Business Design

A ponte entre soluções, inovação e sucesso do negócio

Alex Cerqueira
Editora UX
Published in
16 min readMay 2, 2024

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No mundo corporativo atual, a inovação tornou-se a chave para a sobrevivência e o crescimento sustentável. As empresas que não conseguem se adaptar às mudanças rápidas do mercado e às demandas cada vez mais exigentes dos clientes correm o risco de serem deixadas para trás.

No entanto, a inovação por si só não é suficiente. É necessário encontrar um equilíbrio sutil entre a criação de soluções centradas no ser humano e a viabilidade comercial. É aí que entra o business design.

O business design é uma disciplina relativamente nova que combina princípios de design, estratégia de negócios e pensamento sistêmico para criar soluções inovadoras que geram valor tanto para os clientes quanto para as empresas.

Ele oferece uma estrutura para traduzir insights profundos sobre as necessidades e desejos dos usuários em modelos de negócios sustentáveis e escaláveis.

Neste artigo, exploraremos os fundamentos do business design, seu papel crucial na criação de soluções bem-sucedidas e como ele pode ser implementado nas organizações. Também examinaremos estudos de caso de empresas que adotaram essa abordagem e os benefícios que obtiveram.

O que é Business Design?

O business design é uma abordagem holística que combina design centrado no ser humano, estratégia de negócios e pensamento sistêmico para criar soluções inovadoras que atendam às necessidades dos clientes e, ao mesmo tempo, impulsionem o sucesso comercial.

Ele reconhece que as soluções verdadeiramente bem-sucedidas não são apenas sobre a experiência do usuário, mas também sobre a viabilidade financeira, a escalabilidade e o alinhamento com os objetivos e valores da empresa.

Em essência, o business design é a ponte que conecta a inovação centrada no ser humano às realidades comerciais. Ele envolve a compreensão profunda das necessidades e desejos dos clientes, bem como das tendências de mercado, dos modelos de negócios, das métricas financeiras e das oportunidades de crescimento.

Os Pilares do Business Design

O business design é sustentado por três pilares fundamentais: design centrado no ser humano, estratégia de negócios e pensamento sistêmico.

1. Design Centrado no Ser Humano

O design centrado no ser humano é a base do business design. Ele envolve a compreensão profunda das necessidades, comportamentos, motivações e dores dos usuários por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas. Essa compreensão é fundamental para criar soluções que sejam não apenas funcionais, mas também intuitivas, envolventes e significativas para os clientes.

Os profissionais de business design utilizam uma variedade de técnicas de design centrado no ser humano, como pesquisa etnográfica, entrevistas contextuais, personas, jornadas do usuário e prototipação iterativa. Essas técnicas ajudam a identificar insights valiosos que podem ser traduzidos em soluções inovadoras.

2. Estratégia de Negócios

O segundo pilar do business design é a estratégia de negócios. Isso envolve a compreensão das dinâmicas do mercado, dos modelos de negócios existentes, das métricas financeiras e das oportunidades de crescimento. Os profissionais de business design precisam ter um profundo entendimento dos objetivos estratégicos da empresa, bem como das forças competitivas, regulamentações e tendências que moldam a indústria.

Ao combinar insights sobre as necessidades dos clientes com uma sólida compreensão da estratégia de negócios, os profissionais de business design podem criar propostas de valor únicas que se diferenciem da concorrência e impulsionem o crescimento sustentável.

3. Pensamento Sistêmico

O terceiro pilar do business design é o pensamento sistêmico. Isso envolve a capacidade de visualizar e compreender as inter-relações complexas entre diferentes partes de um sistema, bem como as implicações de longo prazo das decisões e ações.

Os profissionais de business design precisam adotar uma visão holística, considerando não apenas as soluções em si, mas também os impactos mais amplos em toda a cadeia de valor, incluindo fornecedores, parceiros, processos internos e canais de distribuição. Eles também devem levar em conta fatores como escalabilidade, governança, conformidade regulatória e responsabilidade social corporativa.

O Processo de Business Design

O processo de business design é iterativo e envolve várias etapas que se sobrepõem e se reforçam mutuamente. Embora possa haver variações dependendo da organização e do projeto específico, a maioria dos processos de business design segue um caminho semelhante:

1. Descoberta e Imersão

A primeira etapa do processo de business design é a descoberta e imersão. Nesta fase, os profissionais de business design mergulham profundamente no contexto do problema, realizando pesquisas extensivas sobre os clientes, o mercado, a indústria e as tendências relevantes.

Eles utilizam uma variedade de técnicas de pesquisa qualitativa e quantitativa, como entrevistas, grupos focais, observações etnográficas, análise de dados e benchmarking competitivo. O objetivo é reunir insights ricos e multifacetados que possam informar o desenvolvimento de soluções inovadoras.

2. Síntese e Definição do Problema

Após a fase de descoberta e imersão, os profissionais de business design precisam sintetizar todas as informações coletadas e definir claramente o problema que precisa ser resolvido. Essa etapa envolve a análise de todos os dados e insights, a identificação de padrões e insights-chave, e a articulação do desafio central a ser abordado.

É nesta fase que os profissionais de business design começam a explorar diferentes perspectivas e enquadramentos do problema, desafiando suposições e buscando novas maneiras de pensar sobre os desafios enfrentados.

3. Ideação e Prototipação

Com o problema claramente definido, a próxima etapa é a ideação e prototipação. Nesta fase, os profissionais de business design geram uma ampla gama de ideias e conceitos potenciais por meio de técnicas como brainstorming, workshops de cocriação e sessões de design thinking.

Essas ideias são então traduzidas em protótipos rápidos e de baixa fidelidade, que podem ser testados e refinados de forma iterativa com os usuários. O objetivo é explorar diversas soluções possíveis, obter feedback precoce e contínuo, e aprimorar as ideias mais promissoras.

4. Desenvolvimento e Teste

Após várias iterações de prototipação e refinamento, as soluções mais promissoras são selecionadas para um desenvolvimento mais aprofundado. Nesta fase, os profissionais de business design trabalham em estreita colaboração com equipes multidisciplinares, envolvendo especialistas em tecnologia, operações, finanças e outras áreas relevantes.

Eles desenvolvem modelos de negócios detalhados, planos de implementação, protótipos de alta fidelidade e casos de negócios robustos. Além disso, realizam testes mais abrangentes com usuários e pilotos em pequena escala para validar as soluções antes de um lançamento mais amplo.

5. Implementação e Escalonamento

A etapa final do processo de business design é a implementação e escalonamento. Nesta fase, as soluções validadas são lançadas no mercado e integradas aos processos e operações da empresa.

Os profissionais de business design trabalham em estreita colaboração com as equipes de implementação para garantir uma transição suave e bem-sucedida. Eles também monitoram de perto o desempenho das soluções implementadas, coletando feedback dos usuários e métricas de negócios para identificar oportunidades de melhoria contínua.

À medida que as soluções são adotadas em maior escala, os profissionais de business design trabalham em estratégias de escalonamento, garantindo que as soluções possam ser replicadas e dimensionadas de maneira eficiente e sustentável em toda a organização ou em novos mercados.

O Valor do Business Design

O business design oferece uma série de benefícios significativos para as empresas que adotam essa abordagem. Aqui estão alguns dos principais valores que ele proporciona:

1. Inovação Centrada no Ser Humano

O business design coloca as necessidades e desejos dos usuários no centro do processo de inovação. Ao combinar insights profundos sobre os clientes com uma sólida compreensão das dinâmicas de negócios, as empresas podem criar soluções verdadeiramente inovadoras que resolvem problemas reais e geram valor tangível para os usuários.

2. Diferenciação Competitiva

Em um mercado cada vez mais competitivo, a diferenciação é fundamental para o sucesso. O business design permite que as empresas desenvolvam propostas de valor únicas que se destaquem da concorrência, criando uma vantagem competitiva sustentável.

3. Redução de Riscos

O processo iterativo e centrado no usuário do business design ajuda a reduzir os riscos associados ao desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Ao obter feedback precoce e contínuo dos usuários, as empresas podem identificar e corrigir problemas potenciais antes de investir recursos significativos, minimizando os custos e aumentando as chances de sucesso.

4. Modelos de Negócios Sustentáveis

O business design não se concentra apenas na experiência do usuário, mas também na viabilidade financeira e na escalabilidade das soluções. Ao desenvolver modelos de negócios robustos e identificar oportunidades de monetização atraentes, as empresas podem criar fluxos de receita sustentáveis e impulsionar o crescimento a longo prazo.

5. Alinhamento Estratégico

Ao adotar uma abordagem de pensamento sistêmico, o business design ajuda a garantir o alinhamento entre as soluções desenvolvidas e os objetivos estratégicos mais amplos da empresa. Isso evita silos e garante que as inovações estejam alinhadas com a visão, a missão e os valores da organização.

6. Engajamento e Colaboração

O business design incentiva a colaboração multidisciplinar, reunindo equipes diversas com diferentes perspectivas e habilidades. Essa abordagem colaborativa não apenas melhora a qualidade das soluções, mas também promove um maior engajamento e senso de propriedade entre os funcionários.

7. Agilidade e Adaptabilidade

O processo iterativo e centrado no usuário do business design permite que as empresas sejam mais ágeis e adaptáveis às mudanças do mercado. Ao obter feedback contínuo e estar dispostas a pivotar quando necessário, as organizações podem responder mais rapidamente às tendências emergentes e às mudanças nas necessidades dos clientes.

Estudos de Caso

Para ilustrar os benefícios do business design na prática, vamos examinar alguns estudos de caso de empresas que adotaram essa abordagem com sucesso.

Airbnb: Redesenhando a Experiência de Hospedagem

O Airbnb é um excelente exemplo de como o business design pode revolucionar uma indústria inteira. A empresa transformou radicalmente a experiência de hospedagem, criando um modelo de negócios inovador que conecta anfitriões e hóspedes em um mercado de acomodações compartilhadas.

Desde o início, o Airbnb adotou uma abordagem centrada no design, realizando pesquisas extensivas para entender profundamente as necessidades e frustrações dos viajantes e anfitriões. Eles descobriram que muitos viajantes queriam uma experiência mais autêntica e conectada com as comunidades locais, enquanto os anfitriões desejavam uma maneira de monetizar seus espaços ociosos.

Com base nesses insights, o Airbnb desenvolveu uma plataforma digital que facilitava a conexão entre anfitriões e hóspedes, criando um mercado de acomodações compartilhadas. Eles também investiram muito em design de experiência do usuário, garantindo que a plataforma fosse fácil de usar e envolvente para ambas as partes.

No entanto, o Airbnb não se concentrou apenas na experiência do usuário. Eles também desenvolveram um modelo de negócios inovador, cobrando uma pequena taxa por reserva e oferecendo uma série de serviços adicionais, como seguro e suporte ao cliente. Esse modelo permitiu que a empresa escalasse rapidamente e se tornasse uma das startups de maior sucesso da história.

Hoje, o Airbnb continua adotando princípios de business design, desenvolvendo novos recursos e serviços com base em insights profundos sobre as necessidades dos usuários e explorando novas oportunidades de monetização. Sua abordagem centrada no design e na inovação revolucionou a indústria hoteleira tradicional e criou um novo mercado bilionário.

IKEA: Democratizando o Design de Interiores

A IKEA é um exemplo icônico de como o business design pode ser aplicado a produtos físicos e não apenas a serviços digitais. A empresa sueca de móveis e decoração para casa adotou uma abordagem centrada no design desde o início, com o objetivo de tornar o design de interiores acessível a todos.

A IKEA realizou pesquisas extensivas para entender as necessidades, os estilos de vida e as restrições orçamentárias de suas famílias-alvo. Com base nesses insights, eles desenvolveram uma linha de móveis e acessórios de design moderno, funcional e acessível.

No entanto, o verdadeiro diferencial da IKEA foi seu modelo de negócios inovador. Em vez de vender móveis caros e montados, eles optaram por oferecer produtos desmontados e de fácil montagem, reduzindo significativamente os custos de produção, transporte e armazenamento.

Além disso, a IKEA adotou uma estratégia de autoatendimento em suas lojas, permitindo que os clientes selecionassem, transportassem e montassem seus próprios móveis. Essa abordagem não apenas reduziu os custos operacionais, mas também envolveu ativamente os clientes no processo, tornando-os parte da experiência de design.

A IKEA também se destacou por sua abordagem de design sustentável, utilizando materiais renováveis e práticas de produção ecológicas. Essa estratégia alinhava-se perfeitamente com os valores e preocupações ambientais de seus clientes, criando uma conexão emocional mais profunda com a marca.

Ao combinar design centrado no usuário, modelos de negócios inovadores e uma forte identidade de marca, a IKEA se tornou um gigante global de móveis e decoração, democratizando o design de interiores para milhões de pessoas em todo o mundo.

Nest: Inovando na Indústria de Tecnologia Doméstica

Antes do lançamento do Nest Learning Thermostat, a indústria de termostatos havia permanecido estagnada por décadas, com poucas inovações significativas. No entanto, a Nest identificou uma oportunidade para transformar essa categoria aparentemente antiquada, aplicando princípios de design centrado no usuário e desenvolvendo um modelo de negócios disruptivo.

A Nest começou realizando pesquisas extensivas sobre as necessidades, frustrações e comportamentos dos usuários em relação aos termostatos tradicionais. Eles descobriram que muitos consumidores achavam os termostatos existentes confusos, feios e difíceis de programar, levando a um desperdício de energia e aumento das contas de aquecimento e resfriamento.

Com base nesses insights, a Nest desenvolveu um termostato elegante e intuitivo, com recursos de aprendizado automático que ajustavam automaticamente a temperatura com base nos padrões de comportamento dos usuários. O design minimalista e moderno do dispositivo contrastava acentuadamente com os termostatos tradicionais e o tornou um objeto de desejo para muitos consumidores conscientes do design.

No entanto, a Nest não se limitou apenas a criar um produto superior. Eles também desenvolveram um modelo de negócios inovador, no qual os consumidores compravam o termostato por um preço premium, mas economizavam dinheiro a longo prazo por meio da eficiência energética aprimorada. A Nest também criou uma plataforma de software que permitia atualizações constantes e novos recursos, transformando o termostato em um dispositivo inteligente conectado.

Essa combinação de design excepcional, recursos inovadores e um modelo de negócios disruptivo permitiu que a Nest obtivesse sucesso imediato no mercado e atraísse a atenção do Google, que eventualmente adquiriu a empresa por US$ 3,2 bilhões.

O caso da Nest demonstra como o business design pode transformar até mesmo as categorias de produtos mais tradicionais, criando soluções completamente novas que atendem às necessidades não atendidas dos consumidores e oferecem novas oportunidades de monetização para as empresas.

Tesla: Reinventando a Indústria Automobilística

A Tesla é um exemplo proeminente de como o business design pode ser aplicado em indústrias maduras e altamente regulamentadas, como a indústria automobilística. A empresa liderada por Elon Musk adotou uma abordagem ousada e visionária, combinando design de ponta, tecnologia avançada e um modelo de negócios disruptivo.

Desde o início, a Tesla se concentrou em entender profundamente as necessidades e aspirações dos consumidores em relação a veículos elétricos. Eles perceberam que, embora muitos consumidores estivessem interessados em opções mais ecológicas, eles não estavam dispostos a abrir mão de desempenho, design ou comodidade.

Com base nessa compreensão, a Tesla desenvolveu carros elétricos de alto desempenho e design impressionante, desafiando a percepção de que os veículos elétricos eram lentos e feios. O Model S, o primeiro sedan premium da Tesla, foi elogiado por sua aceleração impressionante, alcance estendido e interior espaçoso e luxuoso.

No entanto, a Tesla não se concentrou apenas na experiência do produto. Eles também desenvolveram um modelo de negócios inovador, vendendo seus veículos diretamente aos consumidores por meio de uma rede de lojas exclusivas, em vez de depender da rede tradicional de concessionárias. Essa abordagem permitiu que a Tesla controlasse melhor a experiência do cliente e maximizasse suas margens de lucro.

Além disso, a Tesla implementou uma estratégia de atualização por meio de atualizações de software over-the-air, permitindo que seus veículos recebessem constantemente novos recursos e melhorias. Essa abordagem de “carro como um dispositivo” criou uma relação contínua com os clientes e abriu novas oportunidades de receita por meio de assinaturas e serviços premium.

A Tesla também adotou uma abordagem visionária em relação à sustentabilidade, investindo pesadamente em energia renovável e na construção de sua própria rede de carregadores de veículos elétricos, a Supercharger. Essa estratégia holística de sustentabilidade ressoou profundamente com os valores de seus clientes e ajudou a criar uma comunidade leal e apaixonada em torno da marca.

Ao combinar design excepcional, tecnologia de ponta, um modelo de negócios disruptivo e um compromisso com a sustentabilidade, a Tesla demonstrou como o business design pode revolucionar até mesmo indústrias tradicionais e altamente regulamentadas.

Warby Parker: Democratizando o Acesso a Óculos de Grau

A Warby Parker é um exemplo inspirador de como o business design pode ser aplicado para transformar uma indústria antiquada e monopolizada. A empresa de óculos de grau on-line desafiou os players estabelecidos, adotando uma abordagem centrada no design e desenvolvendo um modelo de negócios inovador.

A Warby Parker começou realizando pesquisas aprofundadas sobre as dores e frustrações dos consumidores em relação à compra de óculos de grau. Eles descobriram que os preços exorbitantes cobrados pelas grandes marcas, a falta de transparência e as experiências desagradáveis em lojas de ótica tradicionais estavam afastando muitos consumidores.

Com base nesses insights, a Warby Parker desenvolveu uma plataforma on-line que permitia aos clientes experimentar óculos em casa antes de comprar, oferecendo uma seleção de designs modernos e acessíveis. Eles também abriram lojas físicas projetadas para fornecer uma experiência de compra agradável e sem pressão.

No entanto, o verdadeiro diferencial da Warby Parker foi seu modelo de negócios disruptivo. Ao cortar os intermediários e vender diretamente aos consumidores, eles conseguiram manter os preços baixos, oferecendo óculos de grau de qualidade a partir de US$ 95. Além disso, eles adotaram uma abordagem de “compre um, doe um”, doando um par de óculos para uma pessoa necessitada para cada par vendido.

Essa combinação de design atraente, preços acessíveis, excelente experiência do cliente e uma missão social ressoante se mostrou um sucesso instantâneo. A Warby Parker rapidamente conquistou uma base de clientes leais e se expandiu para novas categorias de produtos, como óculos de sol e acessórios.

O caso da Warby Parker demonstra como o business design pode desafiar modelos de negócios estabelecidos e criar novas oportunidades em indústrias tradicionais. Ao colocar as necessidades dos consumidores no centro e desenvolver um modelo de negócios inovador, a empresa conseguiu democratizar o acesso a óculos de grau e transformar uma experiência anteriormente frustrante em algo agradável e envolvente.

Esses estudos de caso ilustram a amplitude e o poder transformador do business design. Seja revolucionando indústrias inteiras, desafiando players estabelecidos ou criando novas categorias de produtos, o business design oferece uma abordagem comprovada para impulsionar a inovação, gerar valor para os clientes e alcançar o sucesso comercial sustentável.

Implementando o Business Design nas Organizações

Embora os benefícios do business design sejam claros, sua implementação bem-sucedida nas organizações pode ser um desafio. Ela requer uma mudança de mentalidade, processos e estruturas organizacionais que muitas vezes encontram resistência. No entanto, existem algumas práticas e estratégias que podem facilitar essa transformação:

Construir uma Cultura de Design
Para que o business design seja amplamente adotado, é fundamental cultivar uma cultura organizacional que valorize e promova o pensamento centrado no design. Isso envolve não apenas contratar profissionais de design talentosos, mas também capacitar todos os funcionários com habilidades e mentalidades de design.

As organizações podem oferecer treinamentos em design thinking, incentivar a colaboração multidisciplinar e criar espaços físicos que estimulem a criatividade e a inovação. Líderes seniores também desempenham um papel crucial ao modelar comportamentos centrados no design e comunicar a importância do business design para o sucesso da empresa.

Estabelecer uma Estrutura de Governança
Embora o business design incentive a colaboração e a fluidez entre equipes, ainda é importante estabelecer uma estrutura de governança clara. Isso ajuda a garantir que os projetos de design estejam alinhados com os objetivos estratégicos da empresa e que haja responsabilidade e tomada de decisão eficaz.

Muitas organizações bem-sucedidas em business design criaram cargos de liderança dedicados, como Diretor de Design ou Diretor de Inovação, responsáveis por supervisionar e coordenar os esforços de design em toda a empresa. Eles também formaram conselhos ou comitês de design para facilitar a colaboração entre diferentes áreas funcionais e garantir que as perspectivas de negócios sejam adequadamente consideradas.

Investir em Ferramentas e Processos
Para que o business design seja eficaz, as organizações precisam investir em ferramentas e processos adequados. Isso inclui software de design e prototipação, bem como plataformas de colaboração e gerenciamento de projetos.

