Abril nas ruas

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Editorial J Famecos
4 min readApr 25, 2016
Montagem sobre fotos de Annie Castro (4º sem.) e Camila Lara (3º sem.)

Abril foi um mês de protestos, gente na rua e polarização entre as posições políticas hegemônicas no Brasil: contra e a favor ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A votação realizada no dia 17 de abril, um domingo, também dividiu Porto Alegre, geográfica e ideologicamente. A equipe do Editorial J cobriu a crise política de perto, através de pesquisas, acompanhamento de manifestações e entrevistas.

Milhares compareceram ao ato contra o governo Dilma no Parcão, em Porto Alegre. Foto: Camila Lara (3º semestre)

O clima no Parcão

Os protestos se dividiram em dois tradicionais pontos de manifestação na cidade. O clima no Parcão era de evidente antipetismo. A antipatia das pessoas em relação à “esquerda em geral” era clara, mas especialmente ao PT. Muitos entrevistados perguntavam qual era o posicionamento dos veículos e comentaristas políticos citados no questionário em relação ao Partido dos Trabalhadores, para não cometerem o “erro” de confiar em algum dos que defendem o partido atualmente. Um bom exemplo ocorreu com Luis Fernando Veríssimo. Mais de um entrevistado destacou que gostava do escritor e colunista da Zero Hora, mas, pela opinião dele em relação ao processo de impeachment, marcou que não confiava nele. Um homem, ao completar o questionário, marcou que confiava em comentaristas tanto de esquerda quanto de direita. “Posso não concordar com o que eles falam, mas confio na palavra deles”, explicou.

Outro aspecto relevante é a consideração que a maioria dos manifestantes tem pelo deputado federal Jair Bolsonaro. Um dos entrevistados afirmou com veemência que não confiava em nenhum veículo de comunicação, nenhum partido ou político, somente em Bolsonaro, em quem confiava muito. O deputado foi o que mais recebeu avaliações “confio muito” entre todos os entrevistados no Parcão.

Manifestantes pró-governo Dilma reúnem-se para acompanhar a votação do impeachment. Foto: Annie Castro (4º semestre)

O clima na Praça da Matriz

Pela manhã, a Praça da Matriz estava com ares de tensão, e o povo, mobilizado e desmontando a grande maioria dos acampamentos desde cedo. Havia muitas barracas com bandeiras da CUT, do MST e de movimentos estudantis. Um caminhão, localizado em frente ao Theatro São Pedro, era preparado para que atrações culturais tivessem início, atividade recorrente segundo as pessoas que estavam frequentando o acampamento. Alguns grupos temperavam coxinhas de galinha para serem assadas, em alusão aos manifestantes favoráveis ao processo de impedimento da presidente.

O ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra também participou da manifestação contra o impeachment da presidenta. Ele chegou no início da tarde e foi embora um pouco antes da votação, que se iniciou com duas horas de atraso. Olívio foi recebido com muito carinho. Admiradores o abordavam para tirar fotos. Olívio foi muito atencioso e conversou com cada um. Para o Editorial J, relatou, emocionado, como ele enxerga a situação atual do país, a corrupção e a proposta de impeachment. Além disso, o ex-governador do Estado é o político no qual os manifestantes contra o impeachment mais confiam, segundo enquete do Editorial J. Leia a reportagem completa aqui.

Opiniões diferentes, perfis semelhantes

Durante a cobertura do Editorial J, os repórteres aplicaram uma pesquisa de opinião entre os manifestantes. O levantamento detectou, nos atos a favor e contra o impeachment um perfil similar: homens e mulheres brancos, com média de idade de 37 e 39 anos, respectivamente (sendo a faixa etária dos 20 aos 29 anos a mais comum), universitários, de classe média. A diferença encontra-se na distribuição da renda: mais concentrada na classe C nos protestos contra o impeachment e mais distribuídas entre as classes B, C e D na pró-impeachment. Ainda assim, a diferença neste ponto não era gritante.

Veja a pesquisa completa.

Fotos: Camila Lara (3º semestre)
Fotos: Annie Castro (4º semestre)

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Editorial J Famecos

Laboratório convergente do curso de Jornalismo da Famecos/PUCRS