4 dicas para construir produtos digitais para Edtech

Janduí Jorge
edifyeducation
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5 min readJun 28, 2022

A tecnologia e as mídias digitais estão praticamente indissociáveis da vida das pessoas, estando presentes, por exemplo, na rotina do trabalho, no lazer e na educação. Neste último exemplo, a tecnologia digital está exercendo um papel fundamental, ajudando o processo educacional a ser mais integrado, flexível e inovador. Novos produtos tecnológicos surgiram com vários objetivos no campo da educação, por exemplo, sistemas que buscam a personalização do ensino e aprendizagem, outros que propõem facilitar o processo de colaboração entre os indivíduos e sistemas que pretendem fortalecer as relações existentes na comunidade escolar.

Criar produtos para Edtech é uma missão bastante complexa, visto que a educação é uma área bastante diversa, com várias oportunidades e problemas a serem explorados. Este artigo tem o objetivo de listar 4 dicas que podem ajudar no momento de projetar um produto para a educação, tendo como perspectiva produtos digitais voltados para o ensino-aprendizagem do público infantil e juvenil. Essas dicas são fundamentais, mas não únicas, e aqui no Edify ajudam PMs, designers e engenheiros a criarem melhores experiências para nossos produtos digitas.

1. Projete para educação e não para tecnologia

É evidente que a tecnologia possui um papel importante no apoio do processo de ensino-aprendizagem, sendo utilizada como uma das maneiras de difundir uma educação de qualidade. Contudo, não é a tecnologia que define a aprendizagem, isto é papel das pessoas, do projeto pedagógico, das políticas públicas, das interações e da gestão na comunidade escolar. O time de produto e tecnologia tem que ter um claro entendimento dos fatores que fazem parte da educação e encontrar oportunidades onde a tecnologia possa ser uma ferramenta que contribui positivamente e potencializa as pessoas a alinhar e mediar, da melhor forma, os interesses entorno do ensino e da aprendizagem.

2. Conheça as metodologias de ensino e aprendizagem

Já ouviu falar de Maria Montessori, Celestin Freinet, Paulo Freire, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Antonio Gramsci e John Dewey? E sobre as metodologias de ensino?

Em sincronia com a dica anterior é essencial a projetista conhecer métodos, práticas, didáticas e dinâmicas que ocorrem no processo de ensino-aprendizagem. Isso possibilita criar soluções que são interessantes e estimulantes para o ambiente escolar. Por exemplo, conhecer metodologias ativas possibilita o desenvolvimento de produtos que são acompanhados de desafios, histórias, jogos que mobilizam os alunos em cada etapa, permitindo que eles caminhem de forma colaborativa e ao mesmo tempo tenham uma aprendizagem personalizada. Também gera oportunidades que dar a possibilidade de utilizar tecnologias mais adequadas e possíveis de acordo com cada contexto.

Ter uma visão sobre as várias metodologias e inserir isso no processo de construção do produto é importante, pois ensinar significa criar situações para despertar a curiosidade do indivíduo e “lhe permitir pensar o concreto, conscientizar-se da realidade, questioná-la e construir conhecimento para transformá-la, superando a ideia de que ensinar é sinônimo de transferir conhecimento.”

3. Mapeie o contexto

Na comunidade escolar existem uma diversidade de situações, comportamentos, motivações e interações. Entender e mapear o contexto que o produto atua ou irá atuar é importante para entregar valor para as pessoas da melhor forma. Por meio de um processo, onde se utiliza dados quantitativos e qualitativos é possível entender quais os problemas e oportunidades de acordo com cada público e cada situação e assim, idealizar soluções que se adequem a cada contexto.

Por exemplo, criar um aplicativo voltado para a aprendizagem do ensino fundamental pode ter soluções que variam de acordo com a faixa etária das crianças, pois é necessário considerar que elas estão no processo de desenvolvimento cognitivo e motor. Com isso é necessário que a solução atenda alguns critérios, como a interface do produto ter instruções de forma clara e específica, usar modelos mentais que a criança já tenha familiaridade, dar flexibilidade e mais possibilidades de interação. Além de que é extremamente importante que o produto seja acessível para qualquer pessoal com qualquer tipo de habilidade e dificuldade.

4. Construa com as pessoas

Incluir as pessoas, como clientes e usuárias, é importante para garantir o sucesso de qualquer produto. Esse fator é essencial para produtos digitais voltados para a educação, visto que a tecnologia como ferramenta do ensino-aprendizado deve empoderar os seus agentes e nada melhor seguir essa premissa envolvendo-as desde do começo da construção da solução.

Embora construir algo que envolva várias pessoas possa ser uma tarefa bastante desafiadora, na área da educação, quando elas participam do processo de criação do produto, estamos capacitando-as para influenciar e moldar a forma que ensinam e aprendem. Construir com as pessoas, no contexto da Edtech, significa que verdadeiramente estamos buscando melhorar a vida daqueles que fazem parte da comunidade escolar.

Incluir as pessoas é a maneira mais poderosa de projetar produtos de aprendizagem equitativos para esta indústria em constante evolução.

Conclusão

Implementar essas dicas no dia-a-dia tem ajudado o Edify a pensar em soluções digitais que fazem a diferença no ensino-aprendizagem. Essas 4 dicas surgiram em momentos, como os grupos de trabalhos (apelidados carinhosamente de GTs), em que pudemos compartilhar experiências, métodos, problemas, pesquisas, projetos e feedbacks. Estamos em constante evolução dos nossos processos de produto e temos a total clareza que construir tecnologia para Edtechs deve envolver as pessoas, as metodologias de ensino-aprendizagem e o entendimento do contexto que o artefato digital estará presente.

Quais outras dicas e experiências que você compartilha para construir melhores produtos para Edtechs?

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Janduí Jorge
edifyeducation

Head of Product & Design at Edify Education. MSc at CESAR.Edu . Recife — Brazil.