Além disso, é importante estabelecer processos claros para cada etapa do ciclo de business design, desde a descoberta e imersão até a implementação e escalamento. Esses processos devem ser iterativos e flexíveis, permitindo que as equipes pivotem e se adaptem conforme necessário, com base no feedback dos usuários e nas condições de mercado em constante mudança.

Medir e Comunicar o Sucesso
Para obter apoio contínuo e financiamento para esforços de business design, é crucial medir e comunicar seu sucesso de maneira eficaz. Isso envolve estabelecer métricas claras de sucesso, tanto qualitativas quanto quantitativas, e rastrear o impacto dos projetos de design nos resultados comerciais.

As organizações podem medir desde métricas de experiência do usuário, como taxas de adoção e retenção, até métricas financeiras, como receita, lucro e retorno sobre o investimento (ROI). Comunicar esses resultados de forma transparente e convincente é fundamental para garantir o comprometimento contínuo da liderança e dos stakeholders com o business design.

Promover a Experimentação e a Aprendizagem Contínua
O business design é um processo iterativo e em constante evolução. À medida que as necessidades dos clientes e as condições de mercado mudam, as organizações precisam estar dispostas a experimentar, falhar, aprender e se adaptar rapidamente.

Encorajar uma mentalidade de crescimento e promover a experimentação segura é fundamental. Isso pode envolver a criação de laboratórios de inovação ou incubadoras internas, onde as equipes podem explorar novos conceitos e abordagens sem medo de consequências negativas.

Além disso, é importante cultivar uma cultura de aprendizagem contínua, incentivando os profissionais de business design a aprimorar constantemente suas habilidades por meio de treinamentos, conferências e exploração de novas ferramentas e metodologias.

Ao implementar essas práticas e estratégias, as organizações podem superar os desafios e aproveitar todo o poder transformador do business design. No entanto, é importante lembrar que a jornada do business design é contínua e sem fim. À medida que o mercado e as necessidades dos clientes evoluem, as empresas precisam estar preparadas para se reinventar constantemente, mantendo sempre o foco nas necessidades dos usuários e na geração de valor sustentável.

Conclusão

O business design é uma disciplina poderosa que oferece uma estrutura comprovada para criar soluções inovadoras que atendam às necessidades dos clientes e impulsionem o sucesso comercial. Ao combinar design centrado no ser humano, estratégia de negócios e pensamento sistêmico, o business design permite que as organizações traduzam insights profundos em propostas de valor únicas, modelos de negócios sustentáveis e soluções escaláveis.

Os estudos de caso apresentados neste artigo, desde o Airbnb e a IKEA até a Nest, a Tesla e a Warby Parker, ilustram o impacto transformador que o business design pode ter em uma ampla gama de indústrias. Essas empresas demonstraram como a adoção de uma abordagem centrada no design, combinada com modelos de negócios inovadores, pode revolucionar categorias inteiras, desafiar players estabelecidos e criar novas oportunidades de mercado.

No entanto, a implementação bem-sucedida do business design nas organizações requer uma mudança de mentalidade e a adoção de práticas e estratégias específicas. Construir uma cultura de design, estabelecer uma estrutura de governança, investir em ferramentas e processos, medir e comunicar o sucesso, e promover a experimentação e a aprendizagem contínua são todas etapas cruciais nessa jornada.

À medida que o mundo dos negócios continua a evoluir rapidamente, impulsionado por tecnologias disruptivas, mudanças comportamentais dos consumidores e pressões competitivas intensas, o business design se tornará cada vez mais essencial para o sucesso empresarial. As organizações que abraçarem essa abordagem holística e centrada no ser humano estarão bem posicionadas para prosperar em um ambiente em constante mudança, criando valor sustentável para seus clientes, funcionários e acionistas.

Referências Bibliográficas:

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2. Liedtka, J., & Ogilvie, T. (2011). Designing for Growth: A Design Thinking Tool Kit for Managers. Columbia University Press.

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6. Stickdorn, M., & Schneider, J. (2011). This is Service Design Thinking: Basics, Tools, Cases. BIS Publishers.

7. Verganti, R. (2009). Design-Driven Innovation: Changing the Rules of Competition by Radically Innovating What Things Mean. Harvard Business Press.

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Alex Cerqueira
Editora UX

Staff Product Designer Brazil stock exchange B3 | UX Strategy | UX Research | Whiter at UX Collective Brazil 🇧🇷