo de demissões é 364.044 postos de trabalho formais; e o faturamento das atividades turísticas, de acordo, com a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, caiu 37,9%.

Algumas ações buscam a recuperação do setor de turismo: A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) lançou o projeto ”Rumo ao Rio em Família” em parceria com a Mariana Revelles do canal no YouTube Mundim Abacaxi. Nessa parceria, a influenciadora evidenciará a potencialidade de destinos turísticos no Estado, do litoral à serra. O projeto é voltado às famílias, buscando a retomada do turismo pela cultura, gastronomia, infraestrutura de lazer e hotelaria, além das curiosidades de cada região.

Outro exemplo para a retomada são as ações do Conselho Paranaense de Turismo (Cepatur), que apresenta manuais de conduta segura[1] para os empreendimentos turísticos, além do Monitoramento Paraná Turístico 2026[2]. O foco para a recuperação do setor no Estado são deslocamentos curtos e rodoviários, e nos segmentos ecoturismo, aventura e rural. Conta com ações privadas, como o Movimento Supera Turismo, o Guia do Viajante e o Viajômetro; e públicas: prorrogação da Lei 14.020[3], a desoneração da folha até dezembro de 2021, o retorno da não incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre remessas para pagamentos de fornecedores de serviços turísticos no exterior, e a promoção de linhas de crédito para escoar os recursos do Fundo Geral do Turismo (Fungetur).

Na esfera federal, o governo lançou a campanha “Viaje com responsabilidade e redescubra o Brasil”. Essa iniciativa é liderada pelo Ministério do Turismo e a retomada do setor reúne setores público, privado e terceiro setor. A estratégia visa promover à volta das atividades de maneira gradual e planejada, elevando a geração de emprego e renda no país. O Ministério do Turismo desenvolveu o Selo Turismo Responsável, contando com mais de 23 mil estabelecimentos em todo o Brasil, obedecendo aos protocolos de segurança e adequando seus produtos e serviços ao cenário pós-pandemia. O objetivo é incentivar, de forma responsável e segura; a retomada do turismo de negócios e eventos, como feiras, congressos e convenções, priorizando o turismo em áreas naturais.

A tendência diante do cenário atual é que os destinos do turismo sejam internos, em lugares próximos, realizados de carro, em locais mais sossegados e que se possa preservar o determinado isolamento social. Os passeios e viagens deverão ocorrer entre as famílias ou amigos que adotem os mesmos hábitos de conduta social, com destaque para as atividades do ecoturismo e turismo rural.

Desde setembro, quando os casos de Covid-19 e as mortes provocadas pela doença começaram a diminuir no Brasil, hotéis e pousadas, agências de viagens e empresas de transporte buscam resgatar o tempo perdido. Aliada a segunda onda do Coronavírus nos países da Europa e nos Estados Unidos, que manterão fechada suas fronteiras, os destinos nacionais serão os mais demandados nos feriados de fim de ano. Sendo assim, o aumento da procura nesse perfil, elevará seu preço, tornando as opções domésticas mais caras.

Notas:

[1] Conduta Segura — Manuais com orientações sobre a circulação de pessoas nos estabelecimentos turísticos: Bares e Restaurantes, Serviços de Hospedagem, Atrativos Turísticos Culturais e Naturais, Eventos, e Agenciamento e Transporte.

[2] Monitoramento Paraná Turístico 2026 — Pacto para um Destino Inteligente. O documento orienta a transformação do turismo no Paraná, tornando-o um setor estratégico de desenvolvimento social e econômico, estabelecendo diretrizes políticas, tecnológicas, econômicas e acadêmicas.

[3] Prevê a suspensão de contratos e/ou redução de jornada e salários até dezembro de 2020

Referências:

https://diariodorio.com/abih-rj-lanca-campanha-visando-a-retomada-do-turismo-no-interior-do-estado/

http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=109155&tit=Reuniao-discute-impactos-da-pandemia-e-retomada-do-turismo

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2020/11/4888908-devido-a-pandemia-turismo-nacional-deve-aumentar-e-os-precos-estao-em-alta.html

http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/13995-governo-federal-lan%C3%A7a-a-retomada-do-turismo.html

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Andreia Freitas
Economistas no Debate

Doutoranda e Mestre em Economia do Desenvolvimento (PUCRS), Especialista em Economia e Finanças (UFRGS), Graduada em Ciências Econômicas (FICM-RJ).