A Expectativa na Economia

A expectativa definida como “algo que seja viável ou provável que aconteça”, sempre esteve presente na vida do ser humano.

Andreia Freitas
Economistas no Debate
3 min readSep 25, 2020

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A expectativa definida como “algo que seja viável ou provável que aconteça”, sempre esteve presente na vida do ser humano. Perceptível ou não, ela está vigente a todo instante: quando acordamos e nos arrumamos para ir trabalhar, ou para ir à escola, ou mesmo para fazer qualquer coisa. É a expectativa que nos impulsiona a execução da ação, é a responsável por nos levar a realizar ou criar algo. Dá-se de forma tão automática, que muitas vezes, não temos a consciência da sua existência.

Relevante não só no cotidiano das pessoas, mas também na ciência. Na economia, a expectativa é necessária para fazer girar o fluxo da renda, Keynes nos mostra a importância das expectativas para reativar a economia em recessão; e Lucas a internaliza ao modelo econômico, criando a “Teoria das Expectativas Racionais”. Ainda temos as Pesquisas de confiança que também apuram, por meio de expectativas, qual será o comportamento do consumidor/investidor e que atitudes tomariam em determinado cenário econômico. Através do grau de confiança e o que se espera do futuro, essas inquisições buscam antecipar os pontos de virada dos ciclos econômicos, contribuindo para um resultado econômico mais equilibrado. Além disso, temos as expectativas captadas pelo Banco Central, sobre vários indicadores econômicos (como: índices de preços, atividade econômica, taxa de Câmbio e Selic), essas expectativas são importantes subsídios para as decisões de política monetária e de planejamento de curto e longo prazo, uma vez que informam o que os agentes estão projetando para o mercado.

Um exemplo que indica a presença das expectativas e o quanto são essenciais, é o momento que estamos vivenciando: uma crise de saúde que pegou a todos de surpresa, espalhando pânico generalizado e desencadeando uma paralisação em grande escala, com diversas consequências econômicas, psicológicas e sociais. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) apresentado no gráfico a seguir ilustra o impacto deste momento na confiança do consumidor. Esse índice aponta que valores abaixo de 50 pontos relata falta de confiança do consumidor, enquanto que valores acima retrata confiança do consumidor.

Em abril de 2020, o índice atinge 34,5 pontos, passados aproximadamente um mês do início da pandemia no Brasil. Nos meses subsequentes o índice vai aos poucos se recuperando, apontando uma recuperação na confiança. Isso acontece porque a fase de pânico e desconhecimento sobre o vírus e como lidar com ele vem sendo contornada, e assim a insegurança que envolve todo o contexto está diminuindo. A indústria e trabalhadores também vêm aos poucos se adaptando e conseguindo dar continuidade as suas funções, e dessa forma, passam a projetar um cenário melhor com o passar do tempo. Este contexto revela como é importante a expectativa, para que nos faça acreditar e ir adiante; essa percepção nos faz mover.

A expectativa está presente, seja de forma consciente ou não e nos dá estímulo a prosseguir, na vida pessoal ou na ciência. Monitorando o comportamento com metodologia, como no caso das pesquisas antecedentes ou de confiança, podemos nos antecipar aos movimentos cíclicos, tomando as decisões e ações que conduzam a resultados mais equilibrados. Assim, a expectativa, não apenas aparece, como também constitui um ferramental que auxilia as decisões econômicas.

Referências:

https://www.dicio.com.br/

http://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/icei-indice-de-confianca-do-empresario-industrial/

KEYNES, John Maynard. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Tradutor: CRUZ, Mário R. da. São Paulo: Editora Atlas, 1992.

LUCAS, R. E. Jr.; T. J. SARGENT. Introduction to Rational Expectations and Econometric Practice. Minneapolis: University of Minnesota Press. 1981.

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Andreia Freitas
Economistas no Debate

Doutoranda e Mestre em Economia do Desenvolvimento (PUCRS), Especialista em Economia e Finanças (UFRGS), Graduada em Ciências Econômicas (FICM-RJ